As autoridades norte-americanas do sector da energia descobriram dispositivos de comunicação secretos incorporados em conversores e baterias solares fabricados na China. Segundo a Reuters, estes dispositivos não documentados podem permitir o acesso remoto, contornando as barreiras de segurança cibernética e permitindo que os chineses perturbem a rede eléctrica dos Estados Unidos.

Os conversores solares, “cérebros” digitais dos sistemas fotovoltaicos, são fundamentais para a produção de energia, e empresas chinesas como a Huawei e a Sungrow controlam mais de 50% do mercado mundial. A descoberta destes dispositivos, que teoricamente poderiam permitir que piratas informáticos desencadeassem apagões ou danificassem infra-estruturas, valida os recented avisos do Presidente Donald J. Trump sobre a influência da China em sistemas críticos.

O alarme estende-se para além das fronteiras da América. O European Solar Manufacturing Council (ESMC) considerou a questão um risco “sistémico”, referindo que 200 GW da capacidade solar da Europa – equivalente a 200 centrais nucleares – dependem destes inversores. O ESMC instou a Comissão Europeia a investigar os riscos de sabotagem e espionagem. A SolarPower Europe e a consultora DNV fizeram eco destas preocupações num relatório recente, alertando para o facto de um ataque a apenas 3GW de capacidade de inversores poder desestabilizar os sistemas de energia em grande escala.

Na Intersolar Europe, em Munique, um dos principais fabricantes europeus de conversores comparou anteriormente esta ameaça aos cortes no fornecimento de gás da Rússia após a invasão da Ucrânia, dizendo à PV Tech:

“É muito claro que as empresas de conversores podem desligar a rede se quiserem”.

Neste contexto, há uma pergunta que ocorre com naturalidade: Será que as centrais de energia solar espanholas estão equipadas com conversores chineses e que o apagão que sofremos na Península Ibérica foi afinal não mais que um teste desta tecnologia de sabotagem por via remota?