Os dois vídeos que se seguem falam, com aflitiva e lapidar eloquência, pela fragilidade do Ocidente. Pelo declínio absurdo em que mergulhámos. E fazem pensar sobre a insanidade dos líderes que temos. E da sua irresponsabilidade também, porque não só promovem a decadência das instituições militares como depois fazem pose de generais invencíveis, desafiando potências como se tivessem reunido condições para as derrotar com facilidade. A julgar por estes objectos exemplares, é muito pelo contrário.
Os dois filmes, que datam imediatamente antes da guerra na Ucrânia, fazem parte das campanhas de recrutamento para o exército russo e americano. São de tal forma a antítese um do outro que até custa a crer que objectivam a mesma missão.
Este é um filme de recrutamento para o exército russo:
É possível activar o auto-translate nas opções, para que se perceba o que diz a voz off, mas a ideia é a da redenção através do serviço militar: não importa a pessoa que foste até aqui. Importa o soldado que vais ser a partir de agora. Ultrapassa os teus limites físicos e morais. Tu és o inimigo de ti mesmo. Vence-o. Sem inimigos não há glória. Alcança-a. O filme valoriza a masculinidade, a virtude que provém de um desafio difícil e transcendente, o patriotismo. A narrativa progride num crescendo de intensidade e a cinematografia acompanha o espírito da mensagem: parcimónia cromática, planos rápidos e agressivos, foco no rosto do protagonista, que é um tipo atraente, duro e robusto, de linhas fisionómicas bem marcadas.
Aqui entre nós: não está nada mal, pois não?
Muito bem. Agora vamos ao filme de recrutamento do exército americano:
Bom Deus. A ideia aqui é vender o serviço militar como destino óptimo para um extremista ideológico woke, delicada criatura que foi criada por duas lésbicas e está de tal forma desorientada na vida que não tem outro remédio a não ser alistar-se para operar uma plataforma de lançamento de mísseis. A escolha de carreira não pode ser mais sinistra e ajusta-se completamente a um cobarde. O narrador em off é uma criança (!) e a narrativa não pode ser mais lamechas e insidiosa. Não há heroísmo nem redenção nem virtude nem transcendência nem patriotismo. Não há valores para além da descarada propaganda LGBT. Não há mensagem para além da afirmação Black Lives Matter.
Ainda por cima, o objecto propagandista é construído com recurso a um estilo de animação cuja linguagem plástica podia muito bem ser adequada a um remake da Branca de Neve, se esta entretanto já não tivesse sido cancelada pelo fascismo woke. No correr do filme, o bom senso grita por dentro do cérebro: “Poça, isto não faz mesmo sentido nenhum.”
Portanto, em caso de uma guerra e considerando que os americanos têm sido o factor decisivo nas vitórias da civilização ocidental nos últimos cem anos, estamos completamente entregues à bicharada.
A não ser que, como tudo indica, o novo guardião dos valores ocidentais seja a Rússia. Nesse caso, podemos ficar mais aliviados.
E sim, sim, os deuses da guerra devem estar loucos.
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