O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán afirmou que a era Trump vai desencadear mais vitórias conservadoras na Europa, que na sua opinião está a oscilar para a direita.

 

O histórico segundo mandato presidencial de Donald J. Trump está a provocar ondas sísmicas em todo o mundo. Em muitos países, as forças políticas anti-globalistas, que defendem uma abordagem de “senso comum” à governação, podem beneficiar desta paisagem política em mutação.

Na Europa, espera-se que seja esse o caso, uma vez que no último ano o pêndulo já se deslocou significativamente para o lado populista do espectro político.

De acordo com o campeão conservador Viktor Orbán, a era Trump nos EUA vai “despoletar uma nova vaga de direita na Europa”.

Orbán lançou na semana passada o que chamou de “uma ofensiva para ocupar Bruxelas”.

O líder nacionalista, um apoiante de longa data de Trump, prevê uma ‘era de ouro’ para as relações entre os EUA e a Hungria, apesar de um aviso do banco central de que as tarifas propostas pelo novo presidente sobre a UE prejudicarão a economia do país.

 

 

Antes da tomada de posse de Trump, Orbán afirmou, intensificando a sua retórica anti-Bruxelas:

“Apenas algumas horas e até o sol brilhará de forma diferente em Bruxelas. Um novo presidente nos EUA, uma grande facção de Patriotas em Bruxelas, grande entusiasmo. Portanto, a grande ofensiva pode começar. Lanço aqui e agora a segunda fase da ofensiva que visa ocupar Bruxelas’.”

Embora o “apelo às armas” político de Orbán possa ser visto como uma mera celebração das vitórias de 2024 e uma tentativa de manter a mesma dinâmica, o seu grupo de deputados “Patriotas pela Europa” no Parlamento Europeu já não é de desprezar.

Por exemplo, o Partido da Liberdade da Áustria, que faz parte desse grupo, está prestes negociar uma coligação para subir ao poder executivo do país. Mas a tendência populista regista-se por toda a Europa:

– O partido Rassemblement National (RN) de Marine Le Pen, em França, estará em posição de chegar ao poder, se não nos próximos meses, nos próximos anos.

– O partido húngaro Fidesz, de Orbán, está no poder desde 2010.

– A Lega (Liga) de Mateo Salvini é membro da coligação governamental italiana, se bem que o lado forte dessa coligação, liderado por Giorgia Meloni, tenha estado a trair o madato eleitoral desde que subiu ao poder.

– Geert Wilders nos Países Baixos, lidera a coligação governamental, embora tenha abdicado de chefiar o governo.

– O partido Chega, em Portugal, e o Vox, em Espanha, têm apresentado resultados eleitorais significativos e são uma força política considerável entre o eleitorado e nos respectivos parlamentos.

– O AfD está projectado para atingir 20% da quota eleitoral no escrutínio que será realizado em Fevereiro na Alemanha.

– Na Roménia, um político populista foi impedido de vencer as eleições presidenciais pelo Tribunal Constitucional do país.

– No Reino Unido, sondagens recentes projectam Nigel Farage e o seu Reform UK a um ponto percentual dos trabalhistas, menos de um ano depois das eleições que colocaram Keir Starmer no poder.

– Há partidos populistas em crescimento na Bélgica, República Checa, Dinamarca, Grécia, Letónia e Polónia.

Por outro lado, o partido Fidesz de Orbán e outros partidos conservadores/populistas fundaram o grupo ‘Patriotas’ no Parlamento Europeu no ano passado. O grupo, liderado pelo RN francês, tornou-se o terceiro maior no parlamento, com 86 membros. Mas há na assembleia mais grupos parlamentares com semelhantes fundamentos ideológicos.

Incapaz de garantir a prosperidade dos seus cidadãos e atacando consistentemente os seus direitos mais fundamentais, o establishment liberal europeu tenta aterrorizar Orbán, afirmando que as tarifas de Trump vão destruir a indústria automóvel magiar e a economia em geral. Mas o primeiro ministro húngaro não parece inclinado a dar ouvidos a estas advertências, afirmando:

“’Nós, na Hungria, somos a oposição ao sistema de Bruxelas que está ocupado por uma oligarquia liberal de esquerda. Nas eleições europeias, estivemos perto de uma oportunidade real de criar uma nova maioria de direita que possa substituir a elite de Bruxelas (…) As ordens executivas assinadas pelo Presidente Donald Trump vão transformar não só os EUA, mas o mundo inteiro.”

 

 

Que Deus o oiça.