Tomo como gancho a matéria publicada por este ContraCultura, cuja manchete é a seguinte: “Eleições na Alemanha: AfD duplica votos. Mas CDU fará coligação com a esquerda, para manter tudo na mesma.”
Baseada na mesma, exponho meu ponto de vista onde atribuo tal resultado à omissão e medo dos próprios eleitores alemães, comportamento preocupante e que é possível sentir nas mais diversas nações da Europa.
Penso que as eleições na Alemanha trouxeram um recado claro das urnas: os eleitores estão fartos do status quo. A Alternativa para a Alemanha (AfD) dobrou seus votos, consolidando-se como uma força incontestável no cenário político. No entanto, em vez de respeitar a vontade popular, o establishment político reage com previsível desespero. A União Democrata-Cristã (CDU), tradicionalmente de centro-direita, já articula uma aliança com partidos de esquerda para impedir qualquer mudança real na governança do país.
O motivo por trás dessa manobra é óbvio: tanto a CDU quanto a esquerda sabem que, isoladamente, não possuem apoio suficiente para governar. Enquanto a AfD cresce impulsionada pelo sentimento de insatisfação com políticas migratórias descontroladas, altos impostos e a submissão da Alemanha a interesses globalistas, os partidos tradicionais preferem ignorar os sinais do povo e insistem em manter o país no mesmo rumo fracassado.
O grande obstáculo para a AfD não é sua falta de apoio popular, mas a causa do mesmo: o preconceito alimentado por uma grande mídia comprometida com a narrativa globalista. Eleitores são sistematicamente bombardeados com campanhas de medo, que associam a AfD a rótulos difamatórios – a eterna “extrema-direita” – impedindo que um debate legítimo ocorra. A demonização do partido funciona como uma ferramenta para dissuadir aqueles que questionam o sistema e desejam uma alternativa real à política decadente da Alemanha.
O resultado dessas eleições confirma um fenômeno que se repete em diversas democracias ocidentais: quando a direita nacionalista avança, o establishment político se une para sabotar a vontade do povo. A CDU, em vez de ouvir seus eleitores conservadores, prefere trair sua própria base para se manter no poder. Isso mostra que, na prática, a velha divisão entre direita e esquerda é irrelevante quando o verdadeiro confronto é – notem bem – entre a elite política e os cidadãos comuns.
Se a CDU ainda possuísse resquícios de identidade conservadora, respeitaria o desejo popular e buscaria uma coalizão com a AfD, ao invés de capitular às exigências da esquerda. Mas, refém do medo de represálias midiáticas e da pressão internacional, tal qual a quase totalidade da Europa, prefere render-se aos ditames da política globalista.
Os alemães começam a despertar para essa farsa. O crescimento da AfD não é um fenômeno isolado, mas parte de um movimento maior que se espalha por toda a Europa e desafia o monopólio do poder exercido pelos partidos tradicionais. A questão não é se essa mudança acontecerá, mas quando se tornará inevitável. Até lá, o establishment continuará a manipular o jogo político para manter tudo como está, mas cada nova eleição prova que seu controle está com os dias contados.
Que a Europa acorde e livre-se de sua cega crença na grande mídia.
WALTER BIANCARDINE
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Walter Biancardine foi aluno de Olavo de Carvalho, é analista político, jornalista (Diário Cabofriense, Rede Lagos TV, Rádio Ondas Fm) e blogger; foi funcionário da OEA – Organização dos Estados Americanos.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.
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