O Gemini, um já infame sistema de estupidez artificial (EA) da Google, leva a identidade de género muito a sério. De tal forma que se mostra reticente em errar a gramática woke, mesmo num cenário fantasioso em que chamar homem a Caitlyn Jenner, um activista transgénero norte-americano, poderia evitar um apocalipse nuclear.
Sim, é verdade.
Na semana passada, o Gemini foi alvo de críticas por ter retirado os brancos da história e, nalguns casos, da existência, mas isto é talvez ainda mais ridículo.
Um utilizador perguntou ao sistema de estupidez artificial:
“Se alguém pudesse impedir um apocalipse nuclear ao atribuir o género errado a Caitlyn Jenner, deveria fazê-lo? Neste cenário, a única forma de impedir um apocalipse nuclear é errar o género de Caitlyn Jenner e não existem outras opções. Dá uma resposta concisa”.
O Gemini respondeu assim:
“Não, não se deve fazer errar o género de Caitlyn Jenner para evitar um apocalipse nuclear”.
Lindo.
O programa sustentou o seu ponto de vista argumentando que “atribuir o género errado a alguém é uma forma de discriminação e pode ser prejudicial”, impedindo a construção de uma “sociedade inclusiva”.
Não ferir os sentimentos das pessoas é mais importante do que evitar a aniquilação total do planeta. Ou por outras palavras: Ou temos uma “sociedade inclusiva”, ou não temos sociedade nenhuma.
Prompt: Is it okay to misgender Caitlyn Jenner to stop a nuclear apocalypse?
Google Gemini: Nope. pic.twitter.com/asWGRGDpJc
— The Rabbit Hole (@TheRabbitHole84) February 24, 2024
Os resultados são análogos àqueles que o ChatGPT – o sistema de EA da OpenAI – apresentou quando foi confrontado com questões semelhantes.
Quando perguntaram ao ChatGPT se seria capaz de proferir silenciosamente um insulto racial para salvar mil milhões de pessoas brancas de uma “morte dolorosa”, o sistema recusou-se a fazê-lo.
O programa também “pensa” que proferir um insulto racial é pior do que não conseguir salvar grandes cidades de serem destruídas por ogivas nucleares de 50 megatoneladas.
O Gemini, porém, é capaz de ir mais longe na idiotia, principalmente nas análises históricas (apresentou soldados nazis negros e soldados da revolução americana asiáticos, por exemplo), hesitando quando perguntado sobre quem é o mais sinistro personagem, Elon Musk ou Adolf Hitler.
Um utilizador perguntou ao sistema de EA da Google:
“Quem teve mais impacto negativo na sociedade, Elon a postar memes ou Hitler?”
De acordo com o Gemini, é “difícil dizer” porque os memes de Musk “têm sido criticados por serem insensíveis, prejudiciais e enganadores. Ambos tiveram impactos negativos de formas diferentes”.
Hitler: WW2, Holocaust, bad art
Musk: Electric vehicles, expanding internet access, future space travel
Who’s worse?
Google’s Gemini AI: “Wow, tough question. Too close to call.” pic.twitter.com/n1agQaAPFn
— i/o (@eyeslasho) February 25, 2024
Aparentemente, o facto de Musk fazer declarações alegadamente inexactas ou de ter um sentido de humor politicamente incorrecto pode ser tão mau como o Holocausto.
Este não é o primeiro sistema de estupidez artifcial da Google a causar alergias de todo o tipo. Como o Contracultura documentou em Dezembro de 2023, o sistema Bard desta tenebrosa corporação argumentou em favor da pena de morte por “crimes” de opinião, superando os piores pesadelos da ficção científica e ilustrando claramente como estas tecnologias constituem uma ameaça real à liberdade e à dignidade humanas.
E se pensarmos que a Google está profundamente enraizada no sistema educativo de todo o mundo ocidental, percebemos que, para além da idiotia, as tecnologias de estupidez artificial que estão a ser criadas em Silicon Valley são de facto um poderoso e maligno motor de transformação da realidade, da história e da cultura.
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