O Rei Carlos III foi coroado no Sábado. Mas não como rei dos bretões. Foi coroado para servir uma majestade maior que não a dos Windsor. Foi coroado para cumprir desígnios que transcendem a prosperidade, o bem estar e a liberdade dos seus súbditos. Foi coroado para representar interesses que são antípodas dos interesses dos cidadãos a quem, de tão inseguro de si e de tal forma consciente de que não os representa, exigiu um voto de fidelidade, que como é costume da cerimónia, está reservado apenas à alta aristocracia do reino.

Carlos III será o primeiro rei com um claro manifesto político na história dos Windsor, pelo menos. E talvez o mais hipócrita. É o monarca do Great Reset, do Build Back Better e do Netzero enquanto voa de jacto privado como quem vai passear o cão à rua. É o pontífice da imprensa corporativa e da indústria farmacêutica e dos poderes estabelecidos, que não fala em nome de um povo mas de uma elite ínfima de magnatas, tiranos e tecnocratas. É o chefe de estado progressista, feminista, globalista, campeão da “diversidade”, que vive numa redoma de luxo estratosférico. É um sumo-sacerdote da igreja woke, enquanto descarta o cristianismo como um mal necessário da coroa britânica.

Carlos III não é de Coburg, nem de Balmoral, nem de Gales, nem de Westminster. Carlos III é de Davos.

Carlos III é o Rei WEF.

 

 

Não pode assim ser fiel ao juramento que fez no Sábado de que irá servir todos os britânicos. Carlos é inimigo de uma grande parte deles porque as políticas que defende vão empobrecê-los, tiranizá-los, humilhá-los e espoliá-los da sua identidade e da sua história.

Carlos é um actor político e, assim sendo, tem na grande maioria dos seus súbditos adversários políticos. E toda a gente sabe que a política é um campo de batalha. Carlos não pode ser monarca daqueles que estão do outro lado da trincheira. Daqueles que é preciso reduzir à miséria, para salvar o planeta. Daqueles que é preciso silenciar, para salvar o regime. Daqueles que é preciso aviltar para que saibam da sua insignificância e enganar para que na confusão entre a realidade e a narrativa sejam mais facilmente manipulados, assustados e controlados.

 


Neil Oliver tinha que ser chamado a esta conversa, porque é agora e precisamente súbdito de um sujeito que o escocês interpreta – correctamente – com um obstáculo à sua vontade de verdade e de liberdade. E porque é sempre um prazer ético e estético ouvir a prosa do irredutível escocês.

 

 

O Contra subscreve, palavra por palavra, este monólogo.

Na cerimónia, que correu dentro da pompa e circunstância de que Carlos, apesar de todo o seu pós-modernismo neoliberal, não parece inclinado a abdicar, mas que não teve de todo o clima alegre e lealista de outras ocasiões similares num passado não muito distante, salva-se a Princesa de Gales, que nitidamente nasceu para isto:

 


O Contra deseja enfim, longa vida a Carlos. Mas que seja breve o seu reinado.