As surpreendentes revelações de Zuckerberg, ao vivo no podcast de Joe Rogan, sugerem que a manipulação dos resultados eleitorais na América resulta mais da interferência do FBI, do que do labor dos media.

O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, admitiu na semana passada que o FBI pressionou o gigante das Big Tech a censurar a “desinformação russa” – e assim a história do portátil de Hunter Biden, pois foi assim que a agência e os Democratas a caracterizaram – pouco antes das eleições de Novembro de 2020. Esta confissão é a ponta do iceberg de um escândalo maior: a interferência generalizada do FBI nas eleições presidenciais de 2020, eventualmente coordenando os seus esforços com a campanha de Biden.

Quando questionado durante um podcast de Joe Rogan da semana passada sobre como o Facebook lida com notícias controversas, como a história do computador portátil do filho de Joe Biden, Zuckerberg interrompeu o seu anfitrião para fornecer uma visão geral sobre a decisão de impedir a distribuição do escândalo na rede social que dirige.

“Basicamente, o FBI disse a algumas pessoas da nossa equipa: só para que saibam, deviam estar em alerta máximo porque pensamos que há muita propaganda russa nestas eleições e está prestes a rebentar algum tipo de truque sujo, por isso, estejam vigilantes”.

Como Zuckerberg disse à audiência do “The Joe Rogan Experience”:

“Se o FBI – que ainda vejo como uma instituição legítima neste país, uma instituição muito profissional de aplicação da lei – se eles nos dizem que precisamos de estar atentos a alguma coisa, quero levar isso a sério”.

Assim, quando o New York Post divulgou a história do portátil de Hunter Biden a 14 de Outubro de 2020, o Facebook tratou a história como “desinformação potencial” durante cinco a sete dias, enquanto as equipas de monitorização e moderação do gigante tecnológico determinavam se a notícia era falsa.

Durante esse tempo, o Facebook manipulou o algoritmo para que a história não circulasse de forma viral:

“Ainda se podia partilhá-la, ainda se podia consumi-la”, mas menos pessoas a viram do que seria normal”.

E embora ele não quantificasse o impacto, o fundador do Facebook disse que a diminuição da distribuição era “significativa”.

No seguimento da conversa, Rogan perguntou se o FBI tinha alertado especificamente para a história  de Hunter Biden. Depois de responder inicialmente, “não”, Zuckerberg corrigiu-se, dizendo:

“Não me lembro se era isso especificamente, mas basicamente encaixava no padrão”.

Contudo, é irrelevante se o FBI identificou a notícia sobre os aberrantes e comprometedores conteúdos do portátil de Hunter Biden como desinformação russa, porque o aviso que deu ao Facebook provou ser suficientemente específico para que a tecnológica censurasse a distribuição da história do New York Post. E, ao contrário da informação falsa que o FBI forneceu à equipa do Facebook, o portátil não era desinformação russa, mas uma história verdadeira e devastadora que mostrava que Joe Biden tinha mentido ao público americano quando afirmou, em Setembro de 2019, que nunca tinha discutido com o seu filho os negócios que ele mantinha no estrangeiro. A informação sobre o portátil implicou ainda mais o candidato presidencial democrata num escândalo de pagamentos ilícitos envolvendo a Rússia, a Ucrânia, e a China.

As implicações decorrentes da revelação de Zuckerberg são enormes e suscitam uma ladainha de perguntas que exigem respostas.

 

 

Muitas e importantes questões. Nem uma só resposta.

Primeiro, é implausível acreditar que o Facebook é a única Big Tech contactada pelo FBI com um aviso sobre a desinformação russa e que a expectativa do FBI é de que os executivos da tecnologia censurariam então o escândalo Biden. Pelo contrário, é apenas razoável acreditar que o FBI emitiu avisos falsos semelhantes ao Twitter e a outras redes sociais.

E enquanto o Facebook apenas limitou a distribuição, o Twitter censurou completamente a história, impedindo-a de ser partilhada de todo na plataforma. O Twitter também bloqueou temporariamente a conta da campanha de Trump, na altura Presidente, para impedir que partilhasse a história do portátil e suspendeu a conta do New York Post.

