Quando Mike Johnson, de Louisiana, foi retirado da obscuridade e eleito speaker da Câmara dos representantes no mês passado, muitos conservadores ficaram cautelosamente optimistas quanto ao facto de o homem com uma “visão bíblica do mundo” e um registo de votações algo sólido ser o lutador de que precisavam para travar o avanço dos marxistas do Partido Democrata. Infelizmente, não foi preciso muito tempo para descobrir que Johnson é tão fraco como os seus antecessores republicanos.

Johnson e os republicanos da Câmara vão render-se aos democratas mais uma vez, numa importante luta contra a despesa pública. Em vez de se manter forte e lutar pelas prioridades conservadoras, o líder da maioria republicana está a propor uma Resolução Contínua, para manter o governo federal financiado até ao início do próximo ano. Sem surpresa, a proposta não faz nada para resolver questões-chave que afligem a nação, como a crise fabricada por Biden na fronteira sul dos EUA, e mantém os níveis de gastos no seu nível astronómico.

Com a alta probabilidade de que os membros do House Freedom Caucus (a ala populista e minoritátia do seu partido) votem contra a medida, Johnson precisará da ajuda dos democratas da Câmara para enviar o pacote ao Senado. Dadas as observações positivas dos principais democratas da Câmara sobre o projecto-lei, é provável que o consiga.

Eis uma pequena e óbvia dica para os republicanos: Se a deputada Pramila Jayapal (D-Wash), uma das esquerdistas mais radicais da Câmara, está a elogiar este projecto-lei e a afirmar que inclui “duas das coisas mais importantes” que os democratas desejavam, então é mais que certo que a iniciativa legislativa está muito longe de ser do interesse de qualquer conservador que se preze.

Claro que nada disto parece importar a Johnson, que tem andado a insultar a inteligência dos eleitores republicanos por tudo quanto é estações de notícias, agindo como se a sua Resolução Contínua fosse a melhor coisa desde que Elizabeth Warren descobriu o que é um cachimbo da paz. Durante uma entrevista à CNBC, o orador tentou defender a ideia de que é bom deixar o combate ao despesismo para depois, enquanto permite um pacote gastador e abrangente para manter o governo aberto, como se o actual governo federal fosse um força positiva na América contemporânea.

“Penso que teremos um acordo bipartidário no sentido de que a aprovação de uma resolução de curto prazo é a melhor forma de realizar o processo de apropriações. Temos um encerramento [do governo federal] iminente e temos de o evitar, porque isso seria ainda mais prejudicial para a economia”.

Perceberam? O verdadeiro problema é evitar a paralisação do governo. Não são os gastos federais recorde; ou a invasão na fronteira EUA-México; ou o Departamento de Justiça politicamente armado; ou o fascismo Covid; ou a doutrina da LGBT nas forças armadas; ou a interferência eleitoral federal de Biden; ou qualquer outra coisa com que os eleitores republicanos se preocupem.

Mas a traição de Johnson e da liderança do Partido Republicano não é nova nem surpreendente. É apenas mais um exemplo da displicência que tem infectado o Partido Republicano há anos. Recorde-se que, no ano passado, os republicanos do Senado ajudaram os democratas a aprovar legislação que declarava guerra à instituição do casamento e à liberdade religiosa, atacava os direitos da Segunda Emenda e aumentava a despesa federal. Sem o apoio dos republicanos, essas medidas nunca teriam chegado à mesa de Biden para serem assinadas como lei.

Os republicanos na câmara alta também estão a aliar-se activamente aos democratas para atacar o seu colega do Partido Republicano, o senador do Alabama Tommy Tuberville, que está a usar o seu poder para protestar contra a política radical de aborto do Pentágono. Em vez de defenderem a vida, Dan Sullivan, do Alasca, e o seu alegre bando de idiotas úteis passaram as últimas semanas a criticar Tuberville por estar a atrasar as nomeações militares de Biden, sendo que algumas das quais premeiam marxistas saídos do armário. Quem precisa de democratas quando tem republicanos como estes?

Para além de alguns populistas, a maioria dos representantes e senadores do Partido Republicano são falsos opositores do regime Biden. Para todos os efeitos, são colaboracionistas. Nunca lutam por questões que são importantes para o seu eleitorado e cedem habitualmente nas grandes causas da esquerda.

Quando foi a última vez que os republicanos ganharam aos democratas numa determinada luta política legislativa? E quando foi a última vez que os democratas apresentaram uma medida de despesa em que os republicanos fossem os únicos a dizer que o projecto-lei “negociado” cumpre a vontade dos eleitores conservadores? Em Washington reina um partido só: o das elites globalistas, da guerra, da ganância, da identidade de género, da teoria crítica da raça e do apocalipse climático. O elefante republicano morreu com Reagan. Dele resta só a tromba do burro democrata.

Mas, bem vistas as coisas, a responsabilidade última pelo deprimente decaimento conservador no Capitólio é dos eleitores, que continuam a eleger esta quantidade enorme de facilitadores da agenda democrata. Em última análise, os conservadores americanos têm de perceber que os políticos trabalham para o povo, e não o contrário. Se um republicano eleito não está a lutar e a votar com base nos interesses dos seus eleitores, cabe aos conservadores participar activamente nas primárias republicanas e expulsá-lo do cargo. Até lá, os democratas vão continuar a destruir os Estados Unidos da América, e o Ocidente, enquanto os republicanos assistem impávidos e cúmplices.