Os ingleses estão a levantar por todo o país milhares de bandeiras da Cruz de São Jorge em postes de iluminação e outras infraestruturas públicas no âmbito do movimento popular “Raise the Colours”. E as autoridades, horrorizadas, estão removê-las com uma rapidez e eficiência que não manifestam nos seus deveres de manutenção dessas mesmas infraestruturas.

Porque não há nada pior que ingleses levantarem bandeiras do seu país, no seu país. São extremistas, terroristas, supremacistas brancos, de certeza.

A campanha, que começou no Facebook, desencadeou um movimento viral de bandeiras britânicas e inglesas a serem hasteadas em muitas cidades e vilas do reino caído em desgraça, incluindo Londres, Bradford, Newcastle, Norwich, Swindon e até Birmingham, uma cidade de maioria muçulmana.

 

 

A autarquia de Tower Hamlets, liderada por Lutfur Rahman, um imigrante do Bangladesh do Partido Aspire, pró-palestiniano, foi criticado por agir rapidamente para remover as bandeiras inglesas, apesar de anteriormente ter permitido que bandeiras palestinianas fossem hasteadas em infraestruturas públicas, após os ataques terroristas do Hamas contra Israel, a 7 de Outubro de 2023.

Rahman — antigo membro do Partido Trabalhista britânico — foi expulso da autarquia em 2015 por fraude eleitoral. Ainda assim, a comunidade do Bangladesh, que domina demograficamente o distrito, votou para que regressasse ao cargo após o fim da sua proibição de exercer cargos eleitos. Uma espécie de Isaltino do golfo de Bengala.

O autarca resistiu à remoção de inúmeras bandeiras palestinianas no ano passado, alegando a “coesão da comunidade”, e cedendo apenas sob a ameaça de uma acção legal por parte dos residentes judeus.

 

 

A operação “Raise the Colours”” começou como uma resposta à chegada de imigrantes ilegais, em grande parte sem controlo, a um hotel em Canary Wharf, Londres. Os imigrantes causaram logo tensão junto dos residentes locais, com um deles a entrar na casa de uma mulher, mas a ser protegido pela polícia dos residentes que se reuniram em resposta, com as autoridades a insistirem que não tinha cometido um crime e a acabarem por prender a vítima da intrusão. Há dezenas, se não centenas de hotéis que foram requisitados para fins semelhantes em todo o país.

Activistas noutras partes de Inglaterra têm pintado rotundas com a Cruz de São Jorge, depois das autarquias locais terem começado a retirar as bandeiras. No entanto, tal como em Londres, as bandeiras palestinianas foram removidas com muito menos entusiasmo, tendo a Câmara Municipal de Birmingham, por exemplo, alegado que a retirada das bandeiras estrangeiras exigiria segurança adicional.

A controvérsia em Birmingham agravou-se quando a biblioteca da cidade foi iluminada com as cores das bandeiras do Paquistão e da Índia para celebrar os seus aniversários de independência, pouco depois de as bandeiras inglesas terem sido retiradas.

O mundo ao contrário, na distopia do Reino Unido.