A administração Trump está dividida entre pombas e falcões, conservadores e liberais, nacionalistas e globalistas e as falhas sísmicas são difíceis de esconder.

Esta semana, Peter Navarro, conselheiro sénior para o comércio e a indústria do Presidente, que defende as políticas tarifárias e é um indefectível do programa “America First” envolveu-se numa acesa polémica com Elon Musk, a propósito da filosofia industrial da Tesla.

E Musk pode até ter alguma razão, mas esta não é de todo a forma que deve abordar a questão, com insultos na praça pública.

 

 

Peter Navarro saiu da prisão em meados de Julho de 2024, depois de cumprir meses atrás das grades, porque defendeu Donald Trump e o movimento MAGA, recusando-se a colaborar com o ilegítimo e infame Comité do 6 de Janeiro. Não fez acordos. Não cedeu. Defendeu o privilégio executivo e pagou por isso com a sua liberdade.

Saiu do gulag o ano passado e subiu ao palco da Convenção Nacional Republicana, declarando:

“O comité de 6 de Janeiro exigiu que eu traísse Donald Trump para salvar a minha pele… Eu recusei”.

Enquanto isso, Elon Musk – que apoiou o governador da Flórida Ron DeSantis nas primárias do Partido Republicano e é muito próximo de figuras do Partido Comunista Chinês e de investidores ligados ao regime da potência asiática, de forma a manter o seu império de negócios a fluir convenientemente – insulta Navarro publicamente pela estratégia tarifária agressiva da administração Trump.

Navarro foi para a prisão por estar ao lado de Trump. Musk está agora a criticar as tarifas de Trump, para proteger as suas próprias cadeias de abastecimento em Xangai.

O bilionário da tecnologia não fica bem nesta fotografia.

 

 

Podemos não concordar com ela, mas a estratégia tarifária de Trump faz parte do programa “America First” e foi ratificada eleitoralmente.

Musk – cujo negócio depende das baterias chinesas, das terras raras chinesas e dos subsídios do Partido Comunista Chinês – devia ser mais ponderado nas suas afirmações públicas sobre este assunto, na medida em que o colocam em oposição a Trump, não só em relação às tarifas, mas também ao orçamento da Defesa dos Estados Unidos. Ainda não foi divulgado abertamente, mas Musk também se encontra actualmente num confronto surdo com o Departamento de Defesa da actual administração.

O combate do populismo americano não se trava apenas contra os democratas e o estado profundo. É também uma ofensiva contra as oligarquias globalistas de que Musk faz parte, e os rumores de que sairá em breve do DOGE para se dedicar exclusivamente à gestão das suas empresas não são por certo alheios às tensões que essa luta por certo espoleta no interior da administração americana.