No mónologo de Terça-Feira passada, Tucker Carlson resumiu o caso da procuradoria de Manhattan contra Donald Trump assim:

“O que temos é uma acusação que não alega violações específicas da lei. trata-se da interferência eleitoral mais ousada jamais tentada na história deste país”.

O anfitrião da Fox News destacou uma circunstância que o ContraCultura já sublinhou anteriormente:

“Se pensar que [a acusação] talvez seja justa, então sugerimos que leia cuidadosamente a indiciação que foi revelada hoje. Donald Trump, como já deve ter ouvido dizer, foi acusado de 34 crimes distintos. Esses crimes, ao serem examinados de perto, são o mesmo crime repetido 34 vezes, e esse crime é o de falsificar registos comerciais em primeiro grau. O procurador de Manhattan alega que Donald Trump enviou o seu próprio dinheiro a várias pessoas por várias razões inteiramente legais, mas não o contabilizou correctamente. É disso que ele é acusado. E mesmo que aquilo que Alvin Bragg acusa Trump de fazer, tenha realmente sido feito, Trump não poderia ser acusado disso porque o prazo para mover a acção judicial expirou”.

Carlson acrescentou que “Bragg arrastou Trump para o tribunal ao afirmar que o ex-presidente falsificou registos comerciais como meio de violar alguma outra lei muito mais séria. Mas que violação foi essa? Não se percebe.

“Qual é o crime mais grave? Bem, não fazemos ideia, porque Bragg não nos disse. Nenhum desses crimes mais graves está listado na acusação. E esta é realmente a questão crucial. Donald Trump não foi acusado de outro crime mais grave. Portanto, o que temos a partir de agora é uma acusação que não alega violações específicas da lei. Isso é, claro, inconstitucional, mas é também uma farsa”.

 


 

De facto, toda a gente com um neurónio funcional já percebeu que se trata apenas de uma manobra política, destinada a dificultar a campanha das primárias ao candidato favorito de entre os republicanos e a colar a sua imagem à de um criminoso comum. Os democratas, que não têm qualquer problema em bajular criminosos condenados e nunca ilibados como Lula da Silva, vão carregar na tecla desta acusação mesmo que Trump seja ilibado. E dificilmente não o será, mesmo considerando que o juiz destacado para este caso contribuiu financeiramente para a campanha presidencial de Joe Biden e que a sua filha trabalhou na campanha das primárias de Kamala Harris.

Se for condenado, Trump está sujeito a uma pena que pode chegar a 136 anos de prisão. 136 anos de prisão por ter alocado 130.000 dólares como “custos jurídicos”. É espantoso. Nesta linha de raciocínio, quantos anos de prisão merece o representante Democrata Eric Swalwell, que manteve uma relação romântica com uma conhecida espia chinesa enquanto era membro do Comité de Inteligência da Câmara dos Representantes? E quantos milhares de anos de cárcere seriam atribuídos a Hunter Biden por corrupção agravada, comércio de documentos classificados, prestação de falsos testemunhos em documentos federais, e etc.?

Entretanto, e apesar de ter sido advertido pelo juíz na audiência preliminar de terça-feira a manter um tom moderado nas suas intervenções públicas e nas suas mensagens de rede social (advertência que, dada a sua condição de candidato às primárias pode ser considerada inconstitucional), Trump acusou Alvin Bragg do crime de fuga de informação:

“O criminoso é o promotor público porque divulgou ilegalmente enormes quantidades de informação do grande júri, pelo que deveria ser processado, ou, no mínimo, deveria demitir-se”.

 

 

A cereja em cima do bolo da pouca vergonha vem pela mão, claro, de Joe Biden, que quando perguntado se não acha que a acusação ao seu antecessor é politicamente fracturante, deixou-se ficar para ali sentado a rir, ilustrando claramente que a intenção é precisamente essa.

 


 

Mas na verdade é Donald Trump que, apesar de tudo, até tem mais razões para sorrir, nesta altura do campeonato. Desde que teve início a actividade circense do procurador de Manhattan as sondagens apontam para uma vantagem de 7 pontos sobre Biden (um ganho de 10 pontos numa questão de semanas) e um alargar da margem sobre o seu rival das primárias Ron DeSantis, que agora é de cerca de trinta pontos percentuais.