Confirmando uma já sólida teoria da conspiração, Sawsan Chebli escreveu num post em que pretendia combater as políticas defendidas pelo AfD que “a demografia criará factos” que favorecerão os imigrantes no futuro.

 

Chebli, do socialista SPD, está a causar polémica com o seu post no Instagram, onde afirma que as alterações demográficas na Alemanha também têm implicações políticas a favor dos imigrantes e em desfavor da direita, o que indexa claramente às afirmações centrais da teoria da substituição demográfica.

No seu post, que se dirigia aos imigrantes que estão a considerar voltar aos seus países de origem devido ao que a subscritora do texto afirma serem as tendências xenófobas da Alemanha, lemos que a evolução demográfica no país ajudará a transferir o poder para esses migrantes.

A antiga secretária de Estado de Berlim, de 46 anos, nascida de pais palestinianos, escreveu:

“É incompreensível que tenhamos chegado tão longe. Este país também é vosso. A demografia vai criar factos. Envolvam-se, levantem a voz – mesmo que eles não queiram que o façam”.

Chebli aponta a polémica campanha de panfletos da AfD em Karlsruhe, que imprimiu falsos “bilhetes de deportação” e os enviou aos residentes imigrantes pelo correio. No entanto, a eurodeputada critica também as propostas dos democratas-cristãos (CDU) e dos socialistas-cristãos (CSU) sobre a possibilidade de retirar a cidadania alemã aos imigrantes recém-naturalizados, caso cometam duas infracções penais, afirmando a este propósito:

“O que estamos a viver na Alemanha está a assustar muitas pessoas. O AfD está a ficar cada vez mais forte, as vozes da direita e da extrema-direita estão a ficar cada vez mais altas. Quase ninguém está a fazer-lhes frente. Muitos de nós sentimo-nos inseguros. O debate sobre a cidadania faz lembrar os tempos mais negros: quem pertence? Quem é que não é? É feita uma distinção entre o sangue alemão e o sangue não alemão”.

Portanto: quem não quer imigrantes a cometerem crimes no seu país é nazi.

Um coro de vozes indignadas com as palavras de Chebli levantaram-se entretanto. No X, o vice-presidente do Sindicato da Polícia Federal (DPolG ), Manuel Ostermann, perguntou a Chebli o que queria dizer com as suas declarações.

“O que é que quer exprimir exactamente? Quer dizer aos judeus que o tempo da vida judaica na Alemanha está a chegar ao fim? Quer dizer ao grupo religioso de extremistas, ideólogos radicais e terroristas das vossas fileiras que a Alemanha vai ser infiltrada em breve? Está a tentar dizer-nos que não tem grande apreço pela nossa Constituição? Está a ameaçar as pessoas que vivem na Alemanha? Como é que se sente em relação a um país que lhe deu tanto? (…) Sra. Chebli, o que é que quer exprimir aqui exactamente? Se este post não é falso, esclareça-o”.

 

 

Julian Röpcke, repórter do Bild, também postou um protesto:

“@SawsanChebli critica a ideologia racial da AfD, para depois defender ela própria a ideologia racial. Chocante”.

 

 

A afirmação da apparatchik do SPD sobre a demografia é um dos factos centrais apresentados a favor da tese da substituição demográfica ou ‘Grande substituição’. Apresentado pela primeira vez por Renaud Camus, a teoria argumenta que os povos europeus estão a ser substituídos em todo o Ocidente por povos não europeus, com devastadoras consequências culturais, sociais e económicas e alterando antigos equilíbrios ideológicos. O autor argumenta ainda que o fenómeno não se aplica apenas à dinâmica populacional europeia, mas a quase todos os aspectos da vida moderna.

Em declarações ao im1776, Camus disse:

“A Grande Substituição não é de todo uma teoria, mas apenas um triste facto, um ‘cronónimo’, ou seja, o nome de uma época após o seu fenómeno mais importante, o substitucionismo, ou mais exactamente o substitucionismo global. (…) Baseia-se na constatação de que a substituição, a substituição de tudo por outra coisa, é o gesto central das sociedades modernas, pelo menos desde o taylorismo e o fordismo, e provavelmente desde a Primeira Revolução Industrial. Pense-se na forma como os escritores são substituídos por intelectuais, os intelectuais por jornalistas, os jornalistas por apresentadores de programas de televisão, o mármore por pedra britada, a pedra por betão ou gesso, a madeira por gesso ou plástico – o material de assinatura do substitucionismo global que estraga até as profundezas dos oceanos; Veneza por Veneza em Las Vegas, Las Vegas por uma falsificação nos desertos de Espanha, Paris por uma versão mais barata junto a Pequim (que é muito mais segura de visitar hoje em dia) e assim por diante.”

À direita, argumenta-se que este fenómeno terá resultados nefastos para as populações nativas da Europa, tanto a nível político como social. No entanto, à esquerda, são frequentes os debates sobre a evolução demográfica e a rápida diminuição da população branca europeia, retratando o fenómeno de forma positiva, e apelando ao reforço dos partidos pró-imigração através da imigração em massa.

Nomeadamente, espera-se que os recém-chegados à Alemanha, muitos dos quais estão a ser rapidamente naturalizados, votem em grande número nos partidos de esquerda. Têm um forte incentivo para o fazer, na esperança de que muitos dos seus compatriotas também consigam aceder ao território alemão através de propostas de imigração mais flexíveis.

Um outro político alemão de esquerda, o deputado Gregor Gysi, afirmou que a Alemanha precisa de mais imigrantes porque os alemães “nazis” não são muito bons a fazer bebés:

“Todos os anos, morrem mais alemães do que nascem. Felizmente, isso acontece porque os nazis não são muito prolíficos.”

 

 

Esta gente é doente da alma.