Quando só há uma árvore no caminho, mas é exactamente ali que saímos da estrada. Um lamento sobre aqueles dias em que nada parece correr bem…

 

 

HOMEM ACIDENTE

Só há uma árvore no caminho. Mas é sempre ali que saio da estrada.
Crash. É o desastre de repente.
Se as coisas estão a correr mal, o normal é correram pior daqui a nada.
Nem a lei de Murphy é assim contundente.
Sou o homem acidente,
sou o homem acidente.

As sete pragas do Nilo caíram sobre esta minha vida desgraçada
esta minha existência decadente:
as horas que morrem seguem e correm em entropia danada,
da desordem total para a disfunção permanente.
Sou o homem acidente,
sou o homem acidente.

E sempre que a borboleta do Japão levanta a sua vaidade alada
num esvoaçar alheado e inocente,
o caos que se cria acerta em cheio no dia desta agenda azarada
Sou eu que me afogo por nadar contra a corrente.
Sou o homem acidente,
sou o homem acidente.

E sempre que lá no alto do Olimpo há um deus senhor da madrugada
que se aborrece ou cai doente,
quem sai prejudicado é este vosso criado aqui estendido na estrada;
crash, sou o homem acidente,
sou o homem acidente.

Só há uma árvore no caminho. Mas é sempre ali que saio da estrada.
Crash, sou o homem acidente,
sou o homem acidente.

As sete pragas do Nilo caíram sobre esta minha vida desgraçada
esta minha existência decadente:
Sou o homem acidente,
sou o homem acidente.

 

 

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