“A lot of people wonder why I’m so into the idea of the UFO phenomenon. Why I’m working with all these people at the Central Intelligence Agency, and so on, and why am I so passionate about this weird little sci-fi kind of thing. Well, the reason is, it is super-cool, it is super-fascinating and it is scary as hell.”
Tom Delonge

 

 

1. Novos Encontros Imediatos.

O Pentágono tem vindo, desde aqui há uns cinco anos para cá, a divulgar imagens de “encontros imediatos” com objectos voadores não identificados. A razão desta abertura sobre fenómenos que eram, até há muito pouco tempo, matéria ultra secreta nos corredores das forças armadas e das agências de inteligência americanas, não é clara. E, dado o contexto contemporâneo meio ensandecido destas forças e destas agências, importa duvidar da honestidade dos seus motivos. Não sabemos, por exemplo, se esta inédita filosofia não se justifica apenas pela vontade de criar um novo medo nas populações, de forma a esticar e tornar permanente o autoritarismo dos estados sobre os cidadãos. Nem temos maneira de saber se as imagens divulgadas pelo Pentágono e se as afirmações de antigos quadros da CIA, são ou não de base fraudulenta. O Pentágono, como a CIA, como o FBI, como a NSA, merecem hoje em dia o mesmo grau de credibilidade que uma associação de amigos dos monstros que vivem debaixo da cama.

Há, ainda assim, a hipótese das imagens serem genuínas. Jeremy Corbell e George Nap, que são civis, receberam em 2021, de fonte anónima, imagens fotográficas e em vídeo que documentam, aparentemente, mais um desses encontros da marinha americana com um enxame de OVNIs, ocorrido em 2019. As imagens foram captadas a partir do USS Russel e do USS Omaha e o Pentágono confirmou entretanto que são autênticas e que a natureza do fenómeno está por explicar.

 

 

É claro que, acreditando na sua autenticidade, estas imagens podem apenas registar veículos de engenharia secreta e terráquea (americanos ou chineses ou coisa que o valha). Não sabemos. É claro que a luminosidade intermitente destes objectos é suspeita porque remete para protocolos da aviónica. Mas o seu comportamento dinâmico, que desafia completamente as leis da física e deixa pilotos, peritos da aviação e oficiais de controlo aéreo de queixo caído, bem como a multiplicidade de naves em cada evento e a diversidade de eventos similares, intrigam qualquer espírito curioso.

Jeremy Corbell foi chamado a um segmento do “Tucker Carlson Tonight” para falar sobre o assunto, mas não ajuda muito a descortinar o mistério:

 

 

É perceptível que há muita gente que já foi mais crente na vida inteligente extraterrestre do que é hoje, o autor deste texto inclusivamente, porque quanto mais se sabe sobre a natureza do cosmos, porque quanto mais se sabe sobre a miríade de condições que foram necessárias ao surgimento de vida inteligente na Terra, mas difícil é acreditar que o fenómeno aconteça frequentemente noutro lado qualquer, pelo menos ao mesmo tempo que está a acontecer aqui. E mesmo que civilizações inteligentes coexistam temporalmente, a imensidão do universo torna muito difícil e improvável o contacto. E mesmo que esse contacto fosse tecnologicamente possível, pode ser sensorialmente impraticável, já que inteligências concomitantes podem ser ontologicamente incompatíveis (ver capítulo 1 deste ensaio).

Tudo isto, porém, não estraga a volição inquisitiva. E seria bom, em princípio, saber que raio de coisas andam a voar, anónima, atrevida e impunemente, sobre os céus do planeta.

 

 

2. Precisamos de saber mais sobre o fenómeno OVNI. Ou não?

Apesar de até o Pentágono reconhecer que andam por aí uns objectos cuja existência e características técnicas são difíceis de explicar, o assunto dos OVNIs continua por explorar, tanto no sentido jornalístico como nas vertentes científica e académica.

Ainda assim, uma vez por outra, conseguimos encontrar um bom trabalho de investigação ou um artigo mais sério sobre aquela que será uma das grandes questões colocadas à humanidade. É o caso deste documentário, produzido pelo canal australiano 7NEWS Spotlight.

Do caso Nimitz ao incidente de Westtal, os factos e as testemunhas falam com eloquência. Se estes fenómenos estão ou não relacionados com vida inteligente extra-terrestre, não sabemos. Mas que são reais, como é real o esforço continuado e concertado para os omitir, disso não parece existir muita margem para dúvidas.

 

 

A extensa entrevista de Curt Jaimungal a Ross Coulthart, o autor deste documentário, é verdadeiramente arrepiante. Uma das conclusões fundamentais que dela se podem retirar é esta: se calhar, os estados que têm escondido a verdade sobre o fenómeno OVNI dos seus cidadãos, têm boas razões para isso. Se calhar, a verdade é de tal forma terrífica que não estamos preparados para ela (será difícil encontrar um texto no ContraCultura que defenda esse princípio, mas abre-se aqui uma excepção). Se calhar, vivemos melhor na Terra sem saber o que se passa nos céus. Se calhar, os alienígenas não são tão bem intencionados como gostamos de pensar.

