Quase metade dos proprietários americanos de carros eléctricos mostraram-se “muito” propensos a optar por um automóvel tradicional a gasolina na sua próxima compra.

 

De acordo com uma nova pesquisa, 46% dos proprietários de veículos elétricos (VE) nos EUA experimentaram arrependimento em relação à compra e desejam voltar a usar um veículo com motor de combustão interna.

De facto, o inquérito McKinsey Mobility Consumer Pulse de 2024 revelou uma quantidade surpreendente de proprietários de veículos eléctricos americanos que consideram alta a probabilidade de optar por um automóvel tradicional a gasolina, depois de se verem livres dos seus VE.

Philipp Kampshoff, director do McKinsey’s Center for Future Mobility, ficou perplexo com o número de americanos ansiosos por regressar aos veículos a gasolina.

“Não estava à espera disso”, disse Kampshoff à Automotive News. “Pensei: ‘Uma vez comprador de um VE, para sempre comprador de um VE'”.

Estava claramente equivocado, o ‘perito’ em mobilidade.

O inquérito da McKinsey recolheu opiniões de cerca de 37.000 consumidores em todo o mundo, tendo apenas a Austrália registado uma percentagem mais elevada de proprietários de automóveis eléctricos que afirmaram ser provável que optem por um automóvel a gasolina no futuro. Os inquiridores também entrevistaram consumidores no Brasil, China, França, Alemanha, Itália, Japão e Noruega. A percentagem média de pessoas que afirmaram ser provável que abandonassem a moda dos automóveis eléctricos em todos os países incluídos no inquérito foi de 29%.

Os custos elevados e a pouca familiaridade com os veículos eléctricos, juntamente com o cepticismo em relação à tecnologia, foram os maiores obstáculos à adopção das alternativas eléctricas. As pessoas com maior probabilidade de comprar carros eléctricos são tipicamente mais jovens, mais prósperas e urbanas. Infra-estruturas de carregamento insuficientes e custos totais de propriedade foram as razões mais citadas para regressar aos automóveis a gasolina.

“Não se enganem, os veículos eléctricos beneficiam de milhares de milhões em subsídios dos contribuintes e de uma cobertura quase perfeita por parte de uma imprensa bajuladora e, no entanto, continuam a ser um enorme fracasso”, disse Larry Behrens, director de comunicação da Power the Future. “É claro que a grande maioria dos americanos não quer comprar um e mesmo aqueles que subscreveram veículos eléctricos estão agora a expressar arrependimento”.

Apesar da resistência e do arrependimento, o governo Biden promoveu agressivamente os veículos como uma peça central dos planos da Casa Branca para reduzir as emissões. Em Abril, mais de duas dúzias de procuradores-gerais processaram o governo federal por causa do mandato de veículos eléctricos da Agência de Proteçcão Ambiental (EPA). A EPA havia anunciado um mês antes que os fabricantes de automóveis deveriam reduzir as “emissões médias de carbono de toda a frota” e em 56% nos próximos oito anos. Os regulamentos exigiriam que a indústria produzisse e vendesse mais veículos eléctricos do que aqueles que são procurados pelo mercado.

De acordo com uma sondagem da Ipsos realizada no Outono passado com o Yahoo Finance, 57% de mais de 1.000 americanos inquiridos afirmaram que, à partida, não era provável que comprassem um carro eléctrico. Outros 11% disseram não ter a certeza.

“A administração Biden está disposta a sacrificar a indústria automobilística americana e seus trabalhadores ao serviço de sua agenda verde radical”, disse o procurador-geral do Kentucky, Russell Coleman. “Nós simplesmente não estamos a acreditar na narrativa. A procura por VEs continua a cair, e mesmo aqueles que querem comprar um não o podem pagar por causa da inflação.”

Os generosos subsídios da administração Biden beneficiaram os fornecedores chineses e o seu monopólio das cadeias de abastecimento de minerais. Um relatório de 2022 do Instituto Brookings alertou que o domínio da China em minerais essenciais está a colocar em risco as economias ocidentais cada vez mais dependentes do exterior para sustentar o desenvolvimento de tecnologias modernas, como veículos elétricos.

A China detém 78% da capacidade mundial de fabricação de células para baterias de veículos eléctricos.

O arrependimento dos consumidores americanos também se pode dever aos problemas de fiabilidade dos veículos eléctricos: Dois estudos publicados em 2022 comprovam que estes electrodomésticos a quatro rodas têm mais problemas de qualidade do que os automóveis movidos a combustíveis fósseis e que nem por isso são benéficos para o meio ambiente.

O Presidente da Toyota Motor Corporation, o maior fabricante de automóveis do mundo, afirmou recentemente que as pessoas estão finalmente a “observar a realidade” de que os veículos eléctricos (VE) não são a chave para neutralizar as emissões de carbono, independentemente dessa ambição ser ou não digna de prossecução.

Um estudo recente alertou também para o facto de os peões terem duas vezes mais probabilidades de serem atropelados por veículos eléctricos do que por veículos tradicionais a gasolina ou a gasóleo. O risco é três vezes maior em zonas urbanas.

E convenhamos: se os veículos eléctricos fossem realmente inovadores, eficientes e competitivos, os consumidores não teriam que ser financiados para os comprar e as empresas não teriam de ser subornadas para os produzir.