O Homem alpendre
ficou por minutos sozinho
em frente à laranjeira onde havia
duas ou três laranjas em sobressalto.

Soltou do bolso
a pedra redonda da praia.

Elevou-a no ar frio,
exterior ao muito íntimo mundo da algibeira,
e soltou-a, com um pequeno impulso,
ao nível dos olhos.

A pedra, redonda e muito mineral
dentro do sossego de pedra,
misturou-se por instantes infinitesimais
com as laranjas suas primas
e o Homem alpendre quase jurou
que as ouviu falarem-se.

Matarem no Aleph que sobrou
a saudade impossível.

De quem se não via há muito.

 

Alburneo
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