Não sejamos ingênuos ao ponto de esperarmos revelações contundentes contidas nos arquivos confidenciais, liberados pelo Presidente Donald Trump, pois as mesmas estiveram nas mãos do “deep state” norte-americano por mais de sessenta anos – e somente um perfeito imbecil manteria arquivos comprometedores sobre si mesmo, ainda mais ao longo de tantas décadas.
Ainda assim, tão vasta é a metástase do mal, que tornou-se impossível apagar tudo – por mais que centenas de páginas tenham sido achadas completamente “em branco” – e pontuais indícios criminosos, referentes até mesmo a pessoas que ainda vivem, puderam ser encontrados. Joe Biden foi classificado pelo próprio John Kennedy como “traidor”, enquanto outros pingos dessa imunda lama atingem a família Bush. Do mesmo modo, em uma primeira vista e en passant, podemos concluir ter havido sólida colaboração da máfia norte-americana não somente no assassinato do presidente como, também, de seu (teoricamente único) executor, Lee Harvey Oswald.
É preciso que tenhamos em mente serem os políticos do Partido Democrata de então visceralmente diferentes do sórdido ajuntamento de drogados, criminosos e satanistas dos tempos atuais. As acusações de Kennedy a Joe Biden podem e devem ser levadas a sério, bem como devemos analisar a perspectiva de que uma das principais razões da morte de JFK tenha sido o fato de que sua frustrada invasão à Baía dos Porcos, em Cuba, o tenha colocado em rota direta de colisão com a então União Soviética e com a máfia.
O confronto de Kennedy com o Kremlin já foi, por demais, debatido e não cabe reanalisarmos neste momento, o qual devemos aproveitar para investigar um outro aspecto – e muito menos falado – que foi o fato do plano fracassado de invasão à Cuba ter irritado sobremaneira os “Capo di Tutti Capi” ítalo-americanos.
A ilhota caribenha de Fidel Castro sempre foi, ao longo de todo o século XX, fonte de inesgotável riqueza para o submundo do crime norte-americano. Do contrabando de bebidas nos anos da Lei Seca à exploração de cassinos milionários, que durou até a fatídica “revolución”, a máfia muito lucrou e teve a garantia de ter em mãos um paraíso arrecadatório, lavador de dinheiro e mesmo fiscal, por lá. A máfia tinha ligações com os políticos mais influentes dos EUA e estes, por sua vez, possuíam estreitas relações com o “deep state” – CIA, FBI, etc. E não foi por mero acaso que o vice-Presidente Lyndon Barnes Johnson embarcou para Dallas, em novembro de 1963, carregando volumosa bagagem de roupas – para uma viagem de apenas 24 horas, teoricamente.
A máfia queria seus cassinos de volta, seu dinheiro investido, seu paraíso fiscal e a bela e eficiente “lavanderia” de suas finanças. Muitos políticos influentes, que grossamente lucravam com isso, também ambicionavam a mesma coisa, mas a morte de John Kennedy não se deu apenas por conta de mafiosos enfurecidos com o prejuízo: desde os anos 30 do século XX, agentes comunistas infiltraram-se nas repartições governamentais norte-americanas, do mesmo modo que em suas indústrias cinematográfica, literária, jornalística – em tudo, por fim. Tanto que a entrada dos EUA na II Grande Guerra só se deu após o rompimento, por Hitler, de seu pacto com Stalin – uma vez ameaçado, o comunismo deu um jeito de jogar os ianques no conflito, e Pearl Harbour bem o sabe.
Cuba havia sido tomada por Fidel que – pasmem – inicialmente não dizia-se “comunista” mas logo se tornou, uma vez que recebeu todas as garantias e cordilheiras de dinheiro soviéticos, para ali estabelecer a versão esquerdista do antigo abrigo mafioso: a proximidade geográfica com a América do Norte colocava a ilha em situação estratégica. Para comprovar o acerto destas suposições, basta uma simples linha do tempo analisando as mudanças culturais e comportamentais ocorridas nos Estados Unidos, após a revolução cubana – contra cultura, sociedades alternativas, filosofia hippie (ideologia marxista travestida de “modo de vida alternativo”), canções de protesto, underground e desabamento completo de todos os antigos valores da sociedade ocidental, pois os demais países sempre estiveram sob a influência cultural ianque. De Moscou à Califórnia, com escala em Havana. E dali, para o mundo.
Kennedy tinha de morrer. De um lado, todo o submundo mafioso enfurecido com seus prejuízos, secundado por políticos cúmplices e igualmente irritados. De outro, a sanha assassina do comunismo, que jamais abriu mão da excelente e estratégica “cabeça de praia” conquistada, e que permitia fácil acesso ao flanco de seu principal inimigo. Do mesmo modo que os mafiosos, tais comunistas igualmente dispunham (e dispõem) de inúmeros políticos norte-americanos que fariam o que fosse preciso, para manter a posição-chave que caiu-lhes ao colo.
Ao final das contas, podemos supor que algumas e atordoantes revelações surgirão destes documentos liberados, mas devemos saber – de antemão – que não teremos sequer metade de toda a podridão que, um dia, ali esteve enterrada.
Queira Deus que a exumação deste cadáver empesteie, irremediavelmente, toda a esquerda mundial.
Crer é de graça.
WALTER BIANCARDINE
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Walter Biancardine foi aluno de Olavo de Carvalho, é analista político, jornalista (Diário Cabofriense, Rede Lagos TV, Rádio Ondas Fm) e blogger; foi funcionário da OEA – Organização dos Estados Americanos.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.
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