Enquanto procurava o Universo em mim,
encontrei-te na nuvem que por mim clamava.
Aflita.
De me não ver na chuva.
– Porque buscas a verdade como um garimpeiro?
Já não vivias em mim.
Eras o espaço que separa as partículas de pó
onde voa a minha lida na Casa de Deus.
A nuvem que clama é bem uma recordação diminuta.
Enquanto o Universo perguntava por mim,
achei-te na chuva, no pó dos livros, na varanda sinistra.
Quis ser trovão, mas a alma conteve-se.
Quis ser o espaço que a forma ocupa,
mas outro Deus se ergueu.
Eu era as partículas do pó
e tu a vassoura impondo-me o Infinito.
Fiquei cego aos quarenta.
ALBURNEO
Relacionados
10 Dez 24
Árvore de Natal
É de pinheiro verdadeiro ou de plástico elástico feita artificial; é eterna, é moderna, a árvore de natal.
6 Dez 24
Estrela minha
Vem ver! A vida estende-se, qual manto de ouro, sobre a Alma eterna do mundo. Um poema de Alburneo.
3 Dez 24
Haikus da Revolução
A Arte do Haiku: A Lego tem vergonha da sua esquadra de polícia, Lenine arrepende-se de Estaline e Jeff Bezos toca a sua lira enquanto vilões destroem a memória dos heróis. Mas a revolução não estraga um bom dia de praia.
13 Nov 24
Haikus da Quarentena
A Arte do Haiku: O carnaval das máscaras cirúrgicas, a distância social das moscas, a segurança da campa, o silêncio dos cobardes e a realidade como produção de Hollywwod. Memória descritiva do confinamento.
7 Nov 24
De estadistas e outros insectos.
A Arte do Haiku: A comichão do Presidente, o voo do besouro, a popularidade dos santos, a beleza do parque de estacionamento, o preço de um lugar ao sol e outros versos com sílabas a mais.