Por demais óbvio é o poder do medo no controle social, e não tenho como intenção discutir algo já sabido pelos leitores. O que me leva a alinhavar estas mal-traçadas é a forma solerte, subjetiva, “gramsciana” do mesmo e que, hoje, elevou-o à categoria de indústria de maior sucesso – uma multinacional atuante e, pior, ostentando tal e nova embalagem plenamente aceita por seus ávidos consumidores.

Precursor involuntário desta empresa foi o “macartismo”, levado à cabo nos Estados Unidos nos anos 50 e que gerou verdadeira paranoia anticomunista por todo o país. Sem entrar no mérito da questão e entendendo seus resultados, na psique social de um povo, como efeito colateral não previsto, posso incluí-lo apenas como escada para citar o choque do petróleo, decretado pelos países árabes nos anos 70 – este sim, planejado para intimidar corações e mentes e, ainda hoje, eficaz.

Tão profundos foram seus efeitos que decretaram o fim de um dos maiores símbolos do poder norte americano, os enormes e luxuosos automóveis que povoavam suas ruas. Como decorrência, a indústria automobilística local jamais conseguiu recuperar-se e – talvez o efeito mais incrível – chegou ao ponto de afetar a psique de seu povo. Não à toa Donald Trump, em seus “rallyies”, cuidadosamente evoca símbolos de uma felicidade perdida, tais como estes mesmos e gigantescos veículos, músicas antigas e vários outros detalhes, que compunham uma paisagem outrora feliz e próspera.

Cientes do medo e mudanças de mentalidade produzidos, prontamente surgiram argumentos concorrentes ao mesmo fim, tais como a poluição supostamente causada pelos motores a combustão, chuva ácida, buraco na camada de ozônio e o vitorioso “aquecimento global”, verdadeiro “Teddy Bear” na cama de personalidades como Greta Thunberg – que sequer uma só frase emitiu sobre a atual devastação do cerrado brasileiro pelo fogo, no governo esquerdista do presidente e ex-presidiário Lula da Silva.

Talvez o único sucesso semelhante ao choque do petróleo tenha sido a campanha anti-tabagista, descarada manobra de engenharia social que, não obstante e contra todas as estatísticas e estudos sobre os verdadeiros efeitos do cigarro, persiste feroz em nossos tristes dias.

Ainda tivemos ensaios canhestros como o fim da água potável no mundo, os efeitos supostamente cancerígenos dos raios ultra-violeta – que encheu os bolsos das “big farmas” vendendo toneladas de bloqueadores solares – e tantos outros que, invariavelmente, preenchiam amplas matérias dominicais (para toda a família) nos principais programas de TV e difundiam, com o sucesso gramsciano esperado, altos teores de medo jamais abandonados por completo, pelo povo.

Com o advento da internet e, principalmente, das redes sociais – que catapultaram à ribalta o verdadeiro pensamento da maioria absoluta da população mundial – o monopólio da verdade, detido pela grande mídia, encontrava-se frontalmente ameaçado e algo precisava ser feito contra a “onda fascista, nazista, reacionária e de ultra-direita” (sim, definiam o nazismo como direitista) que se espalhava pelo mundo – e, em boa hora, surgiu a peste chinesa e consequente quarentena.

Jamais uma obra de engenharia social obteve sucesso igual ao oriundo da suposta pandemia. Seus terríveis efeitos não foram causados pelo vírus mas, sim, devido à política de medo e verdadeiro estado de exceção implantados mundialmente – o governo global disfarçava-se de “cuidados com a saúde do povo” e valia-se disso para exercer o mais absoluto controle sobre tudo e todos.

Tudo era perdoado pelo “bem de nossa saúde”, inclusive fraudes eleitorais nos EUA, e serviram de ensejo para elevar como verdadeiro arquétipo do homem moderno a resultante deste longo processo de intimidação humana: o homem emasculado, que troca um bom bife por insetos torrados, dirige carros elétricos – sem fumaça, sem barulho, sem testosterona – não fuma (cigarros, a marijuana está liberada), amarra os cabelos, os pinta de azul e resume seu universo de pensamento e vida a videogames, celulares e à eterna dúvida entre namorar meninas ou meninos. E tudo em nome do medo.

Decerto omito muitos outros e importantes aspectos desta conjuntura, tais como os efeitos sobre a mulher atual bem como a certeza de que o acima exposto serve como matéria-prima para amplos e fartos estudos, livros e teses que – tivéssemos vergonha na cara – já estariam sendo feitos por nossa “soi disant” intelectualidade, esta mesma que escreve por emojis e acha um texto no Twitter por demais longo e cansativo.

De qualquer modo resta a modéstia prudente ao cronista, que não pode pretender efeitos fulgurantes em meia dúzia de parágrafos, cometidos à revelia da boa vontade do leitor. Este artigo resume como objetivo ser apenas uma lembrança, quiçá um bom assunto de domingo, junto com a família: o medo é uma indústria vencedora, e nos dobramos a ela.

Queira Deus que amanhã seja o início de uma nova e corajosa semana.

 

WALTER BIANCARDINE
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Walter Biancardine foi aluno de Olavo de Carvalho, é analista político, jornalista (Diário Cabofriense, Rede Lagos TV, Rádio Ondas Fm) e blogger; foi funcionário da OEA – Organização dos Estados Americanos.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.