Ao contrário do que é aceite como verdadeiro, os veículos elétricos têm mais problemas de qualidade do que os movidos a combustíveis fósseis, e nem por isso são benéficos para o meio ambiente.

Há cada vez mais pessoas que acreditam que os veículos elétricos são de superior qualidade em relação aos automóveis de combustão interna e que, por não produzirem emissões, são grandes amigos do ambiente e contribuem para “salvar o planeta”.

Mas dois estudos recentes, entre muito outros já publicados, demonstram que os carros movidos a bateria eléctrica têm mais problemas de qualidade do que os propulsionados por combustão interna e não são melhores para o meio ambiente.

O mais recente estudo da J.D. Power, empresa que realiza há 36 anos um estudo anual sobre a qualidade dos automóveis saídos de fábrica nos EUA, com base no feedback dos proprietários, descobriu que os veículos elétricos a bateria e os veículos híbridos plug-in têm mais problemas de qualidade do que aqueles que queimam combustíveis fósseis.

De acordo com a J.D. Power, os proprietários de veículos elétricos ou híbridos acusam mais problemas do que os donos de veículos movidos a gasolina. Estes últimos produzem em média 175 problemas por cada 100 unidades fabricadas (PP100), os híbridos 239 PP100 e os carros movidos a bateria – excluindo os modelos Tesla – 240 PP100. Os modelos Tesla geram em média 226 PP100. Dado que o custo médio de um carro elétrico na América é de aproximadamente 60.000 dólares, cerca de 20.000 a mais do que o custo médio de um carro movido a gasolina, parece que há muita gente que está a pagar mais por um produto industrial de pior qualidade.

 

Battery-electric vehicles (BEVs) and plug-in hybrid vehicles (PHEVs) more problematic: Owners of BEVs and PHEVs cite more problems with their vehicles than do owners of vehicles with internal combustion engines (ICE). ICE vehicles average 175 PP100, PHEVs average 239 PP100 and BEVs—excluding Tesla models—average 240 PP100. (Tesla models average 226 PP100 and are shown separate from the BEV average because the predominance of Tesla vehicles could obscure the performance of the legacy automakers that have recently introduced BEVs.)

 

Há, claro, quem responsabilize as interrupções na cadeia de abastecimento causadas pela pandemia como o principal motivo dos problemas de qualidade no mercado dos eléctricos. Os fabricantes têm procurado soluções alternativas para os novos modelos. Mas a mesma interrupção na cadeia de distribuição global afectou também o fabrico de automóveis de combustão interna. E as três marcas americanas mais bem classificadas, medidas pela qualidade inicial geral, são todas construtoras de veículos movidos a gasolina ou gasóleo: Buick (139 PP100), Dodge (143 PP100) e Chevrolet (147 PP100).

Alguns apontaram a engenharia como o principal factor contribuinte para os problemas de qualidade dos veículos eléctricos. De acordo com David Amodeo, diretor global de automóveis da J.D. Power, os construtores encaram estes modelos como “o segmento que projectará a indústria para a era dos carros inteligentes”, pelo que os equipam com tecnologias de primeira geração, por regra mais falíveis, até porque o incremento da complexidade técnica aumenta a probabilidade de avarias e disfunções. Não surpreendentemente, os proprietários de veículos elétricos relataram mais problemas nos sistemas digitais do seus veículos do que os proprietários de veículos movidos a combustíveis fósseis. Amodeo reconheceu que “há muito espaço para melhorias” na indústria dos automóveis propulsionados a electricidade.

 

Os veículos elétricos são piores para o meio ambiente.

Além dos seus problemas de qualidade, um novo estudo publicado pelo National Bureau of Economic Research descobriu que os veículos elétricos são piores para o meio ambiente do que os movidos a gasolina e gasóleo. Ao quantificar os impactos indirectos (gases de efeito estufa e poluição do ar local) gerados pela condução desses veículos, os subsídios governamentais que incentivam a  sua aquisição e os impostos sobre milhas elétricas e/ou a gasolina, os auditores descobriram que:

“Os veículos elétricos geram um benefício ambiental negativo de cerca de -0,5 cêntimos por milha em relação a veículos de combustão interna comparáveis (-1,5 cêntimos por milha para veículos conduzidos fora das áreas metropolitanas).”

