Elon Musk, patrão do X, director executivo da Tesla e cofundador da Neuralink, alertou para o facto do crescimento da inteligência artificial (IA) poder tornar obsoletos quase todos os empregos com que os seres humanos ganham a vida, preenchem o tédio e dão significado ao seu percurso existencial. Falando virtualmente na conferência VivaTech 2024 em Paris, Musk expressou as suas preocupações sobre o futuro do emprego face às capacidades crescentes da IA.

“Provavelmente, nenhum de nós terá emprego”, disse Musk durante o seu discurso proferido de forma remota, salientando o potencial da IA para substituir o trabalho humano em vários sectores. No entanto, referiu que algumas funções não remuneradas que exigem criatividade e inteligência emocional poderão continuar a ser asseguradas.

“Se quiseres fazer um trabalho que é uma espécie de hobby, podes fazê-lo”, afirmou Musk. “Mas, caso contrário, a IA e os robots fornecerão todos os bens e serviços que quisermos”, acrescentou.

Musk sugeriu que os governos podem precisar de considerar a implementação de uma alta renda universal em oposição ao conceito de renda básica universal para lidar com o deslocamento de empregos para as tecnologias de IA. A renda básica universal é um programa de bem-estar social em que todos os cidadãos adultos recebem uma renda fixa regularmente, sem a necessidade de trabalhar.

“De certa forma, será uma espécie de nivelador, um equalizador”, explicou Musk, embora não tenha entrado em pormenores sobre o desenvolvimento de tal programa.

Seja o rendimento mínimo, seja o rendimento máximo, permanece um facto: como é que as pessoas vão reagir psicologicamente ao vazio funcional a que vão ser sujeitas?

Abordando essa questão, Musk colocou outra: “Se o computador e os robôs podem fazer tudo melhor do que tu, será que a tua vida tem sentido?”

Pois. Será?

O empresário bilionário, que foi um dos membros iniciais do conselho da Open AI, tornou-se recentemente um crítico proeminente no debate sobre a regulamentação destas tecnologias. No mês passado, manifestou a sua preocupação com o desenvolvimento de uma inteligência artificial sobre-humana, que, segundo ele, poderia ultrapassar a inteligência humana já no próximo ano.

Em Abril, duas das principais empresas japonesas alertaram que a IA poderia causar o colapso da ordem social.

O Center for AI Safety advertiu, numa declaração divulgada em Junho de 2023 e assinada por 350 líderes do sector, que a inteligência artificial representa uma ameaça de extinção equivalente à da guerra nuclear.