No seu discurso de despedida à nação, Joe Biden avisou os americanos que o país enfrenta uma “oligarquia” emergente – apontando especificamente para a indústria tecnológica – que está a inundar as eleições com o chamado ‘dinheiro negro’. No entanto, os democratas receberam muito mais fundos do que Donald Trump durante as eleições de Novembro, com a maioria dos bilionários de Silicon Valley a apoiar o partido da esquerda.

Biden afirmou que os indivíduos ultra-ricos do sector tecnológico representam uma ameaça significativa para a democracia, em comentários nitidamente dirigidos a Elon Musk, que foi o único patrão do sector que não aceitou a censura corporativa e as narrativas regimentais.

Para além de Musk, convém notar que activistas democratas como Jeff Bezos e Mark Zuckerberg, como outros líderes empresariais do espectro corporativo, vão estar presentes na tomada de posse do Presidente eleito Donald J. Trump, juntamente com os nomeados para o seu gabinete, a 20 de Janeiro.

Os comentários de Biden batem todos os recordes da hipocrisia, possíveis e imaginários, uma vez que a sua campanha foi a principal beneficiária de doações de ‘dinheiro negro’, arrecadando um recorde de 145 milhões de dólares, e considerando que o regime Biden pressionou, com sucesso, as plataformas de rede social a censurar as opiniões dos americanos.

Em Agosto do ano passado, o CEO da Meta e fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, admitiu que as suas empresas trabalharam em conjunto com o regime Biden para censurar conteúdos sobre a COVID-19. Zuckerberg comprometeu-se agora a pôr fim às suas contribuições políticas partidárias para grupos eleitorais alinhados com os democratas, prometendo desenvolver políticas de moderação menos draconianas para o futuro.

Embora Biden tenha denunciado a ameaça da oligarquia, alguns dos seus mais proeminentes apoiantes políticos são indivíduos que muitos descreveriam como oligarcas. George Soros e Reid Hoffman têm apoiado fortemente as campanhas eleitorais de Biden. O Presidente até atribuiu a Soros a Medalha Presidencial da Liberdade no início deste mês.

Os dados das sondagens sugerem que os constantes cúmulos de hipocrisia de Joe Biden alimentaram a desaprovação generalizada do homem de 82 anos. Dados divulgados na quarta-feira mostram que a avaliação favorável do Presidente é de apenas 33% e a sua avaliação desfavorável é de quase 60%. Considerando o mandato desastroso da senil figura, surpreende ainda assim que um terço dos inquiridos o considerem favoravelmente.

O aviso de Biden seria até bem recebido, se não fosse tão risível, vindo de um homem que chegou à Sala Oval devido à oligarquia que controla o fluxo de informação, os media, os tribunais, a cultura e o sistema educativo nos Estados Unidos da América.

É verdade que a influência dos bilionários da tecnologia na política é nefasta, mas a sua proliferação é uma consequência directa dos sucessos repetidos da esquerda na condução da federação americana para o abismo.

O aviso de Biden foi louvado em ritual de humilhação pública por uma comunicação social corporativa em queda livre, com o outrora poderoso Washington Post reduzido a números de tráfego insignificantes, e cujo proprietário, Jeff Bezos, está agora a lamber vorazmente as solas das botas de Trump.

Entre Elon Musk, Mark Zuckerberg e o patrão da Amazon correm de facto vectores preocupantes, especialmente à luz das políticas de imigração e da legitimidade democrática que têm ou não para exercer poder político.

Mas o facto de ser Biden quem alerta para essas preocupações, retira impacto e credibilidade ao aviso, já que o seu regime instrumentalizou claramente as plataformas de Zuckerberg, bem como o vasto alcance do Google (e do YouTube), do antigo Twitter (agora X) e de “verificadores de factos” que trabalharam lado a lado com a Casa Branca nos últimos 4 anos.

No seu último discurso, Joe Biden traçou um radiográfico quadro sobre a falência do seu carácter e o crepúsculo sua lucidez. Nada podia ser mais apropriado.

 

Paulo Hasse Paixão
Publisher . ContraCultura