Erik Prince, ex-fuzileiro naval dos EUA (Seal), prevê que a China possa “tomar Taiwan na Primavera de 2024”. A sua profecia surge na sequência da declaração do presidente chinês Xi Jinping de que tenciona unificar Taiwan com a China continental. Prince prevê uma potencial tomada em Maio ou Junho de 2024, devido a condições climatéricas favoráveis durante esses meses.

“A janela temporal, caso eles queiram utilizar a força em Taiwan, abre por volta de Maio ou Junho, porque durante a maioria dos meses do ano a região é muito ventosa. Se vão tomar Taiwan à força, eu diria que vão fazer alguma coisa nesta Primavera”.

Prince também ofereceu a sua perspectiva sobre o estado da NATO, que esgotou grande parte dos seus recursos para equipar a Ucrânia desde 2022, afirmando que o ex-presidente Donald Trump estava “absolutamente certo” ao criticar seus membros europeus por negligenciarem a defesa e confiarem na América para fazer todo o trabalho pesado.

“O Presidente Trump tinha razão quando se queixou de que a NATO não pagava a sua parte. Penso que apenas cinco ou seis dos 28 países membros da NATO ainda pagam 2% do seu PIB para a defesa. Uma enorme quantidade de material de defesa foi transferida desses países da NATO para a Ucrânia e foi consumida no campo de batalha. Ainda não foram substituídos e, por isso, a Europa tem de ser alertada para aumentar a sua base industrial”.

Quem, no seu perfeito juízo, pode por em causa este raciocínio?

 

Xi ameaça esmagar a independência de Taiwan “por todos os meios” enquanto a ilha se prepara para as eleições de Janeiro.

O ditador comunista chinês Xi Jinping corrobora a fatalista previsão do veterano fuzileiro, e ameaçou impedir a independência de Taiwan “por todos os meios”, numa altura em que a nação insular se prepara para as eleições de 13 de Janeiro, insistindo que o Partido Comunista Chinês (PCC) irá “resolver” a “questão de Taiwan” nos próximos tempos.

Taiwan é o último território remanescente reclamado pela China que se recusou a ser incorporado na República Popular após a Guerra Civil que levou os comunistas ao poder no Império do Meio. Oito décadas depois, Taiwan parece cada vez mais empenhado em manter a sua insular independência – uma questão considerada inaceitável pelo Partido Comunista Chinês.

Chen Binhua, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan da República Popular da China, avisou na quarta-feira que, se o Partido Democrático Progressista (DPP), no poder em Taiwan, “continuar a aderir obstinadamente à sua posição de independência, teremos que dar suporte aos nossos departamentos competentes na adopção de medidas adicionais em conformidade com os regulamentos”.

Em mandarim comunista isto quer dizer: guerra.

Para além dos seus comentários acima mencionados, Xi também disse que “a reunificação completa da China é uma tendência inevitável”, afirmando que é “o que o povo deseja”.

Qual povo? O “povo” do Comité Central do Partido Comunista Chinês. Quanto ao povo de Taiwan, terá a palavra nas eleições que se avizinham.

A maioria dos Estados ocidentais tem tentado apaziguar a voracidade do regime Jinping, reconhecendo casualmente a soberania chinesa sobre Taiwan – e a sua política “Uma só China” – como preço para fazer negócios com Pequim. Informalmente, porém, a maioria dos Estados ocidentais mantém relações fortes com o governo de Taiwan, com Washington a oferecer a Taipé certas garantias de segurança através da Lei das Relações com Taiwan.

Não por qualquer tipo de altruísmo, ou decência moral, claro. Acontece apenas que Taiwan é o maior fabricante do mundo de microprocessadores. De que Silicon Valley depende como qualquer predador precisa de oxígénio.

 

A posição do Contra.

Não vá a previsão de Erik Prince mostrar-se correcta, fica aqui manifesta desde já a posição do ContraCultura sobre a questão de Taiwan.

95% dos habitantes desta ilha são de etnia Han, portanto, chineses dos sete costados. A língua oficial do Estado de Taiwan é o mandarim. Se excluirmos as razões de ordem industrial e económica já enunciados, não há nenhuma razão para que Taiwan não faça parte da China, mesmo considerando a natural antipatia que qualquer ocidental com um mínimo de sentido ético e orgulho na sua tradição constitucional possa nutrir pelo regime vigente na segunda potência mundial. Mas se Macau e Hong Kong lhes foi entregue ao desbarato, qualquer iniciativa que leve a uma guerra com a China por causa deste território insular será de sensatez nenhuma e, para além de tudo o mais, condenada ao fracasso, dada a proximidade geográfica e cultural entre os dois territórios e a desproporcionalidade dos recursos que podem ser envolvidos no conflito entre o Estado de Taiwan e o a República Popular da China. O máximo que pode acontecer é perdermos todos uma guerra que pode ser a última na história da humanidade.

E convenhamos: por muita simpatia que possamos ter pela autodeterminação dos 23 milhões de renegados que vivem em Taiwan, não vale a pena sacrificar a toda acespécie humana porque os engenheiros da ilha são espertos de chips.