Não me perguntem pelo que quero no sapatinho, sinceramente. Porque o que eu quero no sapatinho é que a conta do Alberto Gonçalves no X conserve 365 dias de silêncio. Que os militantes do Partido Socialista e do Partido Social Democrata e do Partido do Diabo que os Carregue ganhem vergonha. Que a Europa cesse de ser invadida por pessoas, que até podem ser as melhores pessoas do mundo, mas que não são europeias. Ser europeu é de uma especificidade maluca e é difícil viver na Europa se não se for daqui e é difícil aos europeus terem que conviver com as melhores pessoas do mundo que daqui não são.
Não me perguntem pelo que quero no sapatinho, é melhor que não me perguntem porque caso contrário vou ter que tornar público o que realmente desejo e o que realmente desejo é inconveniente à brava, por exemplo: quero que a Segunda Circular corra sem parvalhões que pensam que estão a salvar o planeta por causa de pararem o trânsito na Segunda Circular. Por exemplo: quero que os homens que gostam de praticar sexo com outros homens cumpram esse desígnio com tranquilidade e recato e que não façam disso política porque é quando fazem política disso que me enervam.
Não me perguntem pelo que quero no sapatinho, na medida em que eu prefiro andar descalço do que ter como presidente do meu país um filho de meretriz como aquele que preside ao meu país.
Não me perguntem pelo que quero no sapatinho, porque eu vou dizer Chega, mesmo que considere repelente o rapaz que faziam comentários futebolísticos no canal de televisão do Correio da Manhã.
Não me perguntem pelo que quero no sapatinho, já que as probabilidades apontam para que vos diga: Donald Trump vezes dez, personagem pelo qual nutro consideração intelectual próxima à que devo à minha colecção de cuecas.
Sim, não me perguntem pelo que quero no sapatinho, que é inquérito de sapateiro e que merece réplica de canalizador, porque o que eu realmente desejo, com todo o poder da minha vontade, é muito simplesmente: que a iniquidade das elites corra livremente para o esgoto da existência.
Não me perguntem pelo que quero no sapatinho, porque o meu calçado é esquisito e não aceita palmilhas corporativas, globalistas, liberais, socialistas, sionistas, fascistas, maniqueístas, pagãs e toda a restante quantidade de solas interiores que estão a vender ao desbarato nas feiras de Bruxelas, nos saldos de Davos, nas promoções de Wall Street e nas liquidações de Washington.
Não me perguntem pelo que quero no sapatinho, para não terem que considerar a hipótese do escorpião dentro do sapatinho.
Não me perguntem pelo que quero no sapatinho, não cometam esse dislate de cortesia vã, já que as probabilidades apontam para que eu responda como um bruto: bardamerda com o sapatinho e ajoelha-te perante a cruz.
Não me perguntem pelo que quero no sapatinho, para não me obrigarem à profissão de fé de todas as miss universo da história universal dos concursos de beleza, porque aquilo que realmente ambiciono é PAZ na Terra.
Não me perguntem pelo que quero no sapatinho, porque a minha resposta inevitável será sempre qualquer coisa deste género: tenho 56 anos disto, deixem-me a sós com a verdade de Cristo e vão à vossa vida.
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