Os candidatos brancos de origem britânica ou da Europa de Leste estão em desvantagem quando se candidatam a lugares de agente numa das maiores forças policiais do Reino Unido, segundo uma reportagem do jornal The Telegraph.

A polícia de West Yorkshire autoriza os candidatos negros, asiáticos e de minorias étnicas (BAME) a apresentarem as suas candidaturas durante todo o ano, mas os brancos têm de esperar por acções de recrutamento específicas, o que suscita acusações de discriminação positiva.

A força policial alega que a medida se destina a aumentar os números da diversidade e a tornar a polícia mais representativa da sociedade multicultural da região.

Um informador interno disse ao jornal britânico que os candidatos negros e asiáticos são rotulados como candidatos da categoria “ouro” e são encorajados a candidatar-se em qualquer altura. Os candidatos brancos da Grã-Bretanha, Irlanda e Europa de Leste, por sua vez, são candidatos “bronze”.

Em vez de se centrarem nas qualificações dos candidatos, o recrutamento dá prioridade à cor da pele. Afinal, parece que há virtudes no racismo.

De acordo com documentos analisados pelo The Telegraph, o denunciante expressou preocupações sobre a direcção dos processos de recrutamento, afirmando:

“O processo restringe as oportunidades de progressão dos candidatos britânicos brancos, enquanto os indivíduos de outras origens são rapidamente promovidos nas fases de recrutamento.”

Na página de recrutamento do sítio Web da Polícia de West Yorkshire, lemos:

“Estamos actualmente a aceitar candidaturas para os dois programas de entrada de agentes da polícia (uniforme e detective) de pessoas dos nossos grupos sub-representados (…) Se não pertence a nenhum destes grupos, por favor continue a consultar esta página para futuras oportunidades de recrutamento.”

A força policial de West Yorkshire, a quarta maior da Grã-Bretanha, insistiu que

“permitir que as pessoas oriundas de minorias étnicas se candidatem mais cedo não lhes dá qualquer vantagem no processo de candidatura. Todas as candidaturas são retidas até que o recrutamento seja aberto a todos”.

O sistema actual permite alegadamente “atrair talentos a partir de um conjunto de candidatos que reflectem as diversas comunidades que servimos”.

West Yorkshire, um condado no norte da Inglaterra, tornou-se uma área cada vez mais diversificada da Grã-Bretanha, com uma grande população asiática, especialmente da Índia e do Paquistão.

De acordo com o Censo de 2021, 23,4% da população ali residente identificou-se como pertencente a grupos étnicos não brancos. A percentagem mais do que dobrou em relação aos 11,4% registados duas décadas antes, no Censo de 2001.

Cerca de 15,9% identificam-se como asiáticos e 3,1% como negros.

Em certas zonas, especialmente nas cidades, esta percentagem aumenta consideravelmente. Em Bradford, por exemplo, 61,1% dos residentes são brancos e 31,1% identificam-se como asiáticos, britânicos asiáticos ou galeses asiáticos – mais do triplo da média nacional.

Um porta-voz da Polícia de West Yorkshire afirmou a este propósito:

“O censo mais recente revelou que 23% das pessoas em West Yorkshire se identificam como sendo de uma minoria étnica. A actual representação de agentes da polícia oriundos de minorias étnicas é de cerca de 9%. Para resolver esta sub-representação, utilizamos a Acção Positiva ao abrigo da Lei da Igualdade de 2010. A Acção Positiva permite que as pessoas de grupos sub-representados que manifestem interesse em entrar para a força policial preencham uma candidatura, que é depois arquivada até ser aberta uma janela de recrutamento. Não são realizadas entrevistas até que a janela seja oficialmente aberta a todos os candidatos.”

O denunciante sugeriu, no entanto, que os candidatos pertencentes a minorias étnicas são regularmente “pré-selecionados, selecionados, avaliados e convidados para uma entrevista antes de os candidatos brancos poderem sequer candidatar-se”.