Apesar da administração Biden, num acto de loucura belicista, ter entregue à Ucrânia 30% do stock dos EUA em mísseis de longo alcance ATACMS, o regime de Kiev já os usou quase todos, sem que isso tenha tido qualquer efeito no curso da guerra.

 

18 dias separam-nos de 20 de Janeiro de 2025, o dia em que Donald J. Trump será empossado – e um marco inicial após o qual se espera, talvez ingenuamente, que os EUA alterem a sua estratégia geopolítica global, especialmente em relação à guerra na Ucrânia.

Por enquanto, as forças da Federação Russa continuam a avançar implacavelmente pelo território ucraniano, mesmo depois de Joe Biden ter munido a Ucrânia com 30% do stock completo de mísseis de longo alcance ATACMS, a “arma maravilhosa” que não conseguiu mover a agulha no conflito — e já restam a Kiev muito poucos desses mísseis.

Os mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA (ATACMS) e pelo Reino Unido (Storm Shadows) foram usados ​​em ataques dentro do território russo. As preocupações de que o facto levaria o conflito a um patamar insustentável felizmente não se materializaram.

A permissão “celebrada” para ataques em território russo veio há mais de um mês. Mas, após uma onda inicial de ataques, a Ucrânia teve que desacelerar o seu uso porque apesar de ter disparado uma quantidade enorme de mísseis, o resultado desses ataque foi praticamente irrelevante.

Até o New York Times relatou:

“Kiev está a ficar sem mísseis. Também pode estar a ficar sem tempo: o presidente eleito Donald J. Trump disse publicamente que permitir mísseis de longo alcance de fabricação americana dentro da Rússia foi um grande erro.”

Os mísseis tiveram um efeito muito limitado, muitos formam anulados pelas defesas russas, e não alteraram a trajectória da guerra, de acordo com altos funcionários da NATO, referidos no artigo do NYT:

“De certa forma, o que aconteceu com os ATACMS é a história do que aconteceu com outras armas ocidentais na guerra. A Ucrânia pressionou durante meses e até anos para obter armas ocidentais: lançadores de mísseis HIMARS, tanques Abrams e caças F-16. Mas quando o Ocidente concedeu acesso a essas armas, a Ucrânia havia perdido mais terreno. E nenhuma arma foi decisiva. As autoridades ocidentais também dizem que a Ucrânia confiou demais na ajuda do Ocidente e não fez o suficiente para reforçar seu próprio esforço de guerra, especialmente na mobilização de tropas.”

Joe Biden há muito que queria dar à Ucrânia ATACMS de longo alcance, mas o Pentágono opôs-se a tal concessão durante meses, por receios muito razoáveis ​​de que ataques no interior da Rússia com mísseis dos EUA intensificariam a guerra e poderiam levar a um conflito directo e global com a segunda maior potência nuclear no mundo.

Para convencer os generais do Pentágono a autorizar ataques profundos dentro da Rússia, Biden usou o mais que esfarrapado argumento dos terríveis “norte-coreanos fantasmas”, que ninguém nunca viu, mas sobre os quais a imprensa corporativa ocidental criou um festival de medo e aldrabice.

Nos EUA, não parece agora existir vontade de enviar mais mísseis para a Ucrânia – os limitados suprimentos americanos já estão a ser designados para o Médio Oriente e a Ásia. E o governo britânico também já insinuou que não Há mais Storm Shadow para entregar a Zelensky.

Entretanto, o presidente russo Vladimir Putin ameaçou direccionar os seus terríveis Oreshnik para Kiev se a Ucrânia continuar a dispar ATACMS para o interior da Rússia. A promessa ainda não se concretizou, muito porque o Kremlin parece neste momento apostado num reforço do esforço militar convencional no terreno, enquanto aguarda pela tomada de posse de Donald Trump.