Nunca numa democracia ocidental do pós-guerra os cidadãos foram tão mal amados pelos seus líderes como são agora declaradamente mal amados. Esta nova forma que os dirigentes políticos adoptaram para destratar aqueles que governam, muito ao gosto de Davos e mal disfarçando o ódio e a repulsa que lhes dedicam, é hoje extremamente comum.

Neste segundo artigo sobre o tema, o ContraCultura analisa vários casos paradigmáticos deste assustador mal querer.

Em Portugal, há uns porcos que são mais iguais que outros.

 

 

Não  surpreende nada esta atitude de Costa, tomada em Fevereiro deste ano. Aqui em Portugal, pelos vistos e como no resto do Ocidente, está instalado o perigosíssimo maniqueísmo de dividir os cidadãos em animais de primeira e de segunda categoria. O voto destes últimos vale menos do que o voto dos primeiros, por exemplo.

A expressão eleitoral dos deploráveis, marginal minoria com opiniões inaceitáveis, sub-espécie de racistas e negacionistas que são responsáveis por todos os males da humanidade (e da história da humanidade) não merece a consideração institucional do primeiro ministro.

Esta classe de indigentes e ignorantes está excluída de uma estranha ideia de democracia que grassa e triunfa por todo o lado, nos tempos que correm. Uma ideia materializada em regimes que perseguem e marginalizam, apenas por razões políticas, os cidadãos que pretendem servir. E interpretada por líderes que odeiam os povos que lideram.

Por quanto tempo mais?

Desconfio que António Costa ofereceu em fevereiro, numa perfeita polaroide da sua infâmia, mais uns bons milhares de votos ao Chega. Só foi pena que não tenha tido a coragem de anunciar esta decisão antes das eleições: como promessa eleitoral ia funcionar ainda melhor.

E já agora, exactamente quantos milhões de portugueses é que a Terceira República pode excluir do seu círculo ontológico? As deprimentes percentagens de abstenção não satisfazem o desejo de exclusão social e política do primeiro ministro? Será sensato acrescentar mais 7% do eleitorado a essa grande fatia de alienados do regime?

 

 

Na Alemanha, o regresso da Stasi.

O partido verde alemão está com saudades do tempo em que a Stasi tinha um informador por cada cem cidadãos e um terço da população da Alemanha oriental estava cadastrada. Vai daí, tiveram esta ideia brilhante de criar uma quantidade maluca de centros de denúncia onde a pessoas podem ir reportar os vizinhos que mostrem sinais de “falsch denken” (“Pensamento errado”) ou que tenham expressado opiniões politicamente incorrectas que os projectem para o grupo de seres humanos que devem ser odiados e perseguidos pelos poderes estabelecidos.

Os chibos mais tímidos podem reportar os seus concidadãos por telefone, graças à activação de quatro centros de tele-denúncia.

 

 

Este partido verde, a terceira força política no parlamento alemão, chegou ao ponto de debater se devia retirar o nome do país do seu manifesto, porque a menção à Alemanha seria politicamente incorrecta…

Assim sendo, os alemães merecem completamente o regresso da polícia política e das denúncias e de todos os horrores fascistas que lhes possam acontecer. Não é a primeira vez e não será a última. Está-lhes no sangue.

 

 

Na Holanda, os agricultores são agora inimigos do estado.

De forma a cumprir as draconianas quotas de redução de libertação de nitrogénio estipuladas pela União Europeia, e assim “salvar o planeta”, o governo Holandês está a levar inúmeras quintas agrícolas à falência, principalmente as que se dedicam à pecuária, e a desempregar dezenas de milhares de agricultores.

E isto em plena crise agrícola e económica na Europa.

Nos últimos dias os agricultores, em protesto, têm feito das suas, espalhando estrume por todo o lado e entrando em confrontos com a polícia.

 

 

Não há nada que os líderes europeus comprometidos com a agenda de Davos recusem fazer em nome da nova ordem mundial. Inimigos declarados dos povos que lideram, estão disponíveis para os empobrecer, para lhes retirar a mobilidade, para lhes obliterar o livre arbítrio e para lhes forçar alterações radicais na dieta: e se hoje estão a condicionar o número de bifes que comes, que novas restrições vão inventar amanhã?

