Maio –
Não fora o vinho branco
Estava a rapar briol
Ventania –
O haiku sofre quando o caderno
Não para quieto
Passa um rabo –
Os bikinis de hoje
Matam-me o libido
A Publicidade estraga a paisagem
Como as lombas pedonais
Estragam a estrada
Passa um helicóptero –
Que pressa pode ter
Um insecto?
Na praia só há pescadores
E surfistas –
Multidão
O oceano quer guerra
Mas os croquetes de alheira
São pacíficos
O IPMA prometeu
Um dia de sol –
Não percebem nada disto
Comi e bebi como um lorde –
Um dia quente seria até
Excessivo
Os cactos são mais
Friorentos do que
Eu
Aqui o tempo rende
Ou então é a minha cabeça
que faz horas extraordinárias
Devia ter trazido o sobretudo –
Peço o Famous Grouse
sem gelo
A minha pele precisa de sol
Como esta página precisa
De versos
E pensar que há pessoas
Que rejeitam a virtude
Do tabaco
Quando o isqueiro já não consegue
Vencer o vento
Peço a conta
_____________
A Arte do Haiku: Introdução.
Mais haikus no Contracultura
Relacionados
13 Mai 25
Vénus Negra
A luz vem da janela, vem do mar, vem lá de longe e vai lá para longe, vem do coração e vai para o coração. Um poema de Alburneo.
7 Mai 25
Poema da cadeira de baloiço.
Sobre os sonhos que podes ter, as viagens que podes fazer, e as aventuras que podes cumprir, sentado no balanço do Atlântico.
2 Abr 25
A constipação e suas implicações na metafísica.
O deus católico pode ir dar uma volta ao bilhar grande: estou constipado. E o universo é extremamente desinteressante quando temos o nariz tapado.
28 Mar 25
Umbral
Depois de atravessares todas as portas e de perceberes que por todas elas saíste quando julgavas ter entrado, onde vais agora? Um poema de Alburneo.
21 Mar 25
Árvores Dendrites
A Árvore dendrite tolera os pássaros como as crianças toleram os cães. Um poema de Alburneo.
11 Mar 25
Haikus da baía praia
A arte do haiku: Um dia perfeito, uma conversa com Neptuno, uma omelete civilizada e uma vila simpática, nativos à parte.