O Tejo pelas costas
O Atlântico pela frente e
Um sonho de odisseia

 

 

Sento-me na canícula da esplanada
Levanta-se uma brisa fresca –
Sexo com Deus

 

 

Venho aqui por causa
Do sol
E dos haikus

 

 

Venho aqui por causa
Do molho de mel e mostarda
Nos croquetes de alheira

 

 

No meio das dunas
Encontras paz
E bichos

 

 

Não é por acaso que ao vinho que bebo
Chamaram
Sossego

 

 

 

 

Trouxe comigo o Suetónio –
São as rotinas
que me definem

 

 

Demorei vinte minutos a chegar aqui
Nem por isso tão a leste
Do paraíso

 

 

Depois de duas semanas enfiado
No escritório, Sabe bem a luz
Desta verdade

 

 

Cometi muitos erros na vida, mas
Não sei bem se devo
Arrepender-me deles

 

 

O ContraCultura ainda não nasceu
Mas já me está
a matar

 

 

Passam aprendizes de surfistas –
A sua desastrada inocência
Emociona-me

 

 

 

 

A minha vida é estática –
O único movimento detectável
É em direcção à morte

 

 

Tanta vez leio os 12 Césares
Que hei-de acabar por morrer
Nos idos de Março

 

 

Tenho fé nas razões de Deus
Mas ainda estou por entender
Porque fui concebido

 

 

Gosto de sonhar acordado
Mas quando durmo
não

 

 

Escrevo vezes sem conta o mesmo haiku
Até que fique realmente
Imperfeito

 

 

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A Arte do Haiku: Introdução.
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