A Casa Branca começou a realizar despedimentos em grande escala na sexta-feira passada, como retaliação pela paralisação prolongada do governo, incluindo o fecho total de uma agência do Departamento do Tesouro dos EUA.
De facto, toda a equipa do Fundo de Instituições Financeiras Comunitárias (CDFI) recebeu um aviso de despedimento na sexta-feira. A eliminação do programa ocorre depois de os funcionários da Casa Branca terem alertado repetidamente que o governo iria procurar despedimentos em massa e cortes orçamentais se os democratas não invertessem o rumo e reabrissem o governo.
A agência emprega 102 funcionários a tempo inteiro, de acordo com o seu mais recente relatório anual, publicado no início deste ano. O fundo CDFI afirma “expandir as oportunidades económicas para as pessoas e comunidades carenciadas, apoiando o crescimento e a capacidade” das instituições financeiras, mas os críticos argumentam que a agência se desviou da sua missão, para servir de braço político dos democratas.
“Os RIF começaram”, escreveu Russ Vought, chefe do Gabinete de Gestão Orçamental (OMB) do presidente Donald Trump, no X na sexta-feira, usando a sigla para “reduções na força de trabalho”. Espera-se que os despedimentos afectem departamentos de todo o governo, mas não é claro quantos funcionários federais receberão avisos de demissão.
Antes do prazo final para a paralisação, a 1 de Outubro, o OMB aconselhou as agências a elaborarem planos de redução da força de trabalho para indivíduos empregados em programas que não têm fonte de financiamento actual nem estão alinhados com a agenda do presidente.
O fundo CDFI foi visado porque o programa distribuiu ilegalmente prémios com base na raça e adoptou a ideologia de género e políticas climáticas radicais, de acordo com o funcionário do governo.
Trump assinou uma ordem executiva em Março que restringe as agências federais, incluindo o fundo CDFI, às funções a que são legalmente obrigadas, como parte dos seus esforços mais amplos para reduzir os elementos e as acções do governo federal considerados “desnecessários”.
O fundo concedeu 4,9 milhões de dólares à “Local Initiatives Support Corporation”, que publica material que condena a “brancura” no desenvolvimento comunitário. Apoiou também clínicas LGBTQIA+ que oferecem a chamada “terapia hormonal de afirmação de género” a clientes “de qualquer idade” e atribuiu 6,7 milhões de dólares à Clearinghouse CDFI, que organizou um desfile de moda promovendo as “políticas transgénero”.
Resta saber se os cortes de pessoal realizados durante a paralisação resistirão a contestações legais. Vários sindicatos federais apresentaram já uma acção judicial para impedir o governo de realizar despedimentos em massa durante a paralisação.
Everett Kelley, o presidente nacional da Federação Americana de Funcionários Públicos (AFGE), o maior sindicato de funcionários federais do país, que representa mais de 800.000 trabalhadores, disse em comunicado na sexta-feira.
“É vergonhoso que a administração Trump tenha usado a paralisação do governo como desculpa para despedir ilegalmente milhares de trabalhadores que prestam serviços essenciais às comunidades de todo o país.”
Vough, director do Gabinete de Gestão Orçamental da Casa Branca, há muito que procura reduzir o tamanho do governo e tomou medidas concretas para cortar nas despesas federais desde o início do segundo mandato de Trump.
O financiamento do governo expirou a 1 de Outubro, depois de a maioria dos democratas do Senado ter rejeitado veementemente um bipartidário projecto-lei para evitar uma paralisação da máquina federal. O líder da maioria no Senado, John Thune, já apresentou o mesmo projecto-lei seis vezes, à medida que a paralisação se arrasta, e os democratas rejeitaram o projecto em todas as ocasiões, com a contagem dos votos praticamente inalterada.
Os democratas exigiram 1,5 biliões de dólares em novas despesas para uma série de prioridades de esquerda. Os republicanos classificaram a proposta de contrafinanciamento dos democratas como morta à chegada.
Trump disse na quinta-feira que a sua administração estava a concentrar-se em cortar programas governamentais favorecidos pelos democratas.
“Estamos apenas a cortar nos programas democratas, lamento dizer, mas estamos a cortar nos programas democratas. Vamos cortar alguns programas democratas muito populares que não são populares entre os republicanos”.
O governo já cortou mais de 7 biliões de dólares em financiamento para projetos energéticos da era Biden e congelou 18 biliões de dólares em projectos de infraestruturas na cidade de Nova Iorque e mais de 2 biliões de dólares em Chicago.
O Speaker da Câmara dos representantes, Mike Johnson, disse numa entrevista no segundo dia da paralisação que acolhe favoravelmente os cortes na administração federal durante o período de interrupção do financiamento à administração pública.
“A grande ironia é que é [o líder da minoria no Senado] Chuck Schumer quem está a oferecer esta oportunidade. Sempre acreditei, disse e agi de acordo com isso, que o governo federal é demasiado grande, e não faz quase nada bem. Isto dá-nos uma oportunidade real, uma oportunidade muito rara, de reduzir o tamanho e o âmbito do governo. E espero que seja isso que vão ver em breve.”
Schumer criticou a notícia das demissões em massa nas redes sociais na sexta-feira, qualificando a iniciativa da Casa Branca neste termos:
“Isto é o caos deliberado.”
Mas na verdade, quem está a promover delibradamente o caos é precisamente o conjunto de senadores que Schumer lidera. Por exemplo: a interrupção do financiamento dos programas de alimentação às populações desfavorecidas (food stamps), decorrente da paralisação da função pública, pode levar a levantamentos populares significativos, principalmente nas grandes cidades da federação.
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