A União Europeia (UE) elaborou um plano para sabotar a economia húngara caso o primeiro-ministro Viktor Orbán vete um pacote de ajuda à Ucrânia no valor de dezenas de milhares de milhões de euros.

A Comissão Europeia está assim preparada para castigar um estado membro, interferindo claramente na sua soberania, de forma a beneficiar um estado não membro. A língua portuguesa não tem léxico para retratar convenientemente esta vilania.

O plano foi revelado num documento redigido por burocratas da UE ao qual o Financial Times teve acesso. O documento sugere que, no caso de não haver acordo na cimeira da UE de 1 de Fevereiro, os chefes de Estado devem declarar publicamente que, “à luz do comportamento pouco construtivo do primeiro-ministro húngaro”, a Hungria será privada da sua parte legítima de financiamento da UE.

O memorando prevê que “os mercados financeiros e as empresas europeias e internacionais poderão ficar menos interessados [em investir] na Hungria”, após esta acção punitiva, o que “poderia rapidamente desencadear um novo aumento do custo de financiamento do défice público e uma queda da moeda” (a Hungria não faz parte da Zona Euro).

Um consultor europeu disse ao FT:

“Isto é a Europa a dizer a Viktor Orbán ‘já chega; está na altura de entrar na linha'”.

Mas se quisermos ser mais rigorosos, este tipo de atitude despótica sobre um estado soberano é de inspiração soviética. Uma versão actualizada da Doutrina Brejnev. Não é aliás por acaso que Viktor Orbán tem afirmado que os métodos de Bruxelas se assemelham aos do Soviete Supremo, no tempo em que a Hungria vivia sob o jugo comunista.

O ministro de Orban para os Assuntos Europeus, Bóka János, avisou na segunda-feira que

“a Hungria não cede à chantagem!”

Na terça-feira, Orbán fez comentários semelhantes no X, escrevendo:

“Fizemos uma proposta de compromisso. Em troca, fomos chantageados por Bruxelas. O manual de chantagem de Bruxelas foi publicado no Financial Times no início desta semana. O gato está fora do saco. Esqueçam o Estado de direito, a Hungria é chantageada por ter uma opinião própria sobre a migração, a guerra na Ucrânia e a propaganda de género. Defenderemos os nossos interesses.”

 

 

Mas, como Alexander Mercoulis e Alex Christoforou muito bem explicam no vídeo em baixo, a intenção de von der Leyen e dos seus caciques é a de provocar uma mudança de regime na Hungria, através do empobrecimento drástico do país e da paralisação da sua economia.

Caberá porém aos húngaros decidirem se preferem viver livres e em paz, mesmo que encarando dificuldades económicas, para as quais poderão encontrar soluções a médio prazo, ou dependentes das esmolas de Bruxelas, que se pagam caro em livre arbítrio, identidade e dignidade. E esse saldo negativo não tem solução possível.