Hillary Clinton precisa de se calar muito bem caladinha e ficar fora da esfera pública para todo o sempre.

A farsa do conluio com a Rússia que Hillary pagou e promoveu constituiu uma das principais razões pelas quais Donald Trump e muitos de seus eleitores acreditaram (e acreditam ainda) que os inimigos do ex-presidente corromperam as urnas, inundaram os estados eleitoralmente decisivos com cédulas falsificadas e desenvolveram outras maquinações ilícitas, de forma a roubar a eleição de 2020. No entanto, Clinton quer passar por inocente e puritana defensora da democracia, responsabilizando Trump, e a sua recusa em aceitar a vitória de Joe Biden, como a causa dos eventos que eclodiram na capital da federação americana a 6 de Janeiro de 2021. Isto enquanto ela própria continua a não aceitar, cerca de seis anos depois, a sua derrota nas eleições presidenciais em que concorreu contra o construtor civil de Brooklin.

Nas últimas semanas, Clinton tem propagado a falsa narrativa, promovida pelo Comité de 6 de Janeiro, de que existiu “uma conspiração criminosa para derrubar a vontade dos eleitores americanos” e que “culminou na tentativa de golpe de 6 de Janeiro”. Como esse desgraçado comité, procurou colocar Trump à frente da “conspiração criminosa”, alegando que “as últimas audiências de 6 de janeiro mostram que Trump sabia que havia perdido a eleição e que o seu próprio staff lhe disse que ele havia perdido a eleição.” Clinton acusou Trump de “criar uma conspiração criminosa para anular os resultados eleitorais e impedir a transferência pacífica de poder pela primeira vez na história americana”, procurando convencer o público americano de que o ex-presidente jogou sujo para anular as eleições de 2020, através da sustentação de teorias da conspiração disparatadas. A ex-primeira-dama tenta desesperadamente conectar essas teorias de fraude generalizada com os acontecimentos no Capitólio a 6 de janeiro, afirmando na sua conta de Twitter, na sexta-feira passada, que “Donald Trump e os seus aliados e apoiantes são um perigo claro e presente para a Democracia americana”.

Já é suficientemente grave que o Congresso tente culpar Trump pelos actos cometidos a 6 de Janeiro no Capitólio, através de um julgamento circense que se concentra em alegações infundadas e que ignora completamente as evidências verificáveis de violações sistémicas e sistemáticas da lei eleitoral, de votação ilegal e de execução constitucionalmente deficiente do sufrágio de 2020. Mas que Clinton adicione a sua voz a esta caça às bruxas partidária é particularmente chocante, porque a senhora personifica uma das razões mais sólidas pelas quais Donald Trump e muitos dos seus eleitores acharam plausíveis até mesmo as teorias mais bizarras de fraude eleitoral, e por que desconfiam profundamente das negações do aparelho administrativo e judicial do estado.

A ex-secretária de estado foi a principal personagem por trás da farsa do conluio com a Rússia e nenhuma das teorias de fraude eleitoral divulgadas após a eleição de novembro de 2020 foi mais fantasista do que a sua tentativa fracassada de roubar a eleição de 2016 a Donald Trump.

 

Hillary tentou invalidar as eleições de 2016, repetidamente.

É ou não fantasista a teoria de que, depois de uma conversa num bar londrino com um voluntário de baixo escalão da campanha de Trump, um diplomata australiano dissesse aos seus colegas americanos que um desconhecido de trinta e poucos anos chamado George Papadopoulos havia dito que os russos tinham roupa suja sobre Hillary Clinton e que o FBI usasse esse “facto” para iniciar uma investigação sobre a campanha do candidato republicano a presidente, poucos meses antes das eleições?

Foi ou não foi surreal a situação em que o FBI, com base nessa história, obtivesse quatro mandatos de escuta e vigilância para espiar outro voluntário da campanha de Trump – Carter Page – que serviu como fonte da CIA? Foi ou não foi inacreditável a atitude de um procurador público que alterou o conteúdo original de um e-mail para ocultar essa colaboração?

Foi ou não foi disparatada a forma como o procurador obteve esses mandados: usando uma suposta fonte confidencial contratada pela campanha de Clinton que não tinha conhecimento em primeira mão das supostas evidências, e que por isso inventou informação confidencial provinda de um nacional russo? Foram ou não foram delirantes os cenários ​​inclusos no infame Dossier Steele, em que o candidato à presidência e depois presidente passava por ser um personagem grotesco que apreciava que prostitutas moscovitas urinassem sobre o seu corpo e estava ao serviço de Putin e dos serviços secretos russos?

No entanto, e por mais insanos que fossem estes relatos, o Departamento de Justiça, sem verificar nenhuma evidência que estabelecesse causa provável, obteve ordens judiciais para começar a espiar não apenas Page, mas a campanha de Trump no seu todo e, posteriormente, a equipa de transição e a administração eleita, encarregando Stefan Halper de usar uma escuta e questionar Papadopoulos, Page e o co-presidente da campanha de Trump, Sam Clovis. Aproveitando o balanço de uma operação que deixaria os protagonistas de Watergate envergonhados, o FBI usou um briefing sobre defesa e segurança interna para espiar o conselheiro de Trump, Michael Flynn – um general aposentado que ainda possuía autorizações de segurança. Convém não esquecer também o cenário completamente implausível de que Christopher Steele, depois de mentir ao FBI e fornecer detalhes da investigação aos media, continuou a assistir o Departamento de Defesa nesta conspiração, fornecendo “informações” ao seu amigo Bruce Ohr, que por acaso era casado com Nellie Ohr, que também realizava uma outra investigação sobre a conspiração russa, encomendada por quem? Pela campanha de Hillary Clinton.

