Aproximadamente 1.700 soldados de uma unidade ucraniana, treinada em França e equipada com equipamento militar ocidental, ausentaram-se sem licença antes de terem participado em qualquer batalha.
A 155ª Brigada Mecanizada, uma das poucas unidades da Ucrânia equipada com carros de combate Leopard 2, viu pelo menos 500 membros desaparecerem durante o treino em França. No momento em que a unidade foi destacada para a sua primeira batalha, cerca de 1.700 soldados tinham desaparecido.
O êxodo da brigada ocorreu antes do seu destacamento para Pokrovsk, um centro logístico crítico na defesa da Ucrânia contra as forças russas na região oriental de Donetsk. No caminhio, a brigada sofreu perdas significativas, incluindo tanques e veículos blindados.
Em resposta ao sucedido, o Gabinete de Investigação Estatal da Ucrânia lançou um inquérito sobre a caótica formação e implantação da 155ª Brigada.
Denominada “Anne de Kiev”, a brigada foi originalmente planeada para incluir mais de 5.800 soldados equipados com material militar avançado, como tanques Leopard e obuses franceses César de 155 mm. O projecto, avaliado em 900 mil milhões de euros, foi apresentado pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e pelo presidente francês Emmanuel Macron durante uma cerimónia comemorativa do 80º aniversário do Dia D, em Junho do ano passado.
Apesar de meses de formação no oeste da Ucrânia, na Polónia e em França, a unidade enfrentou desafios significativos. O correspondente de guerra ucraniano Yuriy Butusov criticou a liderança por dar prioridade a brigadas novas e não testadas em vez de reforçar unidades com experiência em batalha. “Este é um crime de liderança”, escreveu Butusov, destacando ineficiências e desperdícios.
O recrutamento começou em Junho do ano passado, mas cerca de 2.500 recrutas foram transferidos para outras unidades antes do início da formação. Dos 1.924 voluntários que permaneceram, apenas 51 tinham mais de um ano de experiência militar, enquanto mais de 1.400 ingressaram nas forças armadas apenas dois meses antes do treino no estrangeiro. Durante o treino em França, mais de 500 militares fugiram entre Outubro e Novembro.
Quando finalmente foi enviada para Pokrovsk, a brigada não dispunha de equipamento essencial para o campo de batalha, incluindo drones e bloqueadores de guerra electrónica. O fornecimento de drones só foi financiado 10 dias após a unidade ter sido enviada para combate. O influenciador ucraniano das redes sociais e angariador de fundos militar Serhii Sternenko afirmou que teve de fornecer pessoalmente mantimentos para a unidade.
Como resultado, a brigada sofreu pesadas perdas no início, incluindo danos nos seus tanques Leopard 2A4 e veículos blindados VAB devido a ataques de drones inimigos. O coronel Dmytro Ryumshin, comandante da brigada, foi demitido poucos dias após o destacamento da unidade na linha da frente.
As críticas à formação da unidade continuaram, com Bohdan Krotevych, chefe do Estado-Maior da Brigada Azov da Ucrânia, a apelidar a estratégia de criar novas unidades, negligenciando as existentes, de “idiotice”. Butusov descreveu a iniciativa como um “projecto de relações públicas” de Zelensky que carecia de uma implementação adequada.
No final, a 155ª Brigada foi dissolvida, tendo o restante pessoal sido transferido para brigadas mais experientes que defendiam Pokrovsk.
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