Com 24 anos e toda uma vida pela frente, o Afonso viu-se de repente obrigado a uma dança com a morte. Por obra e graça da medicina contemporânea e da misericórdia de Deus, sobreviveu à experiência e decidiu partilhá-la – e celebrá-la – com um tema hip hop pungente e honesto, que parte à procura de significado para entender que a razão de ser está no amor daqueles que com ele sofreram e que com ele lutaram, numa batalha desigual, pela hipótese da continuidade.

Diz o Afonso sobre a sua criação:

“‘Não Morri’ é um testemunho de superação, cada verso cristaliza as emoções que senti num momento de dor e incerteza, transformadas em ondas sonoras carregadas de sinceridade. (…) Desde o início do episódio caótico que senti muito carinho e apoio de familiares a amigos. Foi muito comovente sentir tanta preocupação alheia por uma questão que só afetava o meu corpo, eu aprendi muito sobre amor e sobre as mais variadas formas de ele se exprimir; obrigado por isso!”

 

 

O processamento do drama e da angústia e, enfim, do triunfo, passou por abrir a comporta da alma e deixar correr a poesia. O jovem autor não esconde a ambição de redigir o poema dos poemas – Aquele que vence a injustiça de um fim imprevisto, quando há ainda tanto por cumprir.

“Queria escrever um texto muito grande no qual conseguisse representar com transparência as minhas (gigantescas) emoções. Estive até agora a criar algo muito muito intenso, uma música! Cada maluco com a sua forma de expressão e eu encontrei esta, ou ela é que me encontrou… Sei lá, no futuro descobrirei. Espero que estejam bem e que amanhã melhor ainda.”

Agora, o Afonso reencontrou-se com o futuro e tem todo o tempo do mundo para explorar os seus interstícios. Tem todo o tempo do mundo para se perder e se encontrar, para escrever versos, desenhar melodias, equacionar os beats por minuto que pulsam no seu coração de menino. Agora, que tudo voltou a ser possível, regressam as promessas e o mistério:

“Que é que eu vou fazer com a minha vida que afinal pode voar?”

“Não morri” é um manifesto independente e intimista, desalinhada confissão das fragilidades e das fortalezas de quem dançou com a morte e ainda cá está para contar a história.

 

 

Créditos:
Produção Musical: Afonso “Sekkas” Nunes.
Estúdio: ComVida.
Composição: Tom Davidson.
Letra e interpretação: Afonso “Sekkas” Nunes.
Mistura: Ricardo Costa.
Masterização: Gonçalo Veiga.
Produção audiovisual: Diogo Silvestre.
Captação, Cor e edição: Diogo Silvestre.
Assistência: Márcio Gonçalves.
Caligrafia: José Bonacho Nunes.
Fotografia Capa: André Costa