Isto já sem falar do caso Alfa Bank, em que um alto quadro das big tech – Rodney Joffe – encarregou investigadores universitários e colegas de negócio de procurarem todas as sujidades possíveis sobre o passado de Trump, inclusivamente pesquisando dados proprietários e confidenciais do governo. Quando a investigação não deu em nada, o vice-presidente da Neustar elaborou um relatório que escondia a ausência de evidências e inventava factos, e em seguida, conseguiu que o seu advogado, um ex-procurador federal e especialista em segurança cibernética, passasse as informações falsas ao conselho geral do FBI.

Este breve resumo nem sequer arranha a superfície da trama, paga e executada pela campanha de Clinton – com o seu conhecimento directo e aprovação pessoal – para vender a farsa do Russiagate e invalidar as eleições de 2016.

 

A conspiração para derrubar um presidente.

A trama não terminou com a posse de Trump. Pelo contrário, os seus inimigos conspiraram para forçar seu primeiro procurador-geral, Jeff Sessions, a recusar o engodo, permitindo que a investigação continuasse sem controle.

Logo depois da recusa de Sessions, as mesmas pessoas conspiraram para forçar a renúncia de Flynn ao passarem para a imprensa, completamente descontextualizadas, partes de um telefonema entre Flynn e o embaixador russo. James Comey, na altura o director do FBI, continuou a alimentar a sua intriga ficcional, anotando conversas com o presidente. Depois que Trump o demitiu, Comey fez com que um amigo advogado transmitisse esses memorandos para a imprensa, de forma a forçar a nomeação de um procurador especial para investigar um suposto escândalo que não tinha pés para andar, porque tinha sido inventado do princípio ao fim.

Após o fracasso do procurador especial Robert Mueller em descobrir qualquer crime, o deep state elaborou outro plano para remover Trump do cargo por meio de uma denúncia fabricada, alegando que Trump ameaçou reter o financiamento da Ucrânia, a menos que o governo ucraniano investigasse a Burisma e qualquer possível escândalo envolvendo Hunter Biden. Esse plano foi bem-sucedido, de certa forma, levando ao processo de impeachment de Trump, mas fracassou no seu objectivo último, já que não removeu o presidente do seu cargo.

Dado o que Clinton fez com Trump durante a campanha de 2016 e os primeiros anos da sua presidência, com a assistência de agentes de alto nível do FBI e do Departamento de Justiça, e dadas as vilanias e ilegalidades de toda a ordem que os seus comparsas cometeram num esforço titânico e niilista para correr com o presidente eleito, não se pode dizer que Trump enlouqueceu por acreditar nas histórias de fraude eleitoral em 2020: ao contrário, seria louco se não o fizesse.

No entanto, Clinton afirma que Trump é que “criou uma conspiração criminosa para anular os resultados e impedir a transferência pacífica de poder pela primeira vez na história americana”. A projecção vive ruidosamente na mente desta senhora.

 

Eu, democrata, posso instalar a dúvida sobre resultados eleitorais. Tu, republicano, não podes.

Ainda mais chocante é que Clinton diz estas alarvidades enquanto continua a argumentar que a eleição de 2016 foi roubada, como ficou evidente num artigo do Financial Times, que resume a conversa de Edward Luce com a ex-candidata democrata e através da qual se percebe claramente que Clinton continua em negação sobre sua derrota em 2016. “Literalmente poucas horas após o fecho das urnas tivemos muitas evidências sobre eleitores rejeitados em Milwaukee e em Detroit”, disse Clinton a Luce, acrescentando que “esses estados eram governados por republicanos, pelo que não havia como descobrir a verdade”. Nesta conversa, Clinton teima na sua obsessão, como se o Russiagate já não tivesse sido completamente desmontado como um processo fraudulento, em culpar Vladimir Putin pela sua estrondosa derrota eleitoral, considerando esse momento como “uma ruptura na história, quase escatológica”.

Não há dúvida que Clinton sentiu a derrota de 2016 como uma espécie de fim do mundo. No entanto, seis anos depois, e sem uma centelha de espírito crítico ou consciência dos seus erros, continua a criticar Trump exactamente pelo mesmo pecado de que é autora evidente, a recusa “escatológica” em aceitar resultados eleitorais.

A ironia que a ex-primeira dama se recusa a observar, e que é um elefante magenta que ilustra o seu registo mediático dos últimos anos, é que Donald Trump não aceitou os resultados das eleições de 2020 precisamente porque Clinton, os democratas, os republicanos “Never Trump”, os burocratas de Washington e a imprensa mainstream provaram que têm a determinação e o poder para fazerem o que quiserem no seu decadente e corrupto país. E é por isso que ela não tem motivos nem posição moral para reclamar quando Trump acredita que os seus inimigos voltaram a cometer fraudes em 2020, desta vez com sucesso.

Num mundo justo, esta gente seria envergonhada até ao silêncio.