É que ninguém escapa de uma tirania através da obediência aos seus mandatos. E o autoritarismo galopante das elites globalistas só vai encontrar freio na oposição agressiva e ameaçadora das massas.

E as coisas estão a aquecer a cada dia que passa, até porque o regime decidiu infiltrar os movimentos contestatários com agentes provocadores, que entretanto têm sido desmascarados pelos agricultores. Alguns deles foram apanhados em flagrante delito, a enfiarem-se nas viaturas da polícia. Paul Joseph Watson conta a história.

 

 

O governo holandês já avisou que um terço das unidades agrícolas do país vão fechar. Mas considera inaceitáveis os protestos dos agricultores, que têm sido violentamente reprimidos pela polícia, inclusivamente disparando fogo real sobre os manifestantes.

 

 

E depois ainda nos querem convencer que Vladimir Putin é que é um líder totalitário e draconiano, inimigo da democracia.

 

 

Em Itália, quem não obedece é conduzido à destituição.

Durante a pandemia, o globalista/elitista/servo-de-Davos Mario Draghi fez tudo o que lhe foi humanamente possível para dividir a sociedade italiana entre cidadãos obedientes e párias dissidentes. Declaradamente. Agressivamente.

 

 

O senhor já foi corrido entretanto do cargo de liderança política do país que tão irresponsavelmente ocupou, mas no que diz respeito às elites políticas italianas, nada indica que a mentalidade autoritária e a ideia de que as massas devem ser hostilizadas se não obedecerem aos ditames do estado esteja em queda. Como é que isto pode acabar bem?

 

 

Em Espanha, um  perfeito exemplo de como o Estado é um feroz inimigo dos cidadãos.

Eis uma lição para aqueles que colocam o seu destino nas mãos do Estado. Aqueles que acreditam nos políticos e burocratas do Estado. Aqueles que entregam a sua liberdade e a sua independência ao Estado. Aqueles que confiam em promessas feitas pelo Estado, que o Estado não vai cumprir nunca.

Em Espanha, 65.000 destes inocentes investiram loucamente em energia solar, como o Estado os encorajou a fazer, só para serem arruinados pelo Estado, que logo depois lhes retirou todos os apoios que tinha prometido e sem os quais o seu investimento em energias renováveis nunca seria rentável.

Este inocente em particular, sobre o qual recai a reportagem da France 24, investiu um milhão de euros num parque solar, convencido pela propaganda do regime que estava a fazer o negócio da sua vida. Arruinou-se e arruinou a família. E agora vai todos os dias esmolar ao parlamento em Madrid aquilo que o Estado lhe deve.

Mesmo depois de ser destruído pelo Estado, e por quem o dirige, ainda não percebeu que o Estado, e quem o dirige, é o seu primeiro inimigo.

 

 

 

Nos Estados Unidos, a concórdia oligárquica.

É historicamente difícil encontrar este uníssono no Senado americano. Mas sobre a necessidade de esticar a corda da guerra, parecem estar todos de acordo.

 

 

O distanciamento entre as elites políticas e aqueles que as elegem não pode ser melhor ilustrado. Que interesse tem o comum cidadão americano em provocar uma guerra mundial, contra uma potência nuclear, por causa da integridade das fronteiras da Ucrânia?

Num momento em que os Estados Unidos estão tecnicamente numa recessão, a braços com inflacção galopante, crise energética e desagregação social, que sentido faz esta unanimidade que não contribui, pelo contrário, para resolver os problemas imediatos da federação?

E estarão os Estados Unidos e a NATO e a União Europeia preparados para um confronto directo com a Rússia, principalmente se, como tudo indica, Putin estabelecer uma aliança com a China? Nem por sombras.

Mas para as oligarquias no Ocidente até a derrota numa guerra termo-nuclear é vista com bons olhos. De uma maneira ou de outra, hão-se ser criadas as condições para o Great Reset. E se for preciso reduzir tudo a cinzas primeiro, que seja.

É como dizia o outro: não há utopia sem sacrifício de vidas, e eu estou disposto a sacrificar a tua.

 

 

Como reduzir a inflacção?

