Se há um boneco que resume o momento que estamos a viver, é o de um grupo de pessoas meio dementes, com 80 anos de idade, sentadas a gritar sobre coisas que não compreendem de todo. Esta é a definição do actual governo global, uma organização dirigida por pessoas que não se preocupam com o futuro porque não têm um. Talvez não haja ninguém no mundo que se preocupe menos com o futuro do que o czar do clima John Kerry, que faz 80 anos na próxima semana. Kerry apareceu no outro dia numa conferência no Médio Oriente e anunciou que, na sua idade avançada, se tornou um militante contra as centrais eléctricas a carvão:

“Não deveria haver mais nenhuma central eléctrica alimentada a carvão em actividade no mundo. É assim que se pode fazer algo pela saúde das pessoas e do planeta. E a realidade é que não o estamos a fazer. Estou a tornar-me cada vez mais militante porque não compreendo como é que os adultos que estão numa posição de responsabilidade podem estar a evitar o dever de eliminar as coisas que estão a matar pessoas diariamente.”

Ora, este é um famoso emissário do governo dos Estados Unidos. Trata-se de um antigo candidato presidencial e de um senador. Mas a verdade é que absolutamente ninguém quer saber o que John Kerry pensa ou sequer o ouve, graças a Deus. Os líderes de grande parte dos países do mundo compreendem que o que ele está a dizer é um disparate totalmente insano, porque são pessoas com economias que precisam de cuidar e povos que precisam de alimentar. Não têm tempo para se prejudicarem a si próprios. A China, por exemplo, queima mais carvão por ano do que o resto do mundo em conjunto, e isso não vai mudar. Na verdade, está a acelerar. Este ano, os chineses produziram mais 14% de eletcricidade a partir do carvão do que no ano passado. O mesmo se passa na Índia, onde 80% de toda a electricidade provém do carvão. Não são números pequenos considerando que estes dois países representam um terço da população mundial. E não se trata apenas da Índia e da China. No ano passado, a Indonésia queimou mais 33% de carvão do que no ano anterior, e assim por diante. É preciso também ter em conta que a queima de carvão para produção de eletricidade pouco se assemelha ao que era antigamente. Existem depuradores de emissões bastante sofisticados. Não é tão mau como já foi para a qualidade do ar. Mas será que John Kerry sabe disso? Será que ele se importa? Provavelmente não. O aquecimento global pode ser global por definição, mas de acordo com John Kerry e todos os outros na administração Biden e nos corredores de Bruxelas e nos labirintos de Davos, apenas o Ocidente causa aquecimento global. Reparem como Kamala Harris ameaça todos os que se recusam a acreditar na narrativa elitista/globalista:

“Em todo o mundo, há quem procure abrandar ou parar o nosso progresso. Líderes que negam a ciência do clima, atrasam a acção climática e espalham a desinformação. Empresas que evitam a acção climática e recebem biliões de dólares em subsídios aos combustíveis fósseis. Perante a sua resistência e no contexto deste momento, temos de fazer mais.”

Nas entrelinhas: obedeçam ou fazemos-vos mal. Numa sociedade saudável e decente, esta narrativa devia ser submetida ao clássico critério binário: É verdadeira ou falsa? As pessoas que a propagam são honestas ou mentirosas profissionais? Mas no Ocidente dos tempos que correm, a questão de saber se algo é verdadeiro ou falso é irrelevante. A única coisa que importa é obedecer ao regime pelo que a única questão que os poderes instituídos colocam é a da “desinformação”. O único crime é o de questionar o que as as elites estão a fazer. E quem for culpado vai ser castigado por Kamala Harris. E se lhe parece, caro leitor, que pessoas como a vice-presidente americana e o seu czar do clima estão a ficar muito mais radicais ultimamente, é porque estão mesmo. Não é a sua imaginação a fazer horas extraordinárias, estimada leitora. À medida que o grande projecto do neo-liberalismo fracassa espetacularmente em todo o mundo, desmoronando sob o peso do seu próprio absurdo, as pessoas que lideram o projecto tornam-se inevitavelmente mais histéricas, alienadas e apocalípticas. Nesta altura do campeonato, são seculares profetas do apocalipse. Estão a gritar pelo dia do juízo final como se factual e literalmente não houvesse amanhã. Mas a questão é: como é que nós os governados podemos evitar o histerismo dos governantes? Porque esta abordagem escatológica dos líderes das sociedades ocidentais tem consequências devastadoras na realidade das nossas vidas.

