Não, não é preciso sofrer de complexos de perseguição ou ser um maníaco das teorias da conspiração para encontrar na agenda WEF um perigo imediato para a civilização. O Contra chama ao banco de terstemunhas três personalidades ilustres e ilustradas, reconhecidas na sua área de peritagem e extremamente bem sucedidas nas suas profissões que encaram a organização sediada em Davos com justo cepticismo.

Samuel Greg, “Distinguished Fellow” em Política Económica do American Institute for Economic Research e autor de “A Próxima Economia Americana: Nação, Estado e Mercados num Mundo Incerto”, escreveu recentemente uma peça interessante para o Spectator sobre o WEF, na véspera de Davos 2023. Nesse texto argumenta que quem se preocupa com a liberdade, a democracia e a autodeterminação nacional, deve estar preocupado com a influência de Klaus Schwab e dos seus seguidores. Porque as suas ideias totalitárias permeiam os escalões superiores das elites globais e globalistas. Em particular, a crença de Schwab na forma de governo de cima para baixo, tecnocrática, de que a UE é exemplo flagrante.

A organização de Klaus Schwab não exerce qualquer poder político formal e não pode obrigar ninguém a fazer nada. No entanto, desde a sua fundação em 1971, o WEF anuncia o imperativo de líderes supremos, que dirigem o mundo com autoritária sobranceria. No seu famoso ensaio de 2004 intitulado ‘Dead Souls’, o consagrado cientista político Samuel P. Huntington chamou a este protótipo ‘O Homem Davos’.

O Homem Davos, na concepção de Huntington, integra “académicos, funcionários públicos internacionais e executivos em empresas globais, bem como empresários de alta tecnologia bem sucedidos” que pensam da mesma forma e tendem a ver as lealdades nacionais, bem como as fronteiras geográficas, “como resíduos do passado”. O Homem Davos  olha com desdém indisfarçado para aqueles que não estão a receber bem o programa – seja qual for o conteúdo desse programa.

Aí reside o problema mais profundo do WEF. Uma coisa é que os líderes empresariais e políticos se reúnam em cenários internacionais para discutir problemas, partilhar ideias e criar redes. Será até natural e produtivo que o façam. Outra coisa é um grupo como o WEF decidir que chegou o momento de reorganizar o mundo de cima para baixo e refazer o planeta segundo princípios corporativistas que ninguém sufragou. O ideal que Schwab objectiva, a julgar pelos seus discursos e escritos, é algo semelhante a uma UE globalizada, com as suas estruturas supranacionais e burocráticas a serem transpostas para um nível planetário, e as alavancas do poder investidas nas mãos de homens e mulheres da confiança de Davos.

Esta agenda não é produto de um mau filme de ficção científica ou de espionagem internacional, está agora a ser prosseguida com determinação por Homens Davos como Justin Trudeau ou Emmanuel Macron ou Rishi Sunak ou Timothy Cook ou Bill Gates ou Mark Zuckerberg, e é suficientemente alarmante para fazer soar todas as sirenes mentais daqueles que acreditam na preservação de valores como a liberdade individual, a soberania das nações, o estado de direito e a descentralização do poder político e económico.

Entretanto, Robert Malone, o dissidente inventor da tecnologia mRNA, assumiu uma tomada de posição ainda mais contundente sobre a actual agenda do WEF, particularmente o artigo 4 da lista da sua lista de prioridades:

“A preparação para a próxima pandemia requer o fim das disparidades de acesso à saúde”.

Escreve Malone na sua conta do Substack que este tóxico axioma da ideologia do Homem Davos combina aversão extrema ao risco – pandemias, alterações climáticas, discurso do ódio, etc. – com ‘equidade’, o que significa um compromisso de protecção dos grupos ‘vulneráveis’, por exemplo, minorias étnicas e a comunidade LGBT. Assim, o argumento para, digamos, manter para sempre os mandatos de uso de máscara seria baseado em algo como isto: as doenças virais transmitidas pelo ar têm um efeito desproporcionalmente negativo sobre as pessoas marginalizadas porque estas têm menos acesso aos cuidados de saúde. Logo, os governos têm o dever moral de impor mandatos de máscaras.

Em nome daquilo que é aparentemente um bem comum e uma ideia humanista, esconde-se a mais feroz tirania sobre as liberdade individuais. Sobre uma questão de saúde pública faz-se política em vez de ciência. E depois o resultado é este:

E se estas ameaças apontadas por Greg, Huntington e Malone não o preocupam, caro leitor; se esta agenda ilegítima, autoritária e draconiana não a deixa apreensiva, fiel leitora, o ContraCultura aconselha vivamente a leitura de outros artigos já publicados neste website sobre a filosofia e os objectivos do WEF. Porque é impossível completar o puzzle da realidade que vivemos actualmente, sem aceder a essas peças que faltam.