Será que o aviso do FBI incitou à censura do Twitter? Que outras empresas foram contactadas pelo FBI de forma a qualificar a história do portátil Hunter Biden como desinformação russa? Que jornais e canais de notícias por cabo receberam uma mensagem semelhante? Quem dentro do FBI emitiu os avisos? Com que conhecimentos? Com a autorização de quem?

Um segundo componente do escândalo diz respeito às interacções (ou falta delas) do FBI com a campanha Biden. Segundo John Paul Mac Isaac, o proprietário da loja de reparação de computadores portáteis de Delaware onde Hunter Biden abandonou o seu portátil em meados de 2019, o pai do primeiro abordou o FBI a 8 de Outubro de 2019 para alertar a agência sobre a existência do portátil. Durante essa reunião, o pai de Isaac disse ao agente que havia pornografia no portátil, bem como informações sobre interesses estrangeiros e esquemas de pagamentos ilícitos.

O pai de Isaac deixou o escritório local do FBI acreditando que a agência federal não estava interessada no portátil, mas dois meses depois, em Dezembro de 2019, dois agentes apareceram na loja de reparação em Wilmington com uma intimação e apreenderam o portátil. Isaac tinha previamente feito uma cópia do disco rígido, fornecendo posteriormente essa cópia a Rudy Giuliani que, por sua vez, a entregou ao New York Post, desencadeando as reportagens que o FBI tentou então desacreditar, assinalando-as erradamente como desinformação russa.

Não se sabe o que o FBI fez com o portátil depois dele tomar posse, embora os denunciantes da agência afirmem agora que a chefia local nova iorquina ordenou aos funcionários que não pesquisassem o computador de Hunter Biden. O Senador Ron Johnson de Wisconsin revelou as alegações dos denunciantes numa carta que enviou ao inspector-geral do Departamento de Justiça na semana passada. Essa carta afirmava ainda que:

“Os denunciantes alegam que o FBI só começou a examinar o conteúdo do portátil de Hunter Biden após as eleições presidenciais de 2020 – potencialmente um ano após o FBI ter obtido o portátil em Dezembro de 2019”.

Se esta afirmação for verdadeira, constitui mais um enorme escândalo, na medida em que a informação que o pai de Isaac transmitiu ao agente federal, em Outubro de 2019, representa por si só uma grave ameaça à segurança nacional.

O FBI e a comunidade dos serviços secretos não podem defender o país de ameaças ao cegarem-se a si próprios. Nem poderia a comunidade dos serviços secretos fornecer adequadamente a Joe Biden um briefing defensivo se os agentes continuassem a ignorar o conteúdo do portátil. Tanto mais que, como já tinha sido relatado anteriormente, os ficheiros do computador em causa incluíam a revelação de Hunter Biden de que acreditava que os russos tinham roubado um segundo portátil com material comprometedor, que o colocava em risco de chantagem. Assim, se as alegações dos denunciantes se revelarem verdadeiras, o FBI e a comunidade dos serviços secretos colocaram a eleição de Joe Biden acima da segurança nacional da América.

Seja como for, o FBI mentiu ao Facebook e presumivelmente ao Twitter e a muitos outros media. Se o FBI tinha analisado o portátil, sabia que não era desinformação russa; se os agentes ainda não tinham avaliado o material, não tinham base para afirmar que se tratava de desinformação russa.

 

O que sabia Joe Biden?

A questão mantém-se, porém: O que é que o FBI disse a Joe Biden sobre o portátil?

Embora fosse completamente inapropriado para o FBI enterrar o portátil e reter um briefing defensivo do candidato presidencial democrata, é possível que a agência tenha tomado essa atitude para dar a Biden uma negação plausível. Mas assim que o FBI soube que a notícia estava prestes a rebentar, o que fez (para além de mentir às Big Tech sobre a proveniência da história)?

