No lançamento do primeiro tema musical do projecto ContraCantigas, é pertinente uma pequena introdução a este esforço de criação.

O ContraCultura nasce de uma vontade, em certo sentido indomável, de fazer a reportagem desta espécie deprimente de fim dos tempos que testemunhamos no Século XXI. Mas também, de contrariar essa tendência com produção de cultura, com ênfase na intervenção política e social. Nos dois anos da sua actividade, o Contra tem publicado, se não com a constância desejada, com a regularidade possível, ensaios, manifestos, crítica literária e poesia, que se enquadram nos valores filosóficos, morais e ideológicos que defende e na crítica que faz às tendências decadentes das artes contemporâneas.

Esta rubrica vem assim reforçar essa produção. Trata-se sem dúvida de um esforço amador, mas determinado em criar música alternativa e de intervenção, que escape às narrativas dominantes e à tirania do pós-modernismo.

Música, letra e edição vídeo de todos os temas que serão publicados são, salvo quando indicado, da exclusiva autoria do Contra.

 

 

Zombieland

Este é o tempo dos mortos vivos.
O momento em que os teus filhos são cativos
de pedófilos, durante o teu sono.
A hora, apocalíptica, do abandono.

Sobre a tua identidade és falecido
e ressuscitado frankenstein, jazes entorpecido
pela força hipnótica do telejornal.
És flor fútil ou pior ainda: vegetal.

A tua humanidade foi espoliada
por tiranos e turbas que reduziram a nada
uma ideia, frágil, de civilização.
Na alcateia de lobos, és cão.

Na estrada para a perdição,
não és mais que uma alma danada:
És zombie em terra queimada.
És zombie em terra queimada.

Na alcateia de lobos, és cão,
És caça p´ra cladeirada:
És zombie em terra queimada.
És zombie em terra queimada.

Este é o tempo dos mortos vivos.
São substituídos por selvagens os nativos
e o teu voto cai na caixa falida
da democracia vã, e perdida.

Sobre a tua identidade és falecido,
alimentado d’ilusões, por mentiras confundido:
Estás longe da verdade pura
Como Cristo da sepultura.

A tua humanidade foi espoliada
por ordem dos que mandam na manada;
és vazio e volátil e irrelevante
como no safari, o elefante.

Na estrada para a perdição,
não és mais que uma alma danada:
És zombie em terra queimada.
És zombie em terra queimada.

Na alcateia de lobos, és cão,
És só mais um boi na manada:
És zombie em terra queimada.
És zombie em terra queimada.

Este é o tempo dos mortos vivos
e tu, que obedeces e engordas, tens motivos
p’ra chorares a liberdade acabada:
És zombie em terra queimada.

Sobre a tua identidade és falecido,
alimentado d’ilusões, por mentiras confundido:
Estás longe da verdade pura
Como Cristo da sepultura.

Na estrada para a perdição,
não és mais que uma alma danada:
És zombie em terra queimada.
És zombie em terra queimada.

Na estrada para a perdição,
não és homem, não és nada:
És zombie em terra queimada.
És zombie em terra queimada.

 

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