A administração Trump lançou um adiamento temporário de algumas tarifas para vários produtos electrónicos de uso diário, aliviando as pressões sobre as empresas de tecnologia e os consumidores, embora mantendo a pressão sobre a China. A Alfândega e Protecção de Fronteiras dos EUA (CBP) reviu as suas directrizes tarifárias na noite de sexta-feira, discriminando 20 categorias de produtos agora isentos de tarifas recíprocas.

Com efeitos retroactivos a 5 de Abril, as isenções abrangem computadores portáteis e smartphones, entre outros produtos electrónicos. No Truth Social, o Presidente Donald J. Trump explicou a medida:

“NINGUÉM está a ser ‘libertado’ das balanças comerciais injustas e das barreiras tarifárias não monetárias que outros países utilizaram contra nós, especialmente a China. (…) Estes produtos  estão sujeitos às tarifas existentes de 20% sobre o Fentanil… Estão apenas a ser transferidos para um ‘balde’ tarifário diferente. Estamos a analisar os semicondutores e toda a cadeia de fornecimento de produtos electrónicos nas próximas investigações sobre as tarifas de segurança nacional”.

 

 

As isenções contemplam o reembolso das tarifas cobradas após 5 de Abril. Responsáveis da administração Trump sublinharam a natureza temporária desta medida, salientando a possibilidade de novas tarifas específicas para os semicondutores dentro de meses.

Os computadores de secretária – incluindo componentes como unidades de disco – estão incluídos na lista de isenções, juntamente com os computadores portáteis e os smartphones, na rubrica “máquinas automáticas de processamento de dados e respectivas unidades”. Componentes de computador, processadores, módulos de ecrãs planos, routers e vários produtos semicondutores estão igualmente abrangidos, representando sectores com elevadas necessidades de importação e – por enquanto – com uma produção interna limitada.

Dan Ives, da Wedbush Securities, classificou a medida como “um cenário que muda o jogo no que diz respeito às tarifas da China”. A potência asiática tem sido um dos únicos países a tentar uma batalha recíproca com os Estados Unidos sobre as novas tarifas do presidente Trump. Na semana passada,o regime comunista acusou os EUA de “bullying e coerção” e retribuiram com tarifas de 125% sobre os produtos americanos. No entanto, tais medidas são de utilidade limitada, uma vez que a China é uma economia excedentária, que vende muito mais aos EUA do que o inverso.

Seja como for, Trump dá sinais de ceder à intensa pressão das tecnológicas de Silicon Valley, bem como dos gestores de fundos de Wall Street, já que as tarifas sobre produtos chineses são na verdade e também tarifas sobre produtos de empresas americanas que os fabricam na China.

A hipótese de ruptura de stocks no mercado interno norte-americano, que faria subir a inflacção e, assim, impedir a baixa das taxas de juro que Trump tanto tem advogado, terão também sido factores ponderados nesta decisão.