O espetáculo geopolítico do século XXI conseguiu a proeza de transformar o que era para ser comércio internacional em um teatro tragicômico, onde regimes autoritários posam de salvadores da humanidade.
Os BRICS, este clube de países com um verniz de “cooperação econômica”, não passam de uma feira livre de autocratas, aspirantes a tiranos e burocratas sonhando com o controle absoluto de cada respiração dos seus súditos.
Enquanto a imprensa chapa-branca vende o projeto brasileiro da moeda digital estatal DREX como “modernização do sistema financeiro”, Lula enxerga nele algo bem mais útil: uma ferramenta política para confrontar Donald Trump e, por tabela, do projeto econômico norte-americano baseado no dólar como moeda de referência global. O DREX é, na prática, um passo alinhado à agenda dos BRICS, que busca reduzir a dependência do dólar e fortalecer blocos rivais (leia-se “ditaduras”) no comércio internacional.
O timing não é coincidência. Com Trump na Casa Branca, o governo petista acelera a implantação do DREX, acenando para a China e a Rússia, que já testam ou usam sistemas similares de controle monetário centralizado. Ao fazer isso, Lula não apenas busca se posicionar como um “player” relevante no eixo BRICS, mas também enviar um recado político: o Brasil não quer se alinhar a Washington – especialmente com Trump e sua política de mão pesada contra regimes e governos simpáticos ao comunismo latino-americano.
Há um cálculo geopolítico claro. Trump, que já defendeu sanções duras contra aliados do Foro de São Paulo e hoje caça Nicolás Maduro, certamente enxerga o DREX como um passo perigoso na direção de um modelo à la “créditos sociais” chinês, no qual o Estado monitora e controla cada transação. Lula, no entanto, disfarça essa motivação sob o discurso de “inclusão financeira” e “combate à lavagem de dinheiro”, enquanto constrói uma ferramenta que pode ser usada para sufocar opositores políticos e controlar fluxos econômicos sem precisar da intermediação do sistema bancário tradicional.
O DREX nada mais é que uma peça no tabuleiro ideológico. Ao tentar implementá-lo, Lula se defende da guinada conservadora nos EUA, posando de “vítima dos americanos – tal qual Fidel em Cuba – e objetivando blindar o Brasil com mecanismos que o mantenham preso ao eixo BRICS/ditaduras e, consequentemente, menos vulnerável às atuais sanções do governo Trump.
Por outro lado, enquanto a China aperfeiçoa seu sistema de “créditos sociais” – uma distopia orwelliana travestida de eficiência – o Brasil acena com seu DREX, a moeda digital que, dizem, será para “modernizar” a economia, mas que na prática servirá – como afirmei acima – para vigiar, controlar e punir quem ousar discordar da cartilha estatal. Este é o sonho molhado de qualquer ditador: transformar a conta bancária do cidadão em uma coleira invisível.
E como todo baile de máscaras precisa de música, o Foro de São Paulo rege a orquestra na América Latina, distribuindo favores e financiamentos para ditaduras e grupos terroristas com o dinheiro do tráfico internacional de drogas – este sim, o verdadeiro banco central da esquerda revolucionária. O real eixo de poder não está nas bolsas de valores, mas nos carregamentos de cocaína que alimentam partidos, movimentos e militantes. E tudo isso também vai para o terrorismo internacional, porque comunista de butique não vive só de pão; precisa também de pólvora.
No meio disso, vemos a entrada ou aproximação de países como Canadá e Austrália – ambos submissos ao Rei Charles, um monarca que flerta com agendas ambientalistas radicais e, segundo alguns, com interesses que beiram o alinhamento islâmico – vide sua submissão à uma “Tarica”. O Canadá socialista já não esconde sua tentação pelo autoritarismo “do bem”, enquanto a Austrália, após anos de restrições sanitárias brutais, parece ter apreciado o gosto do controle. Ambos caminham para o abraço caloroso do BRICS, este clube onde se fala em multilateralismo, mas se respira censura e centralização.
Do outro lado, temos as economias globalistas – ditaduras soft que oferecem um menu à la carte de liberdades condicionais. Aqui, você pode falar o que quiser, desde que não ofenda os dogmas progressistas; pode empreender, desde que aceite as regras impostas por tecnocratas sem rosto em Bruxelas, Nova Iorque ou Genebra. É o socialismo gourmet: menos porrete, mais compliance. E, resistindo, estão as economias livres e soberanas, como a dos Estados Unidos, que ainda ousam acreditar que o Estado serve ao cidadão e não o contrário.
É claro que, para os devotos do BRICS e do globalismo, isso é um anacronismo imperdoável. Gente que ainda fala de liberdade individual como se fosse um direito natural é vista como herege.
A verdade é que o mundo se partiu em três: os BRICS (ditaduras assumidas ou aspirantes), os globalistas (ditaduras envergonhadas) e os poucos que ainda defendem a liberdade real. O Brasil permanece no BRICS não por mérito econômico, mas por submissão ideológica ao Foro de São Paulo, que vê nessa aliança a chance de enterrar de vez qualquer resquício de soberania popular – substituindo-a pelo poder do partido único, sustentado pela cocaína e protegido por narrativas “progressistas” vendidas a preço de ouro na ONU.
Quem ainda acredita que este bloco é sobre desenvolvimento e cooperação precisa acordar. Estamos diante de um projeto totalitário global, onde a moeda digital, o controle social e a censura são apenas o começo.
E, como sempre, tudo será feito “para seu bem”.
WALTER BIANCARDINE
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Walter Biancardine foi aluno de Olavo de Carvalho, é analista político, jornalista (Diário Cabofriense, Rede Lagos TV, Rádio Ondas Fm) e blogger; foi funcionário da OEA – Organização dos Estados Americanos.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.
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