Sabemos, a partir do artigo do NYP de 14 de Outubro de 2020, que o FBI, tal como o Hunter Biden e a campanha Biden, tinham conhecimento prévio da intenção do jornal em publicar a história.

O FBI encaminhou perguntas sobre a apreensão do portátil para a Procuradoria dos EUA de Delaware, onde um porta-voz disse:

“O meu gabinete não pode confirmar nem negar a existência de uma investigação'”

O NYP acrescentou que

“O advogado de Hunter Biden recusou-se a comentar os pormenores, mas em vez disso atacou Giuliani. (…) A campanha de Joe Biden recusou-se a comentar”.

Depois do jornal ter contactado o FBI e Biden para comentar a história, será que o FBI disse a Biden que possuía o portátil de Hunter e que este parecia legítimo? Ou será que os agentes mentiram a Biden?

Aqui, um comentário que o actual presidente fez no dia 22 de Outubro de 2020, no seu debate presidencial com Trump, em Nashville, revela-se intrigante. Depois de Biden ter afirmado que a eleição era sobre o carácter do país, Trump contra-atacou:

“É o portátil do inferno. Se isto é verdade sobre a Rússia, a Ucrânia, a China, outros países, é um naufrágio; Se isto é verdade, então Joe é um político corrupto.”

Biden ripostou apontando para 50 antigos membros dos serviços secretos que disseram que a história decorria de um plano russo. Trump perguntou:

“Quer dizer que o portátil é agora outra farsa russa?”

E Biden respondeu:

“Foi exactamente isso – foi exactamente isso que me disseram”.

Biden estava a mentir? Ou será que alguém lhe disse que o portátil era desinformação russa? Será que o FBI e a comunidade dos serviços secretos mentiram ao candidato democrata sobre a autenticidade do portátil, em vez de fornecerem a Joe Biden um briefing defensivo adequado? Em caso afirmativo, quem mentiu? Quem sabia da mentira? Quem aprovou a mentira ou a dirigiu?

E quanto a Hunter? Biden perguntou ao seu filho sobre o computador portátil? O que é que Hunter disse? Sabia Biden que o FBI estava a mentir e simplesmente concordou com essa narrativa?

Estas perguntas mal arranham a superfície, com questões mais sérias sobre se o FBI conspirou com a campanha de Biden para pressionar a narrativa russa de desinformação e para promover a censura da história. Esta não é uma teoria da conspiração maluca: é preciso não esquecer que foi Zuckerberg – um liberal – que revelou que o FBI avisara os quadros da sua empresa que a história era desinformação russa. Portanto, sabemos que o FBI tem a responsabilidade de conduzir o embuste para as Big Tech, só não sabemos se os agentes coordenaram o plano com a campanha de Biden.

Uma análise dos relatórios revela também que os serviços de inteligência dirigiram a narrativa da desinformação russa, através de fugas de informação, para o New York Times e o Washington Post. No mesmo dia em que a história foi publicada pelo New York Post, o New York Times relatou, citando “analistas dos serviços secretos dos Estados Unidos” que:

“Alguns peritos em segurança expressaram cepticismo acerca da proveniência e autenticidade dos e-mails.”

Segundo o Times, os analistas dos serviços secretos americanos tinham contactado a Burisma – a empresa de energia ucraniana onde Hunter arranjou um cargo lucrativo no conselho de administração – para saberem mais sobre um suposto ataque cibernético da Burisma que entrou no sistema informático do Comité Nacional Democrático em 2016. O Times informou que os analistas dos serviços secretos apanharam uma conversa em que e-mails hackeados da Burisma seriam divulgados numa “surpresa de Outubro”.

Citando as suas fontes dos serviços de inteligência, o Times alegou então que uma das principais preocupações desses serviços era que o material da Burisma seria divulgado juntamente com material falsificado, numa tentativa de prejudicar a candidatura de Joe Biden – tal como os hackers russos fizeram quando divulgaram e-mails reais junto com falsificações antes das eleições francesas de 2017.