As elites globais costumavam fingir que se preocupavam com as pessoas, mas já nem sequer fingem. Ei-los a voar nos seus jactos privados, incluindo o primeiro-ministro britânico, o seu secretário dos negócios estrangeiros, o rei Carlos, o Kerry, a Kamala, as estrelinhas de Hollywood, os senhores do universo de Wall Street e Silicon Valley, todos eles a voar alegremente para cá e para lá, sem grandes preocupações com a sua gigantesca pegada de carbono, no preciso momento em que estão a aumentar os preços da energia para níveis historicamente recordistas e a exigir o encerramento das centrais de carvão, o que significa que as pessoas vão queimar madeira e estrume na China e vão passar fome e não terão o suficiente para comer e haverá motins nas ruas. A verdade é que as elites estão a expressar aberta e descaradamente o seu ódio à humanidade, particularmente o ódio aos trabalhadores, a toda a gente no Ocidente que se encaixa da classe média para baixo, que eles tanto odeiam, mas também aos povos de países como a Índia, a China e a maior parte das nações de África, onde as pessoas lutam por uma vida melhor. E é isso que o carvão tem tradicionalmente proporcionado. O que é interessante, claro, é que a alternativa óbvia ao carvão é o gás natural. Se nos preocupássemos com as alterações climáticas, produziríamos mais gás natural, porque é abundante e produz metade das emissões de carbono do carvão. Os Estados Unidos reduziram as suas emissões de carbono em 22% entre 2005 e 2020, sendo que 61% dessa redução resultou apenas da mudança do carvão para o gás natural. Mas John Kerry e os outros activistas do clima são também contra o gás natural e têm vindo a contrariar a sua produção.

Os pilares da civilização são a energia barata, a meritocracia, a lei e a ordem e a liberdade de expressão. E todos esses quatro pilares estão actualmente a ser atacados. Começa-se por acabar com a energia barata porque não se pode manter a civilização moderna sem ela. Sabemos que não poderíamos ter tido a Revolução Industrial se não tivéssemos encontrado carvão e não o tivéssemos utilizado na máquina a vapor. Por isso, o ataque à energia barata é verdadeiramente um ataque à civilização moderna, uma agressão que nos deve assustar e em relação à qual devemos estar deveras atentos. O ambientalismo, que costumava ter um lado utópico e positivo, já não existe. Gente como Al Gore, Greta Thunberg, Roger Hallam e organizações como a Extinction Rebellion e a Just Stop Oil tornaram-se pináculos de um niilismo anti-humano e sombrio, em nome de um suposto apocalipse que nunca se concretiza. E se esta gente, de uma maneira mais ou menos subtil, ainda tentava esconder um pouco o seu ódio pela humanidade, nos últimos anos pós-pandemia tiraram as luvas e as máscaras.

Neste momento, as redes eléctricas nos Estados Unidos e na Europa estão em sério risco, mas os líderes alemães e espanhóis, por exemplo, estão a fechar ou já fecharam as suas centrais nucleares. Nos Estados Unidos, as reservas petrolíferas atingiram níveis preocupantes, mas o regime Biden está a impedir a concessão de novas explorações e a reduzir as que estão em actividade.

 

 

É verdade que está finalmente a tornar-se óbvio para as pessoas que o apocalipse climático é um esquema fraudulento de obtenção de poder e de empobrecimento das massas e que os agentes da sua promoção odeiam realmente a civilização, ou pelo menos odeiam a civilização para os outros, querem-na apenas para si próprios e estão presos a uma filosofia sinistra e realmente dogmática, uma espécie de culto da morte, na medida em que procura reduzir drasticamente o fornecimento da energia que é necessária para manter biliões de pessoas vivas.

Daqui se infere que o catastrofismo climático é anti-humano. É uma religião contra a humanidade.