O Museu FitzWilliam está a avisar os visitantes que as pinturas paisagísticas do campo britânico e da sua vida rural evocam “sombrios sentimentos nacionalistas”.
O museu, propriedade da Universidade de Cambridge, procedeu a uma revisão das suas exposições e à instalação de sinalética de advertência sobre os malefícios da pintura naturalista, numa iniciativa que o seu director insistiu não ser woke. Pois não, que ideia.
Luke Syson disse na semana passada:
“Gostaria muito de pensar que existe uma forma de contar estas histórias mais alargadas e inclusivas que não exija uma reacção por parte daqueles que tentam sugerir que qualquer interesse por estes trabalhos é aquilo a que agora se chama woke”.
A nova sinalética refere que as imagens de “colinas inglesas ondulantes” podem despertar sentimentos de “orgulho em relação a uma pátria”.
Porque ter orgulho na pátria constitui um perigo enorme… Bom Deus.
Numa galeria que exibe uma obra bucólica de Constable, os visitantes são informados de que “há um lado mais negro” no “sentimento nacionalista” evocado pelas imagens do campo britânico.
O Museu vai mais longe, se possível:
“Esse sentimento nacionalista implica que só aqueles que têm um laço histórico com a terra têm o direito de a ela pertencer”.
“The Fitzwilliam Museum has suggested that paintings of the British countryside evoke dark “nationalist feelings”. The museum, owned by the University of Cambridge, has undertaken an overhaul […] in a move that its director insisted was not “woke”.”https://t.co/1t09LcYqEP
— Kristian Niemietz (@K_Niemietz) March 15, 2024
As obras do FitzWilliam foram reordenadas em categorias temáticas, numa mudança que o director do museu espera que venha a tornar as exposições da galeria “mais inclusivas”.
As categorias incluem “Homens a Olhar para Mulheres”, “Identidade”, “Migração e Movimento”, e “Natureza”. Esta última categoria integra paisagens naturais dos ingleses Constable, Gainsborough e Palmer, e dos franceses Pissarro, Renoir, Monet e Cézanne.
Um cartaz da galeria Natureza afirma:
“As pinturas de paisagens também estiveram sempre ligadas à identidade nacional. O campo era visto como uma ligação directa ao passado e, por conseguinte, como um verdadeiro reflexo da essência de uma nação. As pinturas que mostravam as colinas inglesas ou os luxuriantes campos franceses reforçavam a lealdade e o orgulho em relação a uma pátria. O lado mais sombrio da evocação deste sentimento nacionalista é a implicação de que só aqueles que têm um laço histórico com a terra têm o direito de a ela pertencer.”
Portanto: Cézanne já era nazi, antes dos nazis. Se isto não é woke, nada o é.
As alegações sobre a representação das paisagens surgem depois do grupo Wildlife and Countryside ter apresentado um patético relatório aos membros do Parlamento que afirmava que o campo britânico era visto como um espaço “branco, colonial racista”. O relatório acrescenta que os espaços verdes britânicos são influenciados por “valores culturais britânicos brancos” e que a ideia de um tal “espaço branco” impede as pessoas de outras origens étnicas de desfrutarem do ar livre.
No entanto, o Sr. Syson insistiu que a remodelação do museu não é “woke” ou “radical chic”, dizendo:
“Ser inclusivo e representativo não deve ser controverso; deve ser enriquecedor”.
Sim, sim, é extremamente enriquecedor conspurcar o património artístico de ingleses e franceses com rótulos degradantes e pseudo-moralismos de extrema-esquerda. Sem dúvida.
Um cartaz instalado na nova galeria “Identidade” informa os visitantes que os retratos de pessoas uniformizadas e ricas
“tornaram-se ferramentas vitais para reforçar a ordem social de uma classe dominante branca, deixando muito pouco espaço para representações de pessoas de cor, das classes trabalhadoras ou de outras pessoas marginalizadas. Os retratos estavam frequentemente ligados, de forma complexa, ao imperialismo britânico e à instituição da escravatura transatlântica”.
Entre as pinturas deste espaço conta-se o retrato que Joseph Wright pintou de Richard FitzWilliam, que financiou a fundação do museu e que por isso lhe deu o nome.
A legenda do retrato refere que a riqueza de FitzWilliam se devia ao tráfico de escravos:
“A fortuna provinha do seu avô, Sir Matthew Decker, que a tinha acumulado em parte através do comércio transatlântico de africanos escravizados”.
Convenhamos: Não deve ter sido nada fácil conjugar, desta forma assim despudorada, arrogância com ingratidão.
Para intensificar a “diversidade, equidade e Inclusão” do seu programa soviético, a galeria decidiu expor, junto com os belos clássicos do seu espólio, uma série de horrores contemporâneos, de autores nigerianos e judaicos e cosmopolitas-do-rabo-do-mundo, como estas coisas aqui:
A exposição da galeria “Migração e Movimento” também tem uma inevitável advertência de ordem ideológica:
“Embora algumas pessoas tenham optado por deixar os seus países, os conflitos mundiais, a discriminação e o colonialismo europeus levaram a que outras fugissem ou fossem exiladas à força”.
Aparentemente, o “colonialismo europeu” está bem, recomenda-se e ainda expulsa paquistaneses, magrebinos, sírios e somalis dos seus países de origem.
Na galeria “Homens a olhar para mulheres”, são exploradas as diferentes formas como os artistas masculinos, sexistas e misóginos, retrataram os temas femininos, até que o estatuto mais igualitário das mulheres na sociedade alterou a forma como eram retratadas.
Não há paciência.
Paul Joseph Watson, comenta, melhor que o Contra consegue, este deprimente assunto.
Relacionados
29 Jun 24
Alma Mahler ou a vingança de Pandora.
Biografias de Minuto e Meio: Magnética ninfa de alguns dos mais proeminentes intelectuais e artistas da sua época, Alma Mahler libertou o caos passional para cumprir a sua vontade irredutível. Uma mulher incontornável, na tortuosa história do século XX.
21 Jun 24
Os XX Dessins de Amadeu: Um poema épico a tinta-da-china.
Os "XX Dessins", de Amadeu de Souza-Cardoso, constituem um virtuoso ensaio gráfico, que evoca vastos imaginários das tradições ocidental, oriental e africana; de D. Quixote às Mil e Uma Noites. A obra, iniciática, é simplesmente sublime.
17 Jun 24
Alguém vê este lixo? Bruxas lésbicas de Star Wars usam a ‘Força’ para engravidar.
O último desvario da Disney acaba em definitivo com o legado de George Lucas: porque depois de 'The Acolyte' ninguém nunca mais vai querer ver seja o que for que possa acontecer numa galáxia muito, muito distante.
14 Jun 24
Étienne-Louis Boullée:
A arquitectura da utopia.
Alguns arquitectos garantiram um lugar na história ao conceberem edifícios emblemáticos que dão forma às nossas cidades. Outros, como Étienne-Louis Boullée, tornaram-se famosos pela sua arquitectura teórica, que abre espaço para a utopia.
8 Jun 24
Contributos para uma estética conservadora.
Porque cultura e política são interactuantes, é fundamental que os conservadores definam um rumo para a expressão artística, de forma a serem capazes de se opor à destruição a que os liberais submeteram o que é verdadeiro, bom e belo.
31 Mai 24
Uma interpretação alternativa de “Sinais”, de M. Night Shyamalan.
Na cultura popular, o clássico de ficção científica de M. Night Shyamalan conta a história de uma invasão de extra-terrestres. Mas se prestarmos mais atenção aos detalhes, verificamos que a narrativa ganha coerência se for vista à luz de uma outra tese.