A rapidez com que o New York Times deu a volta à história do portátil de Hunter Biden, e a ajuda dos “analistas dos serviços secretos dos EUA” anónimos, sugere um esforço coordenado para proteger a candidatura de Biden, ao enquadrar a cobertura do New York Post como desinformação russa.

Menos de uma semana depois do New York Post ter revelado a história do portátil, o Washington Post também reforçou a narrativa da desinformação baseada em fugas de informação do FBI, publicando a 20 de Outubro de 2020 esta tese:

“Numerosos noticiários relataram agora que o FBI está a examinar se o material de Hunter Biden (que supostamente inclui conteúdos obscenos) está ligado a um esforço russo de desinformação. Funcionários dos serviços secretos tinham avisado anteriormente que Giuliani é um canal para tal desinformação”.

O FBI e os analistas dos serviços secretos norte-americanos venderam a narrativa da desinformação russa ao New York Times e ao Washington Post, intensificando a interferência no processo eleitoral e conduzindo também a mais perguntas.

Quem forneceu aos meios de comunicação social fugas de informação para fazer passar o escândalo do portátil de Hunter Biden por desinformação russa? Quem sabia das fugas de informação e quem as aprovou ou dirigiu? E o FBI e a comunidade dos serviços secretos coordenaram-se com a campanha de Biden para empurrar a narrativa da desinformação russa para os meios de comunicação social?

 

Quão profundamente desce a corrupção?

O fluxo de questões por pacificar não termina aqui. Outras questões dizem respeito ao que levou “mais de 50 antigos altos funcionários dos serviços secretos” a assinarem uma carta em que garantiam que a divulgação de e-mails alegadamente pertencentes ao filho de Joe Biden tinha todas as características clássicas de uma operação de informação russa. Que motivação teriam estes burocratas para mentir? Será que o FBI ou outros membros da comunidade dos serviços secretos coordenaram a redacção e difusão dessa carta?

Dado que o FBI tomou a iniciativa de levar o Facebook e quase certamente outros meios de comunicação social a censurar a história de Hunter Biden, é inteiramente razoável pensar que os mesmos mentirosos do deep state iriam reunir antigos membros do pantanoso clube para assinar a carta, a fim de promover a narrativa da desinformação.

Em caso afirmativo, será que Joe Biden ou a sua campanha souberam destes esforços? Ou será que a campanha de Biden apenas explorou o que o FBI estava a fazer nos bastidores?

E mesmo que a equipa de Biden não tenha conspirado com o FBI para causar a censura da história do portátil, explorou factualmente a interferência gratuita do FBI nas eleições, apontando a censura dos meios de comunicação social como prova de que a história era desinformação. O secretário de imprensa da campanha, Jamal Brown, afirmou, pouco depois de a história ter sido divulgada:

“Bem, penso que a resposta do Twitter ao próprio artigo deixa claro que estas alegações são falsas, e estou satisfeito por ver as empresas de comunicação social a assumirem a responsabilidade de limitar a desinformação.”

Como constatou o Washington Times no início deste ano, após o New York Times ter reconhecido tardiamente a autenticidade do portátil:

“Numa sondagem de John McLaughlin descobrimos que 4,6% dos eleitores de Biden teriam mudado de ideias se soubessem da história encerrada no portátil do seu filho, números suficientes para inverter os resultados em estados-chave. Outra sondagem da The Polling Company mostrou que ainda mais eleitores de Biden – 17% – em sete estados-chave teriam alterado a sua intenção de voto se tivessem tido conhecimento dos conteúdos do computador de Hunter Biden e de outras histórias que vieram a lume depois das eleições”.

Esses resultados confirmam o que muitos conservadores pensam sobre o processo eleitoral em causa – que ao censurar a história do computador portátil e os escândalos sobre a família Biden que guardava, as Big Tech roubaram as eleições a Donald Trump. Mas a admissão de Zuckerberg na passada quinta-feira de que as redes sociais asfixiaram a história a mando do FBI revela um escândalo mais profundo: foi a agência federal, mais que os media, que colocaram Joe Biden na Casa Branca.