Num monólogo de Agosto passado, que vale a pena recuperar, Neil Oliver faz um justíssimo e urgente apelo: agora que sabemos dos erros criminosos e dos abusos totalitários que foram cometidos pelos governos ocidentais a propósito de uma gripe com índices de mortalidade marginais; agora que temos uma ideia concreta sobre as vidas que foram destruídas, os pequenos negócios que foram aniquilados, a geração de crianças e adolescentes que foi traumatizada, os cidadãos inconformistas que foram marginalizados e ridicularizados e censurados não em nome da saúde pública, mas do autoritarismo ideológico; agora que sabemos como os recursos públicos foram desperdiçados por monstruosa incompetência ou maliciosa volição; agora que percebemos como o vírus chinês foi utilizado como instrumento para alargar o poder dos estados e do capitalismo corporativo sobre a sociedade; agora que até a ciência foi descredibilizada e instrumentalizada em função da ambição e da ganância; agora que é claro o papel que teve a imprensa nesse assalto às garantias constitucionais e aos direitos de cidadania; agora que os excessos de mortalidade não Covid ameaçam superar a mortalidade Covid, será talvez o momento de responsabilizar os responsáveis, criminalizar os criminosos ou, no mínimo, correr com eles dos governos, das redacções, das comissões, dos conselhos de administração, das academias e dos aparelhos burocráticos do estado; da vida pública, em suma.

 

 

É claro que Neil Oliver sabe que este apelo é apenasmente retórico. É possível, sim, que o tribunal da história acabe por condenar os tiranos, os assassinos, os prestidigitadores e os oportunistas que a pretexto da gripe chinesa convocaram a orgia satânica a que fomos submetidos. Mas no tempo real, vão sobreviver impunes aos seus pecados capitais. E é por demais evidente que não podemos expectar que estas criaturas vis abandonem as posições proeminentes que ocupam por iniciativa própria. Vão legitimar os crimes, vão insistir na mentira, vão assobiar obscenidades, vão inventar novos pânicos, vão criar manobras de diversão, vão sacudir a água do imundo capote, vão fazer tudo o que for possível para conservar os poderes e os privilégios que obtiveram à margem da lei e da virtude moral.

Só nos livramos deles quando nos livrarmos deste mundo infecto, no epílogo equalizador de tudo: a lei da morte.