Dezassete membros da equipa de campanha de Joe Biden para Presidente estão em revolta aberta contra o seu próprio candidato, exigindo que o titular do cargo mude a política externa do governo dos EUA em relação a Israel e a Gaza como um “imperativo moral e eleitoral”.

Na quarta-feira, os funcionários publicaram uma espécie de manifesto anónimo no Substack, onde lemos:

“A resposta da sua administração aos bombardeamentos indiscriminados de Israel em Gaza tem sido fundamentalmente contrária aos nossos valores – e acreditamos que isso pode custar-lhe as eleições de 2024.”

A petição inclui cinco exigências, entre as quais a libertação dos prisioneiros palestinianos detidos pelo Estado judaico.

– Apelar publicamente a um cessar-fogo imediato e permanente e utilizar a influência financeira e diplomática para o conseguir;
– Defender o desanuviamento na região, incluindo a exigência de que o Hamas liberte todos os reféns e de que Israel liberte os mais de 2.000 palestinianos detidos sem acusação;
– Pôr termo à ajuda militar incondicional a Israel;
– Investigar se as acções de Israel em Gaza violam a Lei Leahy, que interdita os EUA de financiar unidades militares estrangeiras implicadas na prática de violações graves dos direitos humanos;
– Tomar medidas concretas para acabar com as condições de apartheid, ocupação e limpeza étnica que são as causas profundas deste conflito.

O texto critica eticamente a actual posição da Casa Branca, na medida em que qualifica um mudança da sua política para o Médio Oriente como um “imperativo moral”.

“Como membros da sua equipa, acreditamos que é um imperativo moral e eleitoral apelar publicamente à cessação da violência.”

O texto conclui que a tendência pro-israelita do regime Biden vai contra os valores da esquerda americana, e coloca em risco a reeleição do candidato democrata, mesmo que este constitua a única solução para contrariar a candidatura de Trump.

“A equipa de Biden para Presidente viu voluntários desistirem em massa e pessoas que votaram azul durante décadas sentirem-se, pela primeira vez, reticentes em fazê-lo, devido a este conflito. Não é suficiente ser apenas a alternativa a Donald Trump”.

A esquerda americana a devorar-se a si própria: definição de boas notícias.