O Presidente Donald J. Trump deu à China 24 horas para pôr termo às suas medidas de retaliação comercial contra os Estados Unidos. Caso contrário, imporá uma tarifa adicional de 50% para além das que foram decretadas a 2 de Abril. Na sequência da imposição de Trump, na semana passada, de tarifas recíprocas contra os países que abusam da sua posição comercial contra os Estados Unidos, a China anunciou que iria aumentar as taxas aduaneiras sobre produtos norte-americanos, circunstância que está a alimentar a volatilidade do mercado global.

Trump declarou segunda-feira a este propósito:

“Ontem, a China emitiu tarifas retaliatórias de 34%, para além das suas já recordistas tarifas, tarifas não-monetárias, subsídios ilegais a empresas e manipulação massiva da moeda a longo prazo, apesar do meu aviso de que qualquer país que retalie contra os EUA emitindo tarifas adicionais, para além do seu abuso tarifário de longo prazo já existente, será imediatamente confrontado com novas e substancialmente mais elevadas tarifas, para além das inicialmente estabelecidas. Portanto, se a China não retirar o seu aumento de 34% acima dos seus abusos comerciais de longo prazo até amanhã, 8 de Abril de 2025, os Estados Unidos irão impor tarifas ADICIONAIS à China de 50%, a partir de 9 de Abril.”

E acrescentou:

“Além disso, todas as conversações com a China relativas às reuniões que solicitaram connosco serão terminadas! As negociações com outros países, que também solicitaram reuniões, começarão a realizar-se imediatamente.”

 

 

Esta medida poderá marcar uma grave escalada no conflito comercial entre os Estados Unidos e a China. Durante anos, o governo comunista chinês utilizou várias ferramentas, como a manipulação da moeda, subsídios estatais e medidas regulamentares destinadas a obstruir as exportações americanas, para impedir que os exportadores dos EUA se mantivessem competitivos em relação às empresas chinesas. Pôr fim a este comportamento é um objectivo fundamental da Casa Branca de Trump.

 

No entretanto, os mercados financeiros estão em queda livre.

 

 

A coisa está negra para os mercados financeiros. O que seria uma boa notícia, não fosse o facto de sabermos que em última análise quem vai pagar isto somos nós e não os senhores do universo, que estão sempre a negociar perto do abismo, sempre a ganhar fortunas com bolhas, sempre a cometer os mesmo erros de cálculo, sem por isso conhecerem castigo, e que manipulam os mercados para deixar cair as recessões nos momentos que mais lhes são convenientes. E parece agora inevitável que vamos ter uma.

O Contra nunca achou que o tratamento de choque da administração Trump fosse ajuizado, considerando a fragilidade da economia global (e da americana também), mas não o podemos responsabilizar exclusivamente pelo que está a acontecer, de todo. Até porque, compreensivelmente, a Casa Branca quer reduzir as taxas de juro, para manter sustentável o pagamento da dívida americana, e terá que criar muita destruição nos mercados para que a Reserva Federal lhe faça a vontade.

Mais a mais, a Casa Branca tem um claro mandato eleitoral para fazer o que está a fazer, já que uma guerra comercial que equilibre a balança de transações americana e traga de volta as indústrias para os EUA foi na verdade prometida na campanha eleitoral e é um item central do movimento ‘America First’.

É até estranho que as elites globais pareçam surpreendidas com as decisões tarifárias de Trump, já que eram conhecidas e previsíveis já há muito tempo.

Uma coisa é certa: se a economia global fosse sólida, e não uma intrincada rede de esquemas fraudulentos e especulação gananciosa, não eram as tarifas comerciais, que tudo indica vão ser efémeras e que foram implementadas há poucos dias, que iam causar uma razia destas.