O general de brigada Mohammad Reza Zahedi, do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC) do Irão, foi morto num ataque aéreo israelita em Damasco, na Síria.

O ataque de segunda-feira destruiu um edifício adjacente à embaixada iraniana em Damasco, matando pelo menos seis pessoas. Os meios de comunicação social iranianos identificaram o edifício como sendo o consulado iraniano e a residência do embaixador. A agência noticiosa iraniana Tasnim identificou Zahedi, um comandante de topo da Força Quds do IRGC, como estando entre os mortos. O seu adjunto terá sido igualmente morto.

De acordo com um correspondente da Reuters em Damasco, o consulado foi “arrasado”, no que foi descrito como “uma escalada aparente e surpreendente do conflito no Médio Oriente que colocaria Israel contra o Irão e os seus aliados”.

 


 

Israel não comentou o ataque. O regime de Netanyahu raramente reconhece os seus ataques aéreos contra a Síria, que Damasco tem denunciado repetidamente como violações da sua soberania.

O ataque ao consulado é “uma violação de todas as convenções internacionais”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, num telefonema ao seu homólogo sírio, segundo a imprensa iraniana. Acrescentou ainda que Teerão responsabilizará Israel. O embaixador do Irão na Síria disse que a resposta será “dura”, segundo a Reuters.

É de facto verdade que mesmo países em guerra aberta não costumam atacar embaixadas e consulados. E esta iniciativa israelita pode ser considerada, sem nenhum esforço retórico, um acto de guerra contra o Irão.

A Força Quds é o braço de inteligência militar e de operações não convencionais do IRGC. Zahedi terá sido o responsável pelas suas operações na Síria e no Líbano. O seu comandante mais famoso, o general Qassem Soleimani, foi assassinado em Janeiro de 2020 por um drone dos EUA, quando visitava Bagdade, no Iraque.

Outro comandante da Força Quds, o general Razi Mousavi, foi morto em Damasco em Dezembro passado, também por um ataque aéreo israelita que não foi oficialmente reconhecido.

As forças israelitas estão a atacar alvos fora da Faixa de Gaza com frequência, esticando a corda da guerra com o Irão, o Líbano e a Síria até ao limite do sustentável. Em Janeiro deste ano, o vice-presidente do Hamas, Saleh al-Arouri, foi morto num ataque de drones israelitas nos subúrbios de Dahiyeh, no sul de Beirute, um reduto do grupo militante libanês Hezbollah, que é financiado pelo Irão.

E apesar desta acção, à primeira vista, parecer prejudicial à imagem de Israel, que já está em queda livre junto da comunidade internacional, a verdade é que pode ter por trás a intenção de provocar uma reacção do Irão, que por sua vez poderá arrastar os Estados Unidos para mais um guerra no Médio Oriente.

A verdade é que os israelitas não estão a conseguir grandes ganhos no confronto directo com o Hamas, e o que pode parecer um erro táctico, será apenas um vector de uma estratégia mais ampla de levar os americanos a travar a batalha que as forças de Netanyahu não conseguem vencer.