É fácil: contratam-se mais 87.000 agentes do fisco, 70.000 deles armados (aumentando assim o número de funcionários públicos do IRS em cerca de 50%) para que o estado seja mais eficaz e agressivo a roubar os contribuintes e para poder gastar ainda mais dinheiro. Porque toda a gente sabe que a melhor maneira de combater a inflacção é espoliar o cidadãos e aumentar o despesismo do Estado. E se alguém discordar, é porque é um terrorista de extrema direita, servo de Putin, supremacista branco que dá tareia na mulher.

 

 

 

O Pentágono treina para combater o mais perigoso inimigo da federação: os americanos.

O Pentágono assume-se, a cada dia que passa, como uma cúpula militar do género ditatorial sul americano e não tem sequer o pudor que implicaria o uso de linguagem cosmética:

 

 

Os exercícios são realisticamente pensados para preparar as tropas contra “guerrilheiros da liberdade”. E ninguém no Pentágono equaciona que a expressão pode cair mal junto dos cidadãos. Pelo contrário, a nomenclatura é propositadamente utilizada para ameaçar qualquer maluco que tenha intenções de resistir à autoridade e lutar por um país livre.

visto porque contado, ninguém acredita.

 

 

Vais viver numa comuna, rodeado de estranhos, e vais ser feliz.

Não são só os políticos que declararam guerra às massas, claro e muito pelo contrário. Trata-se de um fenómeno transversal sobre as elites mundiais.

Bem dentro do espírito da agenda de Davos e do seu ingóbil lema “you will own nothing, and be happy”, o mercado imobiliário no Ocidente está a ser manipulado pelos tubarões de Wall Street e os senhores do universo de Sillicon Valley de forma a que aos cidadãos seja vedada a hipótese da propriedade.

Empresas mafiosas com super-poderes financeiros como a Black Rock estão a comprar habitação por atacado, nos grandes centros urbanos americanos e europeus, inflaccionando loucamente os preços. A ironia brutal aqui, é que uma das principais fontes de financiamento das corretoras e gestoras de fundos de Wall Street são os planos de reforma da classe média. Que estas empresas usam precisamente contra os interesses da classe média. Ao adquirir com esse dinheiro gigantescos parques imobiliários, os senhores do universo estão a impossibilitar que os filhos e os netos dos reformados possam alguma vez sonhar com a aquisição de habitação própria.

Enquanto isso, mediadores virtuais do mercado imobiliário, como a Zillow, tiram partido da “big data” que obtêm a partir das suas plataformas, da informação que recolhem dos utilizadores e da realidade dos mercados locais, para adquirir residências a baixos preços e depois inflaccioná-los artificialmente, produzindo bilionários lucros no processo.

Em cidades como Nova Iorque, Londres ou Tóquio, já nem os alugueres são acessíveis à classe média e os jovens são obrigados a viver em comunas, partilhando o seu espaço vital com gente que não conhecem de lado nenhum, subscrevendo residências como subscrevem a Netflix mas, ainda assim, a preços exorbitantes.

Escusado será dizer que ninguém constitui família quando vive numa circunstância comunal desta natureza. É esse o objectivo.

Escusado será dizer que cidadãos excluídos de propriedade e obrigados a viver em sistemas voláteis de subscrição electrónica, que podem ser revogados a qualquer momento por corporações mafiosas, são muito facilmente controlados por volições totalitárias, mandatos de confinamento e racionamento energético, imposições ao livre discurso e à mobilidade. É esse o objectivo.

Sorelle Amore faz uma análise abrangente e rigorosa ao que está a acontecer com os mercados imobiliários, um dos vectores fundamentais de ataque à classe média em particular e à civilização em geral.

 

 

Um gráfico que equaciona bem a importância do sector imobiliário no contexto da prosperidade dos povos é este aqui, que ilustra a relação entre o rendimento e o preço da habitação no Reino Unido. Os níveis mais equilibrados entre as duas variáveis, registados durante a maior parte do século XX, traduzem o período de maior prosperidade na história da civilização humana. A curva das últimas décadas regressa às disparidades sócio-económicas do Século XIX.

 

 

Precisamente porque o progressismo pós-moderno procura um regresso aos modelos de servidão, fundamentados no abismo económico entre as elites e as massas.