A entrevista é de longo formato, mas tem os segmentos catalogados no timeline, pelo que o leitor pode apontar para os temas que lhe interessarem mais. O vídeo foi codificado para começar num segmento em que Ross Coulthart fala dos emails trocados entre Tom Delonge e altos quadros do Pentágono, da CIA e de empresas fabricantes de armamentos de última geração, que corroboram a surrealista tese de que o famoso punk rocker dos Blink-182 e fundador da To The Stars Academy teve de facto acesso a informação confidencial e privilegiada sobre o fenómeno OVNI e que deixam no ar a pergunta: se Tom Delonge não mentiu sobre esses encontros, terá também dito a verdade sobre o que nesses encontros lhe disseram? E o que ele diz que lhe disseram é de doidos: o cosmos é palco de um duelo bíblico entre anjos e diabos intergalácticos que tem as suas repercussões no planeta Terra, onde se trava uma batalha interminável entre o bem e o mal. A facção satânica destes deuses astronautas promove e provoca a guerra entre as civilizações terráqueas, porque se alimenta da energia libertada pelo sofrimento humano.

Bom Deus.

Uma outra circunstância que é quase palpável nas palavras de Ross Coulthart é que a temática está de tal forma embrulhada num complexo de desinformação e mito; de tal forma catalogada numa biblioteca labiríntica de teorias e contra-teorias, entre a fé, o cepticismo, a fraude e a manipulação; de tal forma soterrada por várias camadas de secretismo, especulação e ruído, que é praticamente impossível a qualquer investigador chegar à verdade. Como sempre nestas situações, a narrativa será fabricada pelas elites e “oferecida”, de cima para baixo, pelas “autoridades”. É aliás o que já está a acontecer com a recente política de revelação a conta gotas por parte do Pentágono. E essa narrativa nunca será respeitadora dos factos. Será sempre uma parte da verdade. A parte politicamente conveniente.

Mas, lá está, pode muito bem acontecer que a verdade seja excessiva, por muito que custe escrever esta frase.

Seja como for, é de crer que a fenomenologia OVNI nunca será conhecida em toda a sua realidade. Não no tempo das nossas vidas.

 

 

 

3. O fenómeno OVNI como ameaça à segurança das nações. Ou como instrumento de alienação dos cidadãos.

É certo e sabido: quando monumentos mediáticos dedicados à falsificação da realidade como a CBS em geral e o programa “60 Minutes” em particular se dedicam ao assunto dos OVNIs, o tema perde logo muita da sua já escassa credibilidade. Hoje em dia, qualquer blog amador, qualquer página obscura do Facebook, qualquer entrada no Reddit apresentam maiores índices de fiabilidade que estes farsantes.

Ainda assim, este testemunho de um ex-piloto da marinha norte americana parece sério o suficiente para merecer a nossa atenção. Ao minuto 4’55”, o tenente diz que observava OVNIs com frequência diária, quando voava o seu jacto.

 

 

O relato não pode deixar de ser espantoso e liberta uma questão central, que é de ordem eminentemente securitária: como é que as forças armadas da maior potência militar do mundo convivem com esta intrusão nas suas áreas de interesse exclusivo? Como é que é possível que o Pentágono ande a assobiar para o lado há décadas, como se nada fosse? Não é esta situação um perigo claro e presente que fragiliza a segurança da América e do mundo? Não são estes objectos que ignoram as leis da física e da termodinâmica com escandalosa desfaçatez, bem como os protocolos de acesso a no fly zones, uma ameaça séria aos sistemas de defesa internacionais?

Das duas quatro:

a) Os objectos são de fabrico humano e americano e o Pentágono sabe disso e tem tentado, ontem como hoje, criar uma cortina de fumo sobre o secreto projecto;

b) Os objectos são de fabrico humano mas não americano e o Pentágono sabe disso e está a tentar, ontem como hoje, encobrir a sua evidente fragilidade tecnológica e militar;

c) Ninguém sabe o que são e de onde provêm e que missão trazem estas assombrosas máquinas voadoras e o Pentágono não quer assumir, ontem como hoje, a sua ignorância, incompetência e iliteracia científica perante a América e o mundo;

d) Tudo isto não passa de uma ambiciosa operação de desinformação do público que visa a sedimentação do medo junto dos cidadãos, de forma a perpetuar o controlo social e as medidas de anulação de direitos e liberdades fundamentais que têm vindo a ser implementadas nos últimos anos, a propósito de pandemias e pânicos climáticos.

Seja como for, o sumário da situação é bastante inquietante. E, na medida em que estes objectos parecem extremamente interessados em observar equipamentos militares, um bocadinho assustador.

 

 

4. O Síndroma do Balão Meteorológico.

Este genial comentário a um clip que põe em causa a credibilidade dos vídeos do Pentágono sobre UAPs (Unidentified Aerial Phenomena, a nova nomenclatura para Unidentified Flying Objects) é um divertido e pertinaz sinal dos tempos:

Como já foi referido, o Pentágono é hoje uma instituição de tal forma descredibilizada que inverte completamente os papeis que até aqui preencheram o imaginário popular relativo aos OVNIs. Depois de décadas em que as mais delirantes teorias sobre os pequenos homens verdes provinham essencialmente da sociedade civil, e que chocavam frontalmente com o silêncio e o cepticismo das “autoridades”, das instituições militares e da academia; passámos subitamente para a circunstância meio esquizofrénica de ser o Pentágono a promover a desinformação e os cidadãos a travarem, com reticente desconfiança, bom senso e humor, o livre curso dessas locomotivas de propaganda, que ninguém sabe exactamente onde vão parar e que obscuros objectivos levam na viagem.

Há mais exemplos desta bem humorada, céptica e saudável abordagem do público à desinformação das “autoridades” sobre o fenómeno OVNI, aqui.

A verdade é que, quanto mais imagens dúbias o Pentágono traz à luz pública, mais reticentes ficamos sobre a sua fidedignidade. E mais desconfiados permanecemos sobre a real motivação dessas revelações.

A ver vamos.