Qual foi a maior história de 2024?

A eleição presidencial nos EUA tem de reclamar o prémio. O seu resultado desempenhará um papel importante na determinação do futuro de quase todos os grandes dramas que se desenrolam no mundo, com destaque para a guerra na Ucrânia, que o Presidente eleito prometeu resolver.

E quanto à história mais subvalorizada do ano? Há uma quantidade incomensurável de casos em que a comunicação social convencional falha, muitas vezes deliberadamente, em transmitir a verdade aos seus consumidores. Nenhum se destaca mais do que a cobertura inexistente do declínio mental de Joe Biden.

Pela mesma razão pela qual não é necessário um diploma de zoologia para reconhecer a diferença entre uma girafa e um hipopótamo, não é preciso ser médico para reconhecer o decaimento do presidente norte-americano na decadência senil. Os seus problemas são óbvios para qualquer pessoa com olhos para ver, mas a imprensa americana fez vista grossa sobre o assunto.

Quando Biden olhou para a multidão e gritou por uma congressista morta, ou quando disse que ajudou a combater a Covid quando era vice-presidente, ou quando não conseguia subir as escadas do AirfForce One sem tropeçar três vezes, ou quando precisava de cábulas para conseguir sair dos palcos, ou quando não conseguia pronunciar uma frase sem se atrapalhar na gramática, ou quando tirava mais dias de férias do que seria expectável, considerando as suas responsabilidades, a imprensa corporativa teimou em assobiar para o lado. Até mesmo no rescaldo do desastroso debate presidencial, as máquinas de propaganda que passam por agências noticiosas limitaram-se a repetir o argumento de Barack Obama de que os eleitores deviam considerar o desempenho atordoado e confuso do Presidente como apenas uma má noite.

Ao esconder a verdade do público, os meios de comunicação social tornaram-se culpados do mais alto nível de negligência jornalística. É claro que o Partido Democrata iria sempre defender Biden, já que o seu corpo burocrático existe para mentir em nome dos seus líderes. Mas ninguém que pretenda assumir-se como uma fonte de notícias respeitável poderia executar as ordens do estabelecimento, mantendo ao mesmo tempo uma reivindicação de integridade. Não é seriamente possível. Mas os comissários fizeram, ainda assim, tudo o que lhes foi possível para servir os seus senhores de Washington.

Por que razão fazem isso? O que poderia encorajar um desrespeito tão descarado pela verdade?

Durante a campanha de 2020, Biden prometeu secretamente aos doadores que, sob a sua liderança, “nada mudará fundamentalmente”. Isto foi música para os ouvidos da comunicação social. Os sistemas que existem para prejudicar os americanos comuns permaneceriam em vigor, e aqueles que já detêm o poder continuariam a prosperar. É por isso que é adorado pelos auto-designados guardiões que o deveriam responsabilizar. Biden foi um protector do seu reinado. E nesse sentido, a mentira era um instrumento para que esse reinado permanecesse sobre o tempo.

A vítima, claro, é o público. Não pode haver democracia se as entidades que deveriam levar a verdade às massas trabalharem secretamente para a suprimir.

Mas como Deus é grande e sofre de insónias, a generalidade daqueles que não têm o cérebro completa e definitivamente lavado, já perceberam que a imprensa corporativa é uma fraudulenta e vergonhosa indústria de debitar desinformação e propaganda em favor dos poderes instituídos. E as audiências têm caído em conformidade com essa realização.

Antes do fecho desta década, a comunicação social convencional será completamente irrelevante, no Ocidente. E essa será, sem dúvida, uma das grandes vitórias da civilização sobre aqueles que a querem destruir.

 

Paulo Hasse Paixão
Publisher . ContraCultura