Um dos factores que perfaz o quadro extremamente alarmante a que assistimos nos dias que correm é a ligeireza com que os líderes mundiais e os burocratas regimentais das super-potências emitem ameaças de retaliação com armas nucleares.

Numa reunião que decorreu terça-feira com diplomatas sul-coreanos e japoneses, antes de uma série de conversações que estão agora a ter lugar, a Secretária de Estado Adjunta dos EUA, Wendy Sherman, confirmou o empenho americano na defesa de Seul e de Tóquio, qualificando-o como “férreo” e acrescentando que a administração americana está pronta a proteger os seus aliados asiáticos, pelo recurso a armas nucleares se estes forem atacados, explicitando que os EUA iriam nessa circunstância espoletar imediatamente a sua “defesa nuclear, convencional e de mísseis”.

“A administração utilizará toda a gama de capacidades de defesa dos EUA para defender os nossos aliados, incluindo capacidades nucleares, convencionais e de defesa antimísseis”, disse Wendy Sherman.

 

 

A região está actualmente a viver um ambiente volátil, depois de, no início desta semana, a Coreia do Sul ter anunciado que os seus serviços secretos concluíram que Pyongyang terminou os preparativos para aquele que será o seu primeiro teste nuclear nos últimos cinco anos. Estes avisos de um iminente teste nuclear norte-coreano têm vindo a ganhar intensidade desde o início de Agosto, com o apoio dos EUA à avaliação que Seul faz da situação.

Sherman, nos seus comentários, condenou a recente série de lançamentos de mísseis balísticos pela Coreia do Norte, qualificando o número recorde de testes ao longo do ano de “profundamente irresponsável, perigoso e desestabilizador”.

Num dos mais provocadores dos seus últimos testes balísticos, a Coreia do Norte disparou um míssil que atravessou o território do Japão. Os oficiais asiáticos reunidos com Sherman em Tóquio acusam Pyongyang de estar a criar graves tensões na Península Coreana.

Na segunda-feira, os navios patrulha das coreias do norte e do sul trocaram tiros de aviso ao longo da fronteira marítima partilhada, confirmando que a situação chegou a um ponto crítico. A Coreia do Norte protestou entretanto a intensificação da presença da marinha americana nas águas ao largo da península, enquanto participavam em exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul.

É verdade absoluta que o regime Norte coreano representa um perigo claro e constante para a estabilidade geo-política ds região, mas neste contexto difícil e delicado, as declarações de Wendy Sherman não primam pela diplomacia. Ao contrário, parecem destinadas a inflamar ainda mais os ânimos.