As disposições contidas na lei de financiamento suplementar da Ucrânia tornariam quase impossível a um futuro presidente procurar uma solução pacífica para o conflito do Mar Negro sem enfrentar um processo de destituição por parte do Congresso. O senador norte-americano J.D. Vance está a dar o alarme relativamente ao texto legislativo e às suas implicações para uma futura presidência de Trump, caso este procure a paz entre a Ucrânia e a Rússia.

 

 

Num memorando aos membros republicanos do Congresso (PDF), Vance alerta para um gatilho de impeachment enterrado no projecto-lei, que usa as mesmas disposições obscuras que os democratas citaram durante a tentativa de destituição do Presidente Trump em 2019.

Como observa Vance, contido no texto legislativo de financiamento suplementar, estão dotações totalizando 1.6 mil milhões de dólares para financiamento militar a nações estrangeiras e 13.7 mil milhões de dólares para a Iniciativa de Assistência à Segurança da Ucrânia – ambos orçamentados para 2025. Isto prolongaria o financiamento até ao primeiro mandato de uma eventual segunda administração Trump, impedindo-a de suspender esses fundos para permitir que um processo de paz avance, sob pena de desencadear um cenário de impeachment ao inquilino da Casa Branca semelhante ao que Trump enfrentou em 2019.

Nessa altura, o Presidente republicano foi acusado pelos democratas do Congresso de “abuso de poder” e “obstrução ao Congresso” por reter a ajuda que havia sido destinada à Ucrânia. Os democratas argumentaram que o ex-Presidente Trump violou as opiniões de “peritos” – e a Lei de Controlo de Embargos – para pressionar a liderança política da Ucrânia a divulgar informações sobre as relações que mantinha com Joe Biden quando este era vice-presidente. Embora os democratas tenham conseguido destituir Trump na Câmara, o Senado recusou-se a condená-lo.

Se o antigo Presidente Trump regressar à Casa Branca e, como já prometeu, procurar pôr fim ao conflito na Europa de Leste, o custo da paz pode muito bem ser outra tentativa dos Democratas do Congresso para o destituir.

O senador Vance argumenta no seu memorando que:

“O suplemento representa uma tentativa da política externa do ‘estado profundo’ de impedir o Presidente Trump de prosseguir a política que deseja e, se o fizer de qualquer forma, de fornecer motivos para o destituir e minar a sua administração. Todos os republicanos devem opor-se à sua aprovação”.

Considerando porém a quantidade de traidores que infestam o corpo legislativo republicano nas duas câmaras do Capitólio, tudo é possível. Mesmo uma vilania corruptora dos mais elementares princípios democráticos como esta.

Tucker Carlson, que depois da entrevista a Putin se dirigiu para o Dubai onde aceitou, estranhamente, o convite para ser um dos oradores do World Government Summit, falou com J.D. Vance sobre o assunto.