O Tejo pelas costas
O Atlântico pela frente e
Um sonho de odisseia
Sento-me na canícula da esplanada
Levanta-se uma brisa fresca –
Sexo com Deus
Venho aqui por causa
Do sol
E dos haikus
Venho aqui por causa
Do molho de mel e mostarda
Nos croquetes de alheira
No meio das dunas
Encontras paz
E bichos
Não é por acaso que ao vinho que bebo
Chamaram
Sossego
Trouxe comigo o Suetónio –
São as rotinas
que me definem
Demorei vinte minutos a chegar aqui
Nem por isso tão a leste
Do paraíso
Depois de duas semanas enfiado
No escritório, Sabe bem a luz
Desta verdade
Cometi muitos erros na vida, mas
Não sei bem se devo
Arrepender-me deles
O ContraCultura ainda não nasceu
Mas já me está
a matar
Passam aprendizes de surfistas –
A sua desastrada inocência
Emociona-me
A minha vida é estática –
O único movimento detectável
É em direcção à morte
Tanta vez leio os 12 Césares
Que hei-de acabar por morrer
Nos idos de Março
Tenho fé nas razões de Deus
Mas ainda estou por entender
Porque fui concebido
Gosto de sonhar acordado
Mas quando durmo
não
Escrevo vezes sem conta o mesmo haiku
Até que fique realmente
Imperfeito
_____________
A Arte do Haiku: Introdução.
Mais haikus no Contracultura
Relacionados
11 Nov 25
Haikus de um lugar no inferno
A arte do haiku: no fim da tempestade permaneces cristão, mesmo quando sabes que vais ser condenado na mesma. Salva-te, por enquanto, o gato que salvaste.
18 Out 25
A Criança Mágica
Contam-se as estrelas devagarinho. O número a que se chegar quando só faltarem as estrelas que há por contar é a idade da Criança Mágica. Uma fábula de Alburneo.
8 Out 25
Haikus do fundo da noite
A arte do haiku: a Marinha faz uma espécie de turismo, o grilo faz cócegas ao silêncio e a lua faz concorrência ao sol. Ao terceiro scotch, a baía ganha virtude.
1 Out 25
África a Contas.
Mais pesado que o jugo colonial antigo, reina o capital, global e sublime inimigo; guardai planos, magia fria, e deixai África criar seu novo dia! Um poema de António Justo.
5 Set 25
Cemitério da Ajuda
Aprender hei-de jamais como sobreviver aos funerais. O que é que se diz, o que é que se faz? Que me diga um infeliz que roupa é que se traz!
27 Ago 25
Novos haikus do alto da falésia
A arte do haiku: de veleiros antípodas, traineiras apressadas e fragatas temerárias ou uma tragédia marítima com sílabas a mais.








