A Rússia noticiou no domingo a ocorrência de um grande número de baixas civis na cidade portuária de Sebastopol, na Crimeia, e afirma que um míssil de longo alcance dos EUA esteve na origem do sucedido.

 

O Ministério da Saúde russo, numa actualização recente, afirmou que cinco pessoas foram mortas numa série de ataques da Ucrânia, que feriram 124 pessoas, incluindo 27 crianças. Entre os mortos, dois eram crianças, segundo o ministério. É provável que o número de vítimas aumente nas próximas horas, já que alguns feridos se encontravam em estado crítico.

Moscovo considera que se tratou de um “ataque terrorista com mísseis” contra Sebastopol, com cinco projécteis tácticos ATACMS fornecidos pelos Estados Unidos, realizado pouco depois do meio-dia, hora local. Além disso, a Rússia afirma que os mísseis estavam equipados com ogivas de fragmentação, que ampliam a área de impacto.

 

Equipa de emergência presta primeiros socorros a uma das vítimas da praia de Sebastopol

 

As autoridades da Crimeia afirmaram que, num caso, um míssil explodiu por cima de uma praia apinhada de gente, lançando estilhaços sobre as pessoas que ali se encontravam.

Uma declaração separada do Ministério da Defesa russo (MoD) acusou directamente Washington.

“As missões de voo dos mísseis ATACMS são programadas por especialistas americanos com base no reconhecimento por satélite dos EUA, o que torna Washington o principal responsável pelo ataque deliberado de mísseis contra os civis de Sebastopol”.

Esta afirmação é factual. Os mísseis ATACMS têm que ser operados por pessoal especializado de que a Ucrânia não dispõe, já que entre a decisão de fornecimento destas armas pelo regime Biden e a sua utilização não houve tempo para a formação. Além disso, o sistema necessita de navegação por satélite e só os satélites americanos é que estão equipados para essa tarefa.

Vários vídeos que circularam amplamente nas redes sociais mostram o momento em que um projéctil explodiu sobre os banhistas em Sebastopol.

 

 

O comunicado do MoD acrescentou:

“Por conseguinte, a responsabilidade pelo ataque deliberado com mísseis contra os civis de Sebastopol cabe principalmente a Washington, que forneceu esta arma à Ucrânia, bem como ao regime de Kiev, a partir de cujo território foi lançado o ataque.”

O comunicado explica que, apesar de as defesas antiaéreas terem conseguido abater quatro dos cinco mísseis, um deles mudou de trajectória devido às tentativas de intercepção, o que fez com que “a sua ogiva explodisse no ar sobre a cidade”.

O comunicado sublinha ainda que se trata de

“um ataque terrorista contra as infra-estruturas civis de Sebastopol com mísseis tácticos ATACMS fornecidos pelos EUA e carregados com ogivas de fragmentação”.

Um vídeo local do rescaldo mostra uma praia praticamente deserta, com destroços e manchas de sangue na areia.

 

 

Os militares russos avisaram que “tais acções não ficarão sem resposta”. A administração Biden tem afirmado que as armas fornecidas pelos EUA transferidas para a Ucrânia só podem ser utilizadas para atacar alvos militares e são “defensivas” – mesmo no caso de ataques a áreas transfronteiriças.

Em resposta a este ataque, é muito provável que a Rússia esteja a preparar-se para atingir bases que alberguem equipamento militar estrangeiro e armazéns de armas. A ocorrência representa uma escalada importante no contexto da guerra na Ucrânia (mais uma) e é provável que o próprio Presidente Putin comente o sucedido nos próximos dias.

Para fechar esta notícia, há que fazer uma pergunta: O que aconteceria se um míssil de fabrico russo ferisse mais de 100 pessoas e matasse crianças numa praia de Los Angeles?

Uma coisa é certa: Vladimir Putin tem mostrado notável contenção. Basta constatar que a I Guerra Mundial começou por razões muito menos gravosas do que aquelas que constantemente são dadas à Rússia para retaliar directamente contra os países da NATO.