As forças militares russas estão a manobrar para capturar Kharkov, a segunda maior cidade da Ucrânia.

No início deste mês, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que o seu governo estava “a fazer tudo o que podia” para impedir que os russos capturassem a cidade, mas as perspectivas sobre o sucesso dessa missão são cada vez mais sombrias.

Kharkov é um dos mais importantes centros administrativos, económicos e culturais da Ucrânia, somando um milhão e meio de habitantes, por isso tem um grande significado simbólico. Porém, sem mais interferência ocidental na guerra, é improvável que a Ucrânia consiga deter as forças russas, caso estas avancem sobre a cidade.

Jacob Parakilas, líder de investigação para Estratégia, Política e Capacidades de Defesa da RAND Europe, observou:

“Um ataque bem sucedido a Kharkov seria um grande empreendimento para a Rússia, mas não está fora de questão. A cidade fica a menos de 32 quilómetros da fronteira russa, e um ataque lento e opressor poderia fazer com que as forças russas assumissem o controle da cidade dentro de meses”. 

Em contraponto, o coronel Andriy Zadubinnyi, assessor de imprensa do exército ucraniano, afirmou:

“No caso de uma ofensiva, serão as forças de defesa ucranianas capazes de defender Kharkov sem assistência militar dos EUA? Sim, somos capazes! Mas isso custará dezenas de milhares de vidas de soldados ucranianos”.

A realidade é que a Ucrânia provavelmente seria incapaz de defender com sucesso Kharkov de uma ofensiva russa. Até porque, como sublinha Parakilas:

“Os militares russos podem suportar mais perdas durante mais tempo do que os ucranianos”.

Apesar dos seus apelos contínuos, mais que é improvável que a Ucrânia consiga deter o avanço russo, mesmo com uma injecção de milhares de milhões de dólares americanos nos seus cofres. O senador norte-americano J.D. Vance observou recentemente que a “matemática” aplicada à situação da Ucrânia “não bate certo”, com o país a precisar de mais equipamento dos EUA do que os EUA podem produzir e de mais soldados do que podem mobilizar.

O ex-secretário da Marinha norte-americana, Kenneth Braithwaite, afirmou a este propósito na semana passada:

“A Ucrânia poderia ser rapidamente dominada pela Rússia dentro de semanas”.

Alex Christoforou e Alexander Mercouris conversam precisamente sobre a eventual queda de Kharkov e a situação na frente ucraniana.