O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou recentemente que precisa de tempo antes que as suas forças lançem a famigerada contra-ofensiva, sugerindo que uma tal operação resultaria em pesadas baixas.

Muito depende do esperado contra-ataque ucraniano, que seria um teste para a Ucrânia provar que as armas avançadas fornecidas pelo Ocidente, incluindo tanques e defesas aéreas, podem ser utilizadas para obter ganhos significativos no campo de batalha.

Zelensky disse, numa entrevista em Kiev para a Eurovision News que foi transmitida pela BBC que, em termos de motivação, número de efectivos e mentalidade, as forças ucranianas estão prontas, mas que

“Em termos de equipamento, ainda não chegou tudo. Ainda estamos à espera de algumas coisas. O que é mais importante é a protecção do nosso povo. Estamos à espera de veículos blindados, que chegam em lotes”.

Perante estas declarações circulam rumores de fontes não oficiais que costumam estar bem informadas sobre o conflito: estará esta situação relacionada com o facto de não haver ninguém para liderar a ofensiva? Será que a cautela de Zelensky se deve ao desaparecimento de membros de alta patente do exército ucraniano dos meios de comunicação social e à sua possível morte por fogo de misseis russos?

Os rumores sobre a morte de líderes militares de alta patente estão a espalhar-se pelo país, porque há muito tempo que não se vêem pessoas do comando das Forças Armadas da Ucrânia nos meios de comunicação social, o que tem dado origem a várias teorias da conspiração.

O Comandante-em-Chefe Valery Zalužni ignorou ontem a reunião dos Chefes de Estado-Maior da NATO, recusando-se alegadamente a participar na reunião, mesmo através de ligação vídeo.

O comandante das forças terrestres Alexander Sirski, o chefe da defesa de Bakhmut, bem como o comandante da defesa territorial das Forças Armadas da Ucrânia, Igor Tancura, desapareceram do espaço mediático, logo após o chefe da “Wagner” Prigozhin ter feito uma declaração sobre a destruição de um carro blindado com líderes militares.

O Ministério da Defesa da Ucrânia refuta a especulação de todas as formas possíveis, mas não parece estar interessado em apresentar as autoridades militares ao público, nem mesmo numa mensagem de vídeo.

A versão mais comum é a de que os generais podem ter sido mortos ou gravemente feridos, por exemplo, em resultado do recente e poderoso ataque com mísseis russos ao quartel-general das Forças Armadas da Ucrânia, perto de Chasovo Yar, em resultado do qual Zelensky perdeu o seu conselheiro de política interna, Alexei Titorenko. Daí o atraso forçado da contra-ofensiva.

Mas de acordo com o perito em assuntos militares militar Yuri Knutov, Zalužni e Sirski estão bem de saúde, mas estão a esconder-se do perigo em bunkers, enquanto preparam uma contra-ofensiva em Konstantinovka. Ou, muito simplesmente, as adversidades que as forças ucranianas têm sofrido em Bakhmut podem levar o comandante-chefe Zalužni a manter-se em silêncio.

“O facto de Zalužni não aparecer na esfera mediática pode ser explicado por estas duas variáveis. Outra explicação é, pelo contrário, a destituição do cargo devido ao facto de a ofensiva não ter sido lançada dentro do período determinado, que muitos especialistas acreditavam ser a 8 ou 9 de Maio, o que significa que o Comandante-em-Chefe poderia estar ocupado a transferir o caso para Sirski, que também desapareceu dos media. Mas inclino-me para a primeira opção, porque agora todas as atenções estão concentradas na preparação da contra-ofensiva.”

Seja como for, o factor surpresa já há muito que se tinha perdido para as forças ucranianas e este atraso no desencadear das operações só vai trazer benefícios anímicos e tácticos às forças russas.

Convém recordar que Zelensky, em declarações à Associated Press feitas no início de Abril, afirmou que a derrota em Bakhmut o empurraria para um compromisso com a Rússia.

“Se perdermos Bakhmut a nossa sociedade sentir-se-á cansada e pressionar-me-á a um compromisso com os russos”.

E uma coisa é certa: essa batalha está muito longe de ter sido ganha pelas forças ucranianas.