Os auditores alertaram ainda para o facto de, apesar de serem tratados pelos reguladores como “veículos de emissão zero”, os carros elétricos não são livres de emissões. Carregar um eléctrico aumenta a procura de eletricidade. Os recursos renováveis fornecem apenas 20% das necessidades de eletricidade dos Estados Unidos (na Europa estes percentuais são idênticos). Os 80% restantes foram gerados por combustíveis fósseis, como carvão e o gás natural, apesar de biliões de dólares em subsídios “verdes”.

Segundo a The American Economic Review:

“A comparação entre um veículo a gasolina e um elétrico é realmente uma comparação entre a queima de gasolina ou uma mistura de carvão e gás natural para mover o veículo”.

 

As baterias criam poluição.

O estudo do NBER não cobre todas as razões pelas quais os carros movidos por baterias são piores para o meio ambiente do que os carros movidos por queima de combustíveis não renováveis. Por exemplo, a maioria das viaturas eléctricas é alimentada por baterias de lítio. Devido aos volumosos ​​subsídios governamentais, a China domina a produção global de baterias de lítio e dos seus materiais precursores, especialmente grafite. Acontece que a produção de grafite na China contribuiu e contribui para os elevados índices de poluição no país.

A poluição pode ser originada pela “poeira de grafite no ar, que é prejudicial ao ser inalada, ou na terra, trazida pela chuva”, revelou um relatório da Bloomberg. Mais a poluição resulta também do ácido clorídrico usado para processar o grafite. O ácido clorídrico é altamente corrosivo e pode causar grandes danos ambientais se contaminar águas subterrâneas ou lençóis freáticos. A província chinesa de Shandong, responsável por 10% do fornecimento global de grafite, teve que suspender parte de sua capacidade de produção devido a danos ambientais. Mas a crescente procura por veículos eléctricos implica que tais suspensões serão apenas temporárias.

Um carro elétrico típico precisa de 50 quilos de grafite e um veículo híbrido precisa de cerca de 10 quilos. Ironicamente, os subsídios para veículos elétricos do governo dos EUA acabam por subsidiar a produção altamente poluente da China. Quem acha que está a fazer a sua parte para “salvar o planeta” por ter adquirido uma viatura eléctrica deve pensar duas vezes. Até porque a poluição na China acaba por ter impactos globais. Obviamente.

 

Uma sucessão de equívocos que só beneficia a China.

Obrigar os cidadãos a mudar de automóvel e as empresas a substituir frotas, no contexto dessa transição da combustão interna para as baterias eléctricas, a pretexto do combate ás alterações climáticas, não só implica monumentais dispêndios financeiros, a que acresce a lógica subsidiária dos estados, como na verdade é uma iniciativa fútil.

A administração Biden decretou por ordem executiva de 2021 que os veículos elétricos constituam metade dos automóveis novos, ligeiros e pesados, vendidos nos EUA em 2030. Para além do abuso totalitário sobre o arbítrio dos cidadãos e o livre funcionamento dos mercados, estes estudos recentes mostram que o plano de Joe Biden fará com que os americanos gastem mais dinheiro em veículos de qualidade inferior, que o estado gaste mais dinheiro em apoios à indústria automóvel e que o efeito sobre das alterações climáticas será, no mínimo, nulo.

Mais a mais, este plano absurdo, deficitário em evidências factuais, servirá apenas para enriquecer a China, primeiro extractor dos minerais raros necessários à indústria, às custas do meio ambiente e dos contribuintes dos americanos.

E o que sobre este assunto se diz da América, na mesma medida se